José Eduardo é o típico playboy arrogante: rico, mulherengo e acostumado a ver o mundo girar ao seu redor. Filho adotivo de Nestor Dalagnol, ele sempre teve tudo o que quis — menos limites. Até que a chegada de Catarina, a sobrinha órfã de seu pai, muda completamente o jogo. Inocente, mas de temperamento forte, Catarina não se intimida diante das provocações dele. O que começa como uma guerra de egos se transforma em uma perigosa dança de desejo, onde orgulho e paixão se confundem a cada encontro. Entre segredos familiares, intrigas e traições, José Eduardo terá que encarar algo que jamais pensou enfrentar: a única mulher capaz de dominá-lo. Um romance intenso, explosivo e arrebatador, que vai fazer você rir, chorar e se perder nos jogos de poder e paixão.
Ler maisPOV NATHALIAO vestido pesava.Não só pelo tecido — camadas de cetim, tule e rendas que a costureira bordou à mão como se estivesse costurando uma coroa. Não só pelo véu longo, que parecia arrastar junto toda a expectativa de gerações. Mas pelo significado.Cada fio daquele vestido sussurrava: “Você é a noiva perfeita. Vai se casar com dinheiro. Vai ter status. Vai cumprir o destino que sua mãe escreveu para você.”Eu me olhava no espelho, cercada de criadas e cabeleireiras, mas a imagem refletida me parecia a de uma estranha. Os olhos castanhos estavam vermelhos de tanto chorar em segredo na noite anterior. A boca, pintada de batom claro, tremia. E o coração… ah, o coração não obedecia.— Prende mais o véu — minha mãe disse, sem sequer me encarar, como uma diretora de cena garantindo que o espetáculo não desandasse. — O colar precisa ficar centralizado. E o brinco direito está torto.A modista correu para ajustar tudo com dedos
POV CATARINANão era a primeira vez. Desde que voltei para casa depois do sequestro, meu corpo andava estranho.Tonturas repentinas, inchaço nos pés, dores de cabeça que surgiam sem motivo. O médico tinha dito que era “normal” em algumas gestações, que bastava repouso, hidratação, nada para me preocupar.Só que, no fundo, eu sabia que havia algo errado. Meu corpo sempre foi sensível, e aquela gravidez parecia estar me pedindo sinais de atenção que eu tentava ignorar.Naquela tarde, o alerta veio com força.Eu lia um livro de capa gasta, tentando distrair a mente, quando a dor apertou na nuca como uma faixa de ferro. Era diferente das outras vezes: mais forte, mais persistente. A visão se embaralhou. As letras da página dançaram, borradas, e o quarto girou devagar, como se eu estivesse num carrossel maldito.Levei a mão ao ventre, instintivamente. O bebê se mexeu. Isso me deu um fio de tranquilidade, mas ao mesmo tempo fez meu coração disparar. E se esse movimento fosse de incômodo? E
POV GUSTAVO Eu não tinha tocado em um centavo que a vó Dorinha deixou. Acho que se eh pudesse vela um dia no outro plano ia ficar muito bravo com aquela velha boba: tanto dinheiro que a gente podia ter usado pra prolongar os dias dela um pouco mais. Só que a vó não abriu o bico. Ou ela se esqueceu mesmo, tadinha. Eu estava sentando na porta de casa, onde passei os melhores anos da minha vida. Ali eu cresci com os bicho, perseguindo cobra venenosa, pulando em galhos como macaco. A mangueira continuava lá, todo ano dando fruta que eu nunca me cansava de saborear. Por vários anos eu acreditei que me casaria e construiria uma casinha do lado da Vó. Teria meus filhos com a mulher simples que eu escolheria pra ser minha. — Mas o ce foi se apaixonar por uma magricela interesseira. Ai num dá! Por um milésimo de segundo cogitei colocar o meu chapéu e ir até a casa da Nathalia, falar que eu tinha muito dinheiro agora. Que se quisesse, eu comprava tudo que ela desejasse. Mas não! Não era
POV GUSTAVODesde que o advogado bateu à minha porta trazendo aqueles papéis, minha vida deixou de ser a mesma.As cifras que vi no envelope não eram apenas números. Eram choques elétricos atravessando meu corpo, queimando memórias de suor e calos que tinham me moldado desde menino.Vó Dorinha.Aquela mulher que vivia com vestidos velhos, que amarrava o lenço na cabeça como se fosse coroa, que reclamava da conta de luz mesmo quando mal usava lâmpada. Ela — justo ela — era rica. Rica de verdade.E nunca contou.Passei noites em claro tentando entender. Será que ela sabia? Será que guardou tudo em silêncio de propósito? Ou será que preferiu viver com simplicidade pra que eu aprendesse a ser forte, a não me deixar amolecer pelo conforto?Talvez nunca vá saber.Agora, tudo era meu. O advogado garantiu: não havia contestação. Eu, Gustavo, o peão que lavrava a terra e carregava feno nos ombros, era dono de uma fortuna que poderia comprar a própria fazenda onde fui humilhado tantas vezes.Ma
POV CATARINAAcordei com o cheiro de café fresco. O quarto estava banhado por uma luz suave, filtrada pelas cortinas claras que balançavam com a brisa da manhã. Por um instante, acreditei que tudo não tinha passado de um pesadelo. Mas ao mover os braços, senti a dor nos pulsos. As marcas vermelhas, ainda inchadas, eram a lembrança cruel da fita que me prendeu por horas. O corpo latejava, e o ventre se contraía em ondas leves que me lembravam do risco que tinha corrido.A porta se abriu devagar.José.Ele entrou carregando uma bandeja, vestindo apenas uma calça jeans escura. O peito nu brilhava de suor, marcado pelos músculos rígidos e firmes — devia ter voltado de algum treino com Gaspar, ou talvez de uma reunião escura, daquelas que eu preferia não imaginar. Os ombros estavam mais largos, a postura mais imponente. Ele parecia ocupar todo o espaço.Mas o que mais me prendeu foi o olhar.Não era mais o mesmo homem que eu conheci,
POV NATHALIAEu estava no meio da sala, sentada diante da mesa abarrotada de catálogos e amostras de convites, quando a notícia caiu sobre mim como uma pedra no peito.Minha mãe falava sem parar, comparando os tons de dourado, medindo os papéis com o olhar crítico, discutindo qual fonte “comunicava mais prestígio”. Eu, perdida, fingia interesse, embora meu coração não estivesse em nenhuma daquelas letras elegantes.De repente, uma das empregadas entrou sem ser anunciada. Os olhos dela estavam arregalados, as mãos torcendo o avental.— Dona Nathalia… — a voz saiu trêmula. — A senhora soube? A vó Dorinha… ela morreu.A xícara que eu segurava escapou da minha mão e caiu no chão. O estilhaço se espalhou pelo tapete persa, e o café se infiltrou nas fibras caras, mas ninguém se importou.— O quê? — Minha voz saiu em choque, quase um grito. — Isso não pode ser verdade!— É sim, senhora. — a moça abaixou a cabeça, como quem teme
Último capítulo