Após a morte prematura de sua mãe, Catarina se vê sozinha no mundo — até que um tio distante, há anos afastado da família, surge disposto a acolhê-la. Ele é um influente empresário do ramo cafeeiro, dono de uma imponente fazenda onde o passado e o poder se entrelaçam. Ao chegar, Catarina é recebida com certa frieza e desconfiança, especialmente por José Eduardo, o filho adotivo de seu tio. Arrogante e misterioso, José Eduardo enxerga Catarina como uma intrusa. E ela, por sua vez, não está disposta a abaixar a cabeça para os caprichos do rapaz. Mas conforme os dias passam, entre atritos, olhares e silêncios carregados, os dois descobrem que o destino talvez tenha planos maiores — e mais intensos — do que eles poderiam imaginar. Entre segredos de família, ressentimentos e uma paixão impossível de conter, Catarina terá que decidir até onde está disposta a ir por amor.
Ler maisPOV NATÁLIAEu estava sentada de frente para o seu Nestor no imenso e antiquado escritório dele. Sempre que entrava ali, sentia uma euforia — imaginando que, quando aquele matusalém finalmente batesse as botas, eu transformaria tudo em um lindo closet chiquérrimo.— Natália, você percebeu o transtorno que causou?Eu precisava fingir arrependimento. Péssimo!— Sim, seu Nestor. Eu fui muito inconsequente.— Ainda bem que sabe. Eu gosto muito da sua família e prezo por você também. Afinal, a conheço há muito tempo.Assenti.— Obrigada.— Assim que tudo isso passar, você também irá pedir desculpas à Catarina.— Desculpas??? — me alterei. — Digo… mas tem necessidade? — ri sem graça, tentando conter meu descontrole.— Ora, todos iremos nos desculpar com ela. Sem exceções.Engoli meu orgulho e sorri da maneira mais falsa que consegui.— Claro, seu Nestor. Pedirei… desculpas. À Catarina. Pobrezinha, não merecia isso tudo, né?— Não mesmo. Enfim, é só por esta tarde. Pode ir.— Sim, obrigada.
POV CATARINAQuando os brincos caíram da bolsa da Natália, todas ficaram quase perplexas. Todo aquele circo… pra nada.— Natália, como pôde deixar tudo chegar a esse ponto? — disse meu tio, enfurecido.— E-eu não sei. Realmente não sei. Juro que não estavam na minha bolsa. Alguém deve ter pegado e colocado ali… Claro, pra me sacanear.Corine revirou os olhos.— Ai, garota. Para com isso. Você já tá bem grandinha pra inventar história. Eu avisei que mexer nas coisas da Catarina não era o ideal.Meu tio veio até mim com uma expressão de arrependimento, mas eu me desvencilhei do toque dele.— Catarina, não fiz por mal, minha sobrinha.— Mas duvidou de mim — disse, engolindo algumas lágrimas.José Eduardo também parecia constrangido.— Como a gente ia saber? — falou ele.Eu me sentei na cama.— Saiam. Saiam todos do meu quarto — pedi.— Catarina, ouça meu pai. Não fizemos por mal! — tentou intervir José Eduardo mais uma vez.— Acho melhor deixarmos a menina quieta — sugeriu Corine. — Aman
POV BRUNOAssim que terminamos, caí pro lado no banco do carro e fiquei ofegante. Leila permaneceu ali, parada, com as pernas ainda abertas, de onde provavelmente escorria algum fluido meu.Será que ela não tinha medo de engravidar?Se isso acontecesse, ninguém saberia quem é o pai.Que nojo!— Bom, eu preciso voltar pra fazenda — falei, abotoando minha camisa.— Mas já? Nem uma parte dois?Afastei o toque de Leila.— Não, não. Eu preciso mesmo ir.Leila se endireitou no banco e disse:— Ah, mas a gente podia fazer qualquer coisa outro dia. Um cinema, um programa mais a dois.Parei o gesto de calçar o sapato e fiquei encarando aquela vagabunda. Depois comecei a rir muito.— Que foi? — perguntou ela, sem graça.— Ah, Leila… tu tá de sacanagem, né?— Ainda não entendi, Bruno! — disse, ajeitando as alças de elástico do sutiã depois de vesti-lo.— Leila,
POV BRUNO A briga com José Eduardo me deixou completamente enfurecido. Eu não entendi: se ele odiava tanto Catarina, por que sempre parecia preocupado com ela? A não ser que…— Ah, não. — disse rindo do lado de fora da casa — O cretino tá apaixonado pela prima. Mas é claro! — Concluía. Isso fazia todo sentido. Explicava as ações contraditórias dele. Todo ódio no fundo tem um pouco de amor.Aliás, ali devia ter muito amor. — Então vamos competir, Parceiro… Quem será que leva a melhor? Quero dizer, Catarina. — Fala do sozinho?Eu levei um susto. Leila surgiu logo atrás de mim. A primeira coisa que reparei foi o decote sexy dela. — Pensando alto, Leila. — Hum. Entendi. O que você tá bebendo?Olhei pra minha taça e depois pra boca dela. Leila era uma vagabunda. Todo mundo sabia disso. Talvez eu pudesse me aliviar nela. — Sei lá. Deve ser algum espumante. Quer?
POV JOSÉ EDUARDOSaí da cozinha ainda atordoado com tudo o que tinha acontecido. Se antes eu estava tomado pela raiva, agora só me restava o arrependimento.Pelo que parecia, Catarina não queria me ver nem pintado de ouro. Tudo isso porque eu agi como um moleque com ciúmes. Não agi como um homem.Mas que culpa eu tinha, se a Catarina estava prestes a me deixar louco?— Que que houve entre você e o Bruno lá na cozinha? — perguntou Saulo, se aproximando.Fiquei sem jeito, pra não dizer com vergonha.— Sei lá… perdi a cabeça. Achei que ele tava assediando minha prima. Maior viagem.— Hum… Bem, nem tiro sua razão. A gente conhece a fama do Bruno, e às vezes ele perde a linha. Bêbado então… já viu, né?As palavras do Saulo me ajudaram a aliviar um pouco o peso que eu sentia.— Sabe onde todo mundo foi? A festa já acabou? — perguntei.— Ih, é mesmo. Parece que a Natália deu falta de uns brincos… tá t
⸻ POV JOSÉ EDUARDO Meu coração estava em frangalhos. Começava a entender que havia agido por impulso ao socar o Bruno. Mas o ciúmes continuava ali, latente. E, pra piorar, sem saber, Catarina havia me colocado contra a parede. Pra quem eu queria mentir? Não odiava Catarina. O único ódio que sentia era por não poder escondê-la do mundo, de tanto ciúmes que sentia. — Meu pai tem apreço por você. Ele não ia gostar de ver um cara como o Bruno se engraçando contigo. Mas se você quer pagar pra ver, o caminho tá livre. Pode ir. Falei isso com desespero. Encenei abrindo passagem pra ela, mas morrendo de medo que Catarina fosse mesmo. Isso me doeria demais. — José, pra mim já deu. Você tá cada dia pior. Vou pro meu quarto. Eu não queria que ela fosse. Queria que Catarina ficasse pra me ouvir. Mas o que eu diria? Diria que estava…
Último capítulo