" — Você não pode ficar fazendo isso. — reclamo, esquivando-me das mãos grandes e quentes dele. — Você é o noivo da minha irmã. — Mas não é com ela que quero ficar. Não é ela que me faz suspirar cada vez que sorri ou rebola a bunda. — Deveria. É com ela que vai se casar. Marcos passa a mão pela barba e suspira baixinho. — Só até resolver aquele problema. Então eu irei provar a você, que vale a pena se apaixonar por mim de novo." Quando chega ao limite com as piadinhas sobre sua solteirice, Leticia decide contratar um acompanhante de luxo, para levar a uma festa da empresa. O galã faz sucesso entre os colegas de trabalho de Leticia e entre suas pernas. Mas aquilo não era o que ela queria para sua vida. Leticia não queria precisar pagar alguém, para ter um relacionamento. Então após aquela fatídica e única noite, ela bloqueia todo e qualquer contato com o acompanhante. Até que ela recebe uma mensagem que sua irmã mais nova irá se casar. Como se não bastasse a crise de meia idade com a qual precisava lidar, o noivo de sua irmãzinha é alguém que ela jamais imaginou ver novamente.
Ler mais— Domingo nós teremos nossa festa anual, para comemorarmos os lucros obtidos esse ano. Nossos funcionários antigos já sabem como funciona. Aos novos funcionários, convites serão enviados aos seus e-mails. Todos têm direito a um acompanhante.
— Anota aí que a Letícia vem sozinha. De novo!
Risadas e mais risadas explodem, depois da sem graça piada que algum engraçadinho fez.
— Engraçado que ninguém fala perto de mim, não é? — retruco, me virando na direção do grupinho que ria sem fim.
Reviro os olhos como de costume e volto a minha atenção para a gerente de equipe.
— Enfim... não se esqueçam. Domingo. Vocês têm dois dias para se preparar.
Você deve estar se perguntando, se preparar para o quê? Não é só uma festa de comemoração?
Sim e não.
Além de comemorarmos o sucesso que nosso trabalho teve no último ano, nós temos uma ligeira competição rolando. Já que Serafine, a gerente, está de saída pois terá um bebê, seu cargo está em aberto. E ninguém melhor do que antigos funcionários, dedicados e altruístas, para preencher essa vaga.
Bruna, que com seu um metro e meio de altura, consegue fazer com que qualquer cliente raivoso se mantenha no lugar, apenas na base da conversa.
Jefferson, todo bonitão e charmoso, com aquele sorriso alinhado, branco e falso, deixa toda e qualquer cliente derretida por ele, a ponto de fechar o negócio em minutos.
E eu, Letícia Mattos, cujo a única qualidade que possuo, é ser verdadeira com todos ao meu redor e chorar feito uma boba, vendo vídeos de gatinho. Há quem ache que sou fraca para o cargo, já que não uso nenhum atributo para fechar negócios.
Cinco anos de empresa e meu único reconhecimento, é ser solteirona. Afinal de contas, ter vinte e nove anos e nunca ter namorado na vida, aparentemente não é legal. Isso é culpa dos jovens da atualidade. Não pode falar um oi, que já estão apaixonados e jurando amor eterno. E esse amor eterno não dura um ano.
O final feliz que eu procuro, é igual ao dos meus pais. Se apaixonaram à primeira vista. Levaram um mês para se beijar. Não demorou para casarem e estão juntos até hoje. Trinta anos de casamento. Só de olhar, dá para notar o quão apaixonados são, apesar de todos os anos que se passaram. Meu pai esquenta água todas as noites e deixa os pés de mamãe de molho, para depois fazer uma massagem. Todas as noites. Pois ele sabe que ela sente muitas dores, por passar o dia todo em pé. E minha mãe, sabendo como meu pai odeia acordar de manhã, faz um ritual com beijinhos, carinhos e café na cama. Ele diz que essa é sua única motivação para levantar-se cedo.
É disso que preciso. De um amor puro, verdadeiro e que resista o tempo. Óbvio que brigas acontecem e acontecerão até o fim de ambos, mas com uma boa conversa e coração aberto para consertar onde errou, tudo funciona.
— Você precisa ignorar esse pessoal. — Andressa passa por mim, soprando em meu cabelo. — Eles fazem isso para te desestabilizar.
— Quem disse que eu ligo?
— Seu olhar flamejante. Parecia que iria queimá-los só com a encarada que deu.
Reviro os olhos mais uma vez e me preparo para sair junto com Andressa.
Ela era uma raridade naquele lugar. Mesmo fazendo parte do jurídico, uma área completamente diferente da minha, nos damos bem até demais. Sei de cada mulher por quem ela se apaixonou e teve o coração quebrado. E apesar de ter o dedo mais podre do que as bananas da venda da esquina, ela era uma eterna apaixonada.
— Amiga, nós podemos ir juntas. — ela diz, quando entramos no elevador. — Eu gosto da sua companhia.
— Para, Andressa. Você vai preferir passar uma noite toda de festa com a solteirona? Você tem um leque de opções para trazer. Deixa de ser boba.
— Essa não é a questão. Eu só não quero que eles continuem caçoando de você.
Olho para o meu celular e vejo que o uber que pedi, está há dois minutos de distância.
— Eles não vão me zoar, quando eu conseguir o cargo de gerente. — digo, com uma singela risada maléfica. — Falo sério quando digo para você escolher sua melhor companhia e levá-la a festa. Vou ficar bem.
Avisto um carro com as mesmas características do meu virando a esquina e abraço minha única e fiel escudeira.
— Chegar em casa me avisa. — ela diz e abre a porta do carro que havia acabado de parar. — Te amo.
— Te amo, delícia! Olá, boa noite.
— Boa noite, senhorita. Moema, não é?
— Isso.
Me acomodo no banco e saco o meu celular, aproveitando para repassar o que eu falaria para os diretores na festa. A festa seria no domingo e amanhã, sábado, eu precisarei sair para achar uma roupa descente.
Novamente aquela história de ser a solteirona, aflige a minha mente. Eu não aguentava mais aquelas piadas sem graças, das pessoas que trabalhavam comigo. Menos ainda da minha família. Minha irmã mais nova já namorou cinco vezes e só tem vinte e dois anos.
— Eu só posso ter chutado a cruz. — resmungo, deixando o motorista inquieto.
Rolo meu dedo pela lista de contatos, procurando alguém que eu poderia chamar para aquela festa comigo. Se eu falasse que seria open bar e comida grátis, um monte daquela lista iria sem pensar duas vezes. Mas eu os conhecia bem o suficiente, para saber que me fariam passar diversas vergonhas diante daqueles que tanto quero impressionar.
O carro faz um movimento brusco, que faz com que meu celular caia no chão.
— Desculpa, moça. — o motorista diz, já voltando a dirigir. — O imbecil da frente me cortou.
— Tudo bem.
Estico-me e começo a tatear o chão, em busca do meu aparelho. Assim que o acho, meu dedo toca em um papel. Puxo-o na esperança de ser algum dinheiro perdido, que me permitiria comer um japa naquela noite triste.
Era um panfleto de acompanhantes de luxo. As famosas garotas de programa.
Olho aquilo por alguns segundos, até reparar em uma simples fase abaixo do endereço do site.
Temos homens disponíveis para ser companhia em jantares ou outras ocasiões.
— VOCÊ FEZ O QUE? Quando chamei Andressa em minha mesa, para assinar alguns papeis, resolvi contar a ela sobre Mark. Já tinha mais de uma semana do ocorrido e eu não aguentava mais segurar aquela história apenas para mim. Eu só não esperava que minha pequena amiga advogada, fosse gritar no meio do escritório, chamando toda a atenção para nós. Sorrio sem graça para os olhares de reprovação que recebemos e puxo-a para mais perto de mim. — Não grita, maluca. — Você diz que contratou um garoto de programa para levar na festa e espera que minha reação seja qual? — Ah... — olho para a tela do computador, com a vergonha já tomando conta de mim. — Sei lá..., mas não precisa de tudo isso. O celular dela apita e ela o olha, antes de balançar a cabeça e direcionar seu olhar para mim. — Você vai me explicar tudinho no almoço. Andressa volta para a andar onde trabalhava, me deixando sozinha com as olhadas tortas e as minhocas em meu estomago. Para que ela foi mencionar o almoço? Agora eu
Mark não saia do meu lado um minuto sequer. Quando alguém passava perto de nós, ele pegava na minha mão, tocava meu rosto, falava um pouco mais perto do meu ouvido. Exatamente como seria se aquele cara fosse realmente meu namorado. Em determinado momento, minhas necessidades fisiológicas se fizeram presentes e eu precisei deixar Mark sozinho na festa. Não que eu tivesse medo de alguém o roubar ou algo do tipo, mas vai que o bonitão falasse mais do que aquela boca carnuda. Eu teria gastado três mil reais para nada e ainda ficaria com a fama pior do que já estava. — Lindo o homem que veio com você, Let. — reviro os olhos, ao ver Bruna sair da cabine atrás de mim. — Estava escondendo aquele tesouro de nós, amiga? Let? Amiga? Desde quando tínhamos intimidade para nós tratarmos por apelidos? Bruna me odiava e tentava me ferrar a cada negócio que eu fechava para a empresa. — Claro. — respondo, a contragosto. — Estão juntos desde quando? Por que ela quer tanto saber? Detesto essa forç
No caminho para a festa, eu estava uma pilha de nervos. O acompanhante não havia mandado mais nenhuma mensagem, depois do emoji piscando os olhos. E para não ser chata, também não enviei nada. Andressa por outro lado, não parou de me enviar mensagens, querendo saber do que eu estava falando na última que tinha lhe enviado. Apenas mandei outra, dizendo que ela saberia junto com as outras pessoas. — Chegamos, senhora. Sorrio para o motorista e agradeço a viagem. Ao descer do carro, logo vejo Andressa na entrada. Ela olhava para todos os lados e eu tenho certeza de que era procurando a resposta da minha mensagem. — Você já me torturou demais! — ela diz, puxando-me para o canto da porta. — Que mensagem foi aquela? Eu não tinha me decidido se iria contar a ela sobre minha extravagancia. Nós éramos muito amigas, então Andressa iria me consumir com a verdade nua e crua, de que eu estava fazendo papel de idiota. — Eu chamei alguém. — Quem? O Matheus? — Não. — reviro os olhos, por el
Devia ter uns vinte minutos que eu estava com a tela do computador aberta, no site dos acompanhantes de luxo. Vestindo apenas calcinha e camiseta, bebendo vinho branco com o japa que comprei, usando o dinheiro que seria para pagar a fatura do cartão no fim do mês, eu encarava aquela tela desacreditada da ideia de que havia me ocorrido. Eu estaria sendo patética o suficiente, levando um desconhecido a uma das festas mais importantes da agência que trabalho? Tenho certeza de que Andressa concordaria com isso. Com o fato de eu ser patética e não com a minha vontade de contratar um vibrador humano, para ser meu acompanhante. — Que se foda. — murmuro, engolindo um último e generoso gole de vinho. Tinha todo tipo de homem. Era literalmente um cardápio. Estava quase desistindo, pois nenhum dos que tinham aparecido, havia chamado a minha atenção. Até que aparece a foto de Mark. Mark tinha vinte e cinco anos, natural de Rio de Janeiro com descendência italiana. Fala a língua portuguesa, t
— Domingo nós teremos nossa festa anual, para comemorarmos os lucros obtidos esse ano. Nossos funcionários antigos já sabem como funciona. Aos novos funcionários, convites serão enviados aos seus e-mails. Todos têm direito a um acompanhante. — Anota aí que a Letícia vem sozinha. De novo! Risadas e mais risadas explodem, depois da sem graça piada que algum engraçadinho fez. — Engraçado que ninguém fala perto de mim, não é? — retruco, me virando na direção do grupinho que ria sem fim. Reviro os olhos como de costume e volto a minha atenção para a gerente de equipe. — Enfim... não se esqueçam. Domingo. Vocês têm dois dias para se preparar. Você deve estar se perguntando, se preparar para o quê? Não é só uma festa de comemoração? Sim e não. Além de comemorarmos o sucesso que nosso trabalho teve no último ano, nós temos uma ligeira competição rolando. Já que Serafine, a gerente, está de saída pois terá um bebê, seu cargo está em aberto. E ninguém melhor do que antigos funcionários,
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