Qual é a chance de encontrar liberdade nos braços de um estranho? O que era para ser apenas uma investigação levou Leonardo Pachis direto para o inferno. Capturado pela Yakuza, ele foi jogado à beira da morte. Agora, inconsciente no porão de uma mansão, ele só pode contar com a sorte… Ou com ela. Harumi já sobreviveu ao pior. Criada como propriedade, treinada para servir, silenciada para não sentir. Ela conhece bem o cheiro do medo. Mas não esperava encontrá-lo nos olhos de um estranho quase morto, escondido no lugar mais íntimo da casa onde é mantida prisioneira. Ela deveria ignorá-lo. Mas decide mantê-lo vivo. Não por bondade. Mas por uma chance. Sua liberdade, em troca da vida dele. Ela foi ensinada a obedecer. Ele nasceu para comandar. Mas ali, naquele porão esquecido, tudo o que foram deixa de importar. O que começa como uma troca silenciosa, vira uma aliança. Depois, um refúgio. E então, um desejo impossível de controlar. Ele vê a mulher por trás da máscara. Ela encontra no toque dele um pedaço da liberdade que sempre sonhou. Mas os inimigos não esquecem. E o amor, quando nasce entre dois sobreviventes, nunca vem sem dor.
Leer másEu deveria estar concentrada em como a roda gira e a argila começa a tomar forma. Mas não consigo. Ou aperto demais e tudo desaba... ou não aperto o suficiente, e ela perde o formato. Solto um suspiro frustrado, desligo a roda e me encosto na cadeira, deixando meu corpo afundar ali. Meus olhos se voltam para o teto procurando alguma resposta escondida no gesso branco. Do lado de fora, ouço o barulho das funcionárias andando de um lado para o outro. Gente lá fora vivendo… enquanto eu me encolho nesse espaço apertado, tentando — mais uma vez — calar o barulho da própria mente. Mas falho. Porque, mesmo aqui, mesmo agora...só consigo pensar nele. Será que fiz a coisa certa? Essa pergunta não para de atazanar minhas ideias. Tenho medo de ser um problema na vida dele, de trazer mais peso para alguém que já carrega o preocupações nos ombros. Eu sei que o pai dele não gosta de mim. Sei que só Mariana e Maíra me aceitaram, elas até me fazem sentir como se eu estivesse realmente viven
Meu corpo reage como uma arma carregada, vibrando com a ânsia proibida de fazê-la minha, mesmo sabendo que não deveria. É errado. Muito errado. Eu devia ser o escudo dela, não o predador em chamas de desejo. Não o homem disposto a arrastá-la de volta para o abismo, a fazê-la refém… fazê-la minha. A imagem dela nua em meus braços, gritando meu nome, me atravessa como um disparo. Enterrei a mão em seu cabelo, enlaçando-o com força e obrigando-a a inclinar a cabeça para trás. Harumi geme quando minha língua toma a dela, exigente, voraz, como se já fosse minha desde o primeiro segundo. O perfume dela — mirra com pimenta rosa — me invade como veneno doce. Me domina. Apaga qualquer traço de razão. Um tremor percorre meu corpo como corrente elétrica em brasa. Não entendo por que reajo assim. É perda total de controle: do desejo, do tempo, de mim mesmo. Luto contra o impulso de rasgar esse vestido, de marcá-la com minha boca, de arrancar dela um grito com meu nome até que não res
Leonardo se vira de repente, soltando um riso rouco, baixo, quase irônico. Aquilo me faz franzir a testa. Me viro também, ficando de frente para ele, os braços cruzados em um gesto automático de defesa. — O que foi tão engraçado? — pergunto, desconfiada. Ele ainda sorri, mas não é um sorriso leve. É daqueles que carregam cansaço e ironia na medida certa. — Eu cresci ouvindo o que devia ou não devia fazer — ele começa, com uma pontada de mágoa. — O que era bom para mim, o que não era. O que podia ter, o que devia evitar. E agora, quando pela primeira vez eu escolho sozinho... a pessoa que eu escolhi diz exatamente o que meu pai diria. Sinto o estômago apertar. Uma pontada de culpa por tentar ser racional quando tudo dentro de mim só queria correr até ele, e tentar ser feliz. — Talvez porque seu pai tenha razão — murmuro. Ele me encara. Seus olhos acinzentados parecem mais escuros sob a luz da cidade refletida neles. Há um brilho diferente ali. Intenso. Quase selvagem. — Ok, Ha
— Venha comigo... quero te mostrar algo.A forma como ele diz isso me desperta. Meus olhos buscam os dele, e ele entende. Entende o medo escondido atrás da minha expressão contida, entende a hesitação que ainda vive em mim e, mesmo assim, não recua.Leonardo estende a mão. E eu a seguro.Os dedos dele envolvem os meus com uma segurança silenciosa. Estão quentes. Não apenas na temperatura, mas na intenção. O calor dele se espalha pela minha pele, uma promessa muda de que, por enquanto, estou segura.Ele me guia para o estacionamento com passos certos. No caminho, alguns homens acenam com a cabeça, discretos. Leonardo retribui com a naturalidade de quem sabe que está sempre sendo observado, sempre liderando mesmo sem dizer nada.Chegamos a um carro preto, elegante, que brilha sob a luz discreta dos postes. Ele abre a porta do passageiro com um gesto cortês, e eu entro. Minutos depois ele liga o motor e uma música suave preenche o ambiente. É River Flows in You, uma melodia de piano del
O salão parecia que estava me engolindo aos poucos. Muita gente. Muita conversa. Muita risada ensaiada. Acho que, por ter crescido em um ambiente quase assim cheio de aparência, ruído e vigilância, ficar sozinha ainda é a melhor opção. Talvez sempre tenha sido. Por isso deixei Mariana, Maira e Helena conversando e saí. Antes, procurei Leonardo. Queria dizer que estava pronta para ir embora. Mas como não o encontrei, decidi vir respirar um pouco aqui fora. No lado externo do salão, há um jardim acolhedor e discreto. Caminho devagar por entre pequenas trilhas de pedra branca, com arbustos bem aparados e árvores cítricas ao redor. O cheiro suave das folhas molhadas e da grama recém-regada me envolve. O mundo, por alguns minutos, parece mais leve, natural, fresco, quase reconfortante.l O céu acima está escuro, pontilhado por algumas estrelas.As luzes do jardim acendem-se uma a uma, projetando reflexos dourados nas folhas.Ao fundo, o som sereno da fonte corre devagar, tornando o l
Estávamos eu, meu pai e Liam em uma sala reservada aos fundos do salão. A música da festa mal alcançava aquele espaço, permitindo que a conversa que meu pai tanto queria tivesse o silêncio necessário e a gravidade adequada. Sentávamos em torno de uma mesa redonda com quatro cadeiras, mas meu pai permanecia em pé, diante de nós, girando o anel no dedo, cada volta simbolizando uma escolha que ele já fez… ou que ainda faria, sem pestanejar. Ele encarou Liam, sem disfarçar a dureza no olhar. — A Outfit não volta atrás em suas palavras. No passado, nossa aliança foi quebrada por erro do seu irmão. Espero que não aconteça o mesmo no futuro. — Ele puxou a cadeira e se sentou com firmeza. — Helena me deu uma aliança sólida com Alexander — continuou, direto, a voz grave preenchendo o ambiente — e eu quero a mesma firmeza agora com Mariana. Liam estava relaxado demais para alguém que sabia exatamente onde estava se metendo. O corpo largado, as mãos tranquilas demais sobre o colo. Mas eu via
Último capítulo