Helena sempre fez tudo certo. Era a filha obediente, a noiva dedicada, a mulher que aceitava ser deixada de lado em nome da "filha adotiva perfeita". Mas tudo desmorona no dia em que ela flagra seu noivo — o homem com quem sonhava se casar — nos braços da irmã que ela sempre protegeu. Traída por quem mais amava e humilhada pela própria família, Helena decide que não vai chorar. Vai reagir. E sua vingança começa com uma proposta ousada: se casar com o homem mais poderoso que conhece... seu chefe. Ele é frio, milionário e tem seus próprios segredos. Ela, uma mulher destruída em reconstrução. O que começa como um acordo por conveniência logo se transforma em algo muito mais perigoso: sentimentos reais, planos inesperados e uma guerra silenciosa contra o passado. Porque agora, Helena não quer apenas justiça. Ela quer fazer todos pagarem. Um por um.
Ler maisA repercussão do discurso de Helena tomou uma proporção que ela nunca imaginou. No dia seguinte, seu nome figurava nos principais portais de notícias do setor empresarial. Trechos da fala viralizaram no TikTok e no Instagram com a legenda: “A mulher que se reergueu após ser traída por quem mais amava.”Influenciadores falavam sobre sua coragem. Páginas feministas a exaltavam como símbolo de superação. E até executivas veteranas compartilhavam seu vídeo com palavras de respeito.Na mansão dos Ferraz, no entanto, o clima era outro.— Ela está se achando agora só porque fez um discursozinho — rosnou Isadora, jogando o celular sobre a mesa de café da manhã.— Que discursozinho? Ela humilhou vocês dois publicamente. E agora todo mundo está do lado dela — respondeu Gabriel, preocupado. — Você viu os comentários? Me chamaram de “lixo reciclável” e você de “cópia barata da irmã”.Isadora se levantou de súbito.— Ela vai se arrepender de ter feito isso! Acha que virou uma estrela porque casou
O salão principal do hotel era imenso, com lustres de cristal e uma plateia de executivos, investidores e grandes nomes do setor corporativo. Cada detalhe transpirava poder — e era exatamente ali que Helena iria subir ao palco.Ela ajeitou os cabelos diante do espelho no camarim improvisado. Usava um vestido midi azul-marinho elegante e sóbrio, com um corte que marcava sua silhueta e transbordava confiança. Ao lado, Júlia mandava mensagens de apoio no celular:“Você vai calar muita gente hoje. Inclusive dentro da sua própria família.”Helena sorriu, nervosa.— Eu só quero fazer o meu melhor — sussurrou para si mesma.A música de fundo foi suavizada. Uma voz no microfone anunciou seu nome. Era a hora.Subiu ao palco sob aplausos respeitosos, mas discretos. Afinal, para muitos ali, ela ainda era apenas "a esposa do CEO", uma desconhecida promovida rápido demais.Mas quando começou a falar… isso mudou.— “Durante muito tempo, eu fui invisível. Dentro da minha casa. No meu trabalho. Na mi
O bar de luxo no centro da cidade era discreto e reservado, o tipo de lugar onde empresários ricos se sentiam à vontade para baixar a guarda.Leonardo Vasconcellos ocupava uma das mesas do canto, vestido com a elegância de sempre. Camisa branca dobrada nos braços, relógio caro no pulso e uma expressão mais pensativa do que o habitual. Do outro lado da mesa, estava Arthur, seu amigo de longa data, sócio em um antigo projeto de investimentos.— Então quer dizer que você se casou… com a sua funcionária? — Arthur repetiu, em tom de brincadeira, mas com uma pitada real de espanto.Leonardo girou lentamente o copo de uísque entre os dedos.— Foi um acordo. Não é o que parece.— Claro que não. A maioria dos casamentos com funcionárias são só… acordos frios e distantes, com olhares intensos e aparições públicas estrategicamente perfeitas.Leonardo soltou um meio sorriso, mas não mordeu a isca. Estava pensativo demais para ironias.Arthur percebeu. Bebeu um gole e apoiou os cotovelos na mesa.
O som dos saltos de Helena ecoava firme pelo corredor principal da empresa. Ela estava impecável. Usava um blazer vinho fechado até a cintura e um salto preto que lhe conferia ainda mais imponência. Os colegas a cumprimentavam com um misto de respeito e admiração. Aquela era uma nova era — e todos sabiam.No dia anterior, havia recebido um e-mail direto da presidência da empresa: seu projeto de reorganização interna seria apresentado em uma conferência nacional do setor. E mais — ela, Helena, seria a representante da companhia no palco.Era mais que uma oportunidade. Era a validação de tudo o que ela reconstruiu.No fim da manhã, enquanto revisava a apresentação em sua sala, a porta se abriu sem ser batida.Gabriel.Helena levantou os olhos, sem se abalar. Ele vestia uma camisa social azul clara, mas o olhar arrogante e pretensioso permanecia o mesmo. Havia algo a mais agora — uma mistura de raiva, frustração… e ressentimento.— Você vai mesmo fazer aquela apresentação? — ele pergunto
O barulho insistente da campainha ecoou pelo apartamento.Helena estava prestes a sair para mais um dia de trabalho quando abriu a porta… e ali estava ela. Isadora. Com os cabelos impecavelmente arrumados, maquiagem sutil e uma expressão cuidadosamente montada entre arrependimento e vulnerabilidade.Helena não disse nada. Apenas cruzou os braços e a observou.— Posso entrar? — a irmã perguntou, a voz mais doce do que de costume.Helena deu um passo para o lado, apenas para não fazer escândalo no corredor. Isadora entrou como quem pisa em solo desconhecido.— Eu vi seu vídeo. — começou, sentando-se sem ser convidada. — Você está… diferente.Helena manteve-se de pé, encarando-a.— E você está fingindo mal. Vamos pular as formalidades?Isadora franziu a testa, mas forçou um sorriso.— Eu vim aqui porque acho que a gente pode resolver as coisas. Somos irmãs, Helena. Você não acha que já passou tempo demais?Helena arqueou a sobrancelha.— Tempo demais pra quê? Pra que você me traísse de n
Naquela manhã, Helena acordou antes do despertador.Abriu os olhos e por um instante ficou ali, deitada, observando o teto branco. A respiração era tranquila, o peito firme. Era estranho sentir paz… depois de tanto tempo afundada no caos.Mas havia algo novo nela. Um fogo silencioso. Um tipo de calma que só quem sobreviveu à guerra conhece.Ela se levantou, foi até o espelho do banheiro e se encarou.— Chegou a minha hora. — murmurou.No escritório da empresa, os corredores pareciam mais silenciosos do que o normal. Alguns olhares se desviavam quando ela passava. Outros a encaravam abertamente, carregados de curiosidade e até respeito. Desde o vídeo enigmático que postara dias antes, seu nome estava em várias rodas de conversa. Era como se, de repente, todos tivessem percebido que havia mais em Helena do que a moça silenciosa e invisível de antes.Mas ela não buscava aprovação. Só visibilidade. E agora, tinha as duas.— O que você quer fazer com o material contra Isadora? — perguntou
A noite caiu sobre a cidade, mas no apartamento de Helena a luz azulada dos notebooks iluminava rostos concentrados. Helena, Júlia e Leonardo estavam lado a lado, como uma pequena força-tarefa improvisada.Júlia digitava furiosamente.— Estou cruzando os horários das postagens do perfil fake com a movimentação online de Isadora. Até agora, tudo bate. Mas quero mais que coincidência… quero provas.Leonardo falava ao celular no canto da sala.— Quero as imagens da portaria e da rua entre ontem e hoje. E me mande qualquer carro que tenha parado em frente ao prédio sem identificação. Sim, mesmo os que não desceram.Helena observava os dois em silêncio, sentindo uma estranha mistura de gratidão e inquietação. Pela primeira vez em muito tempo, havia pessoas lutando ao lado dela. E isso era poderoso. Quase assustador.Horas depois, Leonardo voltou ao sofá, deixando o celular sobre a mesa.— A equipe de segurança vai trazer as imagens até amanhã cedo. E estou colocando um vigia particular na
A mensagem ficou piscando na tela do celular por longos segundos.Helena encarava aquelas palavras como se fossem veneno escorrendo pelas bordas da realidade que ela começava a reconstruir. O passado insistia em tentar derrubá-la… mas agora ela estava de pé. E armada.Bloqueou o número.Respirou fundo.Pegou o celular novamente e digitou para Júlia:“Recebi uma mensagem anônima. Alguém está tentando me ameaçar.”A resposta veio quase imediata:“Tem cheiro de Isadora. Ela deve estar surtando com seu nome nos sites e colunas de fofoca. Quer que eu investigue?”“Sim. E vê se descobre com quem ela anda se encontrando.”Helena sabia que Isadora não era só fútil e mimada. Era ardilosa. E se achava invencível.Mas o tempo da submissão tinha acabado.No final da tarde, ela se preparava para sair do escritório quando foi surpreendida por Leonardo na porta de sua sala.— Posso te levar pra casa? — ele perguntou, casual, mas havia algo mais nos olhos dele.— Está preocupado comigo?— Eu ficaria
A manhã chegou cedo demais.Helena abriu os olhos antes mesmo do despertador tocar. Não dormira direito. Revirou-se a noite inteira, revivendo o beijo em cada detalhe. O toque. O calor. A forma como o mundo parou por alguns segundos… e depois voltou a girar com força demais.Se olhou no espelho. Havia algo diferente ali. Um brilho no olhar que ela nem lembrava mais como era.Mas também havia medo.Vestiu-se com cautela, buscando parecer neutra. Maquiagem leve, cabelo preso. Como se pudesse controlar o que sentia apagando os rastros na aparência. Como se pudesse voltar a ser só “a funcionária”.Na sala do café da manhã, Leonardo já estava lá. Camisa azul clara, mangas dobradas, expressão fechada — como sempre. Mas os olhos… os olhos a procuraram assim que ela entrou. E amoleceram.— Bom dia. — ela disse, se sentando à frente dele.— Bom dia.Silêncio. Ele empurrou uma xícara na direção dela.— Café?Ela assentiu, aceitando.Era estranho. Íntimo e desconfortável ao mesmo tempo.Depois d