O amanhecer trouxe uma claridade prateada, daquelas que parecem brotar do próprio horizonte. O vento soprava do mar, úmido e salgado, e o som das ondas misturava-se ao eco distante do rio, agora invisível, mas ainda presente na lembrança. Rafael acordou em sua pequena pousada à beira da praia, com a sensação de que algo dentro dele havia finalmente se aquietado.
Passara a noite ouvindo o murmúrio do oceano, o mesmo som que o embalara em sonhos. Sonhara com Isadora — não como lembrança, mas como presença viva. Ela caminhava pelas margens do rio, sorrindo, os cabelos soltos tocando o vento. Quando ele a chamava, ela apenas dizia: “Segue, Rafael. O rio nunca termina.”
Agora, de pé na varanda, ele olhava o mar. As águas se moviam com a força e a graça do tempo. Cada onda que quebrava parecia lhe contar uma história. Não de perda, mas de continuidade. O amor, pensou, era como aquilo — vinha, ia, voltava, transformava, mas nunca desaparecia.
Pegou o caderno — o companheiro silencioso de tan