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capítulo 7 O despertar Silencioso

O dia amanhecia sombrio sobre Vo’korr, o céu permanentemente coberto por nuvens tão pesadas que pareciam sufocar até a esperança.

Lilith me puxou discretamente para uma parte esquecida das ruínas do castelo — uma antiga sala de orações abandonada, onde o musgo cobria o chão rachado e as janelas quebradas permitiam a entrada de fiapos de névoa.

— Rápido, antes que eles notem — sussurrou ela, seus olhos inquietos, brilhando sob a luz tênue.

Com o coração batendo feito um tambor, balancei a cabeça e a segui.

Ponto de vista de Elora:

Meu estômago se contorcia de nervosismo. E se nos pegassem? E se Darian... Não. Não era sobre ele. Era sobre mim. Sobre sobreviver.

Sobre lutar.

Lilith desenhou um símbolo antigo no chão com um pedaço de carvão — uma espiral com linhas onduladas, familiar de uma forma que me deu arrepios.

— Você sente, não sente? — ela perguntou, ofegante.

— Sinto... alguma coisa — admiti.

Ela sorriu de um jeito estranho, quase triste.

— O sangue de Velora corre em você, Elora. Só precisa ser despertado.

Fechei os olhos quando ela me pediu e, lentamente, comecei a ouvir.

A respiração da terra.

O sussurro das pedras.

A fúria contida do vento.

Poder.

Cravado em cada fibra minha.

Ponto de vista de Darian:

Do alto da sacada escondida, meus olhos a seguiam.

Minha escrava... minha maldita tentação.

O que ela fazia com aquela traidora de olhos astutos?

Cada movimento de Elora era como uma faca atravessando minha pele.

Ela era minha. E se ousassem roubar isso de mim, eu destruiria todos.

**

Lilith sorriu de novo, animada.

— Você já está sentindo, não é? — Ela tomou minha mão com cuidado. — Em breve poderá controlar isso, Elora. E então, ninguém poderá te quebrar.

Eu queria acreditar nela.

Queria com tanta força que doía.

**

De repente, um barulho no corredor nos fez congelar.

Passos pesados.

Presença dominante.

Darian.

Quando ele surgiu, a atmosfera mudou de imediato, como se o próprio ar implodisse.

Lilith se encolheu, largando minha mão rapidamente.

Eu me virei, com o coração disparado, encarando o Rei Lycan.

Ponto de vista de Elora:

Meu coração ameaçava rasgar meu peito.

Seus olhos... tão negros e furiosos que pareciam queimar minha alma.

Eu queria desviar o olhar, me esconder.

Mas uma parte de mim — uma parte sombria e insana — queria desafiá-lo.

Queria ver até onde iria sua fúria.

— O que estão fazendo aqui? — Darian rosnou, cada palavra carregada de ameaça.

Lilith tentou falar, mas a voz falhou.

Então, eu assumi.

— Estávamos apenas limpando... meu rei. — A mentira saiu amarga na minha língua.

Darian deu um passo à frente.

— Limpando? — Ele inclinou a cabeça, examinando o símbolo de carvão no chão. — Parece mais... uma traição.

Sua voz era baixa, quase suave.

Muito mais perigosa assim.

Ponto de vista de Darian:

Queria esmagá-los.

Queria puxá-la para mim, sentir se ela tremia de medo ou de excitação.

Queria marcar aquela pele pálida até que ela lembrasse a quem pertencia.

A mim.

Sempre a mim.

Ele parou muito perto.

Perto o bastante para eu sentir o cheiro selvagem de sua pele — musgo, fumaça, sangue.

Por um momento, o mundo pareceu parar.

**

Lilith pigarreou, tentando quebrar a tensão.

— Nós... estávamos comentando... sobre Aldric... — murmurou.

Eu arregalei os olhos, mas já era tarde.

— Aldric? — Darian repetiu, sua voz ficando ainda mais letal.

Lilith, tola e nervosa, continuou.

— Estávamos dizendo... que ele parece... ter interesse em Elora.

Silêncio mortal.

Antes que eu pudesse negar, explicar, fugir, Darian se moveu.

Sua mão agarrou meu queixo, forçando-me a olhar para ele.

Ponto de vista de Elora:

Seu toque era rude, mas o calor que disparou através de mim foi indecente.

Eu deveria sentir medo.

Deveria querer me afastar.

Mas meus joelhos enfraqueceram.

E tudo o que consegui fazer foi ofegar, tentando conter o tremor do meu corpo.

**

— Você pertence a alguém, Elora? — Darian perguntou, voz baixa e assassina.

Eu o encarei, o medo e algo muito mais perigoso fervendo em meu sangue.

— Pertencerei... a quem merecer — respondi antes que pudesse me controlar.

Por um segundo, seus olhos brilharam, pura luxúria misturada à raiva.

Então ele me soltou, como se eu o tivesse queimado.

Sem outra palavra, Darian se virou, sua capa ondulando como fumaça, e desapareceu no corredor.

Mas não antes de lançar um último olhar — quente como uma promessa.

**

Ponto de vista de Darian:

Ela seria minha.

Não como escrava.

Não como serva.

Minha em cada gemido, em cada lágrima, em cada suspiro.

Eu a quebraria... ou me quebraria por ela.

**

Fiquei ali, com o coração descompassado, sentindo o eco de sua presença como uma corrente invisível ao redor da minha garganta.

Lilith me olhou, pálida.

— Você é louca... — murmurou. — Ou vai ser a ruína dele...

Talvez eu fosse as duas coisas.

Talvez... eu já fosse a ruína de nós dois.

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