Helena sempre foi uma mulher dedicada, mas sua vida desmorona ao flagrar a traição do noivo com a própria melhor amiga. Decidida a recomeçar, ela jura nunca mais depender de ninguém. Até que, em uma noite de fraqueza, se entrega a um homem misterioso que cruza seu caminho — sem imaginar que ele é Arthur Vasconcelos, o novo CEO da empresa onde trabalha. Bilionário, controlador e marcado por um passado sombrio, Arthur não acredita no amor e enxerga Helena como uma ameaça ao seu controle. O choque entre eles é inevitável… e inesquecível. Quando uma gravidez inesperada vem à tona, ele a obriga a um casamento de conveniência, transformando a vida dela em um campo de batalha entre desejo, orgulho e segredos. Enquanto Helena luta para proteger o filho e sua independência, Arthur trava uma guerra interna contra os próprios sentimentos. A cada dia, a barreira entre contrato e paixão se torna mais tênue — mas o retorno de Rafael, o ex-noivo obsessivo, reacende feridas, difamações e até o perigo real. Presos entre escândalos, desconfianças e uma obsessão que ameaça destruir tudo, Arthur e Helena precisam decidir: permanecer prisioneiros do passado ou se arriscar em um amor capaz de quebrar todas as barreiras. Um romance intenso, repleto de segredos, perigo e paixão arrebatadora, onde até o homem mais implacável pode descobrir que amar é sua maior força — e sua maior vulnerabilidade.
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Se existe uma lista de coisas que uma mulher não deveria presenciar, ver o próprio noivo transando com sua melhor amiga certamente estaria no topo. E, claro, tinha que ser comigo.
— Bravos, parabéns aos dois — minha voz saiu seca, quase um riso de deboche. — Só faltou uma trilha sonora romântica para combinar com a cena.
Eles se afastaram às pressas, enroscados nos lençóis como dois adolescentes pegos pela mãe. Rafael arregalou os olhos, a boca se abrindo em uma explicação patética que nunca pedi. Isabela, minha amiga de infância, não teve nem a decência de erguer o olhar.
O pior não foi a traição. O pior foi o silêncio — aquele tipo que grita dentro da gente, esmagando o orgulho.
Respirei fundo, engoli o nó na garganta. Eu não ia chorar ali. Não na frente deles.
— Relaxem. Continuem a festa, não quero atrapalhar — acrescentei, erguendo o queixo. E, sem esperar resposta, virei as costas.
— Helena, espera! — Rafael tropeçou, ainda sem camisa, puxando a calça às pressas. — Eu posso explicar!
Girei nos calcanhares, o coração batendo tão alto que parecia querer arrebentar minhas costelas.
— Explicar o quê, Rafael? — cuspi o nome dele como veneno. — Vai me dizer que tropeçou e caiu dentro da Isabela? Que foi um acidente super compreensível?
Isabela enfim ergueu os olhos, vermelhos. — Eu… Helena, não foi como você pensa…
Eu gargalhei, amarga. — Ah, não? Então me ilumina, Isa. Porque daqui parece exatamente o que é: vocês dois fodendo na minha cama.
Ela abaixou a cabeça de novo. Patética.
Rafael estendeu as mãos, nervoso. — Foi um erro, eu juro. Eu tava bêbado, a gente não planejou nada…
— Erro? — avancei um passo, o corpo inteiro tremendo. — Erro é esquecer a chave de casa. É queimar arroz. Trepar com a minha melhor amiga é escolha. A SUA escolha.
Ele engasgou, mas insistiu: — Você sabe que eu te amo, que eu nunca quis te machucar…
— Amor? — soltei um riso curto, cortante. — Você não sabe nem escrever essa palavra sem cuspir mentira junto. Você me traiu dentro da minha casa, na minha cama, e tem a cara de pau de falar em amor? Vai se foder, Rafael!
Ele tentou se aproximar, mas afastei sua mão com um tapa seco. O barulho ecoou no quarto.
— Olha bem pra mim, porque eu vou te dizer algo que vai te assombrar, seu merda: eu vou sair daqui e dar para o primeiro homem que cruzar o meu caminho. O primeiro! Só pra apagar a sensação nojenta de ter acreditado que você valia a pena.
Os olhos dele se arregalaram. Isabela prendeu o choro. Eu sorri, cruel.
— E sabe do que mais? — sussurrei, colando meu rosto no dele. — Vou gozar pensando no quanto você é pequeno.
Virei as costas e saí, deixando os dois no silêncio que mereciam. A porta bateu atrás de mim com um estrondo, como se selasse um pacto.
No carro, minhas mãos tremiam. Engoli o choro, deixei a raiva guiar cada curva. Não havia destino, só a necessidade desesperada de não voltar para casa.
Quando o motorista estacionou diante de um bar qualquer, iluminado por letreiros vermelhos e com música alta vazando pelas paredes, percebi que era exatamente onde eu deveria estar.
O cheiro de álcool, cigarro e suor me acertou quando entrei. Pessoas riam alto em mesas lotadas, a pista improvisada fervia de corpos. Eu me joguei num banco alto no balcão, de ombros retos, como se não fosse eu quem estava despedaçada.
— Uma dose do mais forte que tiver — pedi ao barman, a voz rouca, mas firme.
Ele me lançou um olhar curioso, mas não fez perguntas. O copo logo estava diante de mim. Engoli o líquido de uma vez só, sentindo a garganta arder.
— Outra — pedi de imediato.
Na segunda dose, o chão pareceu escorregar sob meus pés. Segurei o balcão, mas o corpo não obedeceu. A tontura me puxou para trás — e então mãos firmes me seguraram pela cintura antes que eu despencasse.
— Cuidado. — A voz era grave, autoritária, como se desse ordens até ao ar.
Levantei o rosto devagar e me perdi num par de olhos azuis, tão claros que pareciam atravessar a pele. Ele era alto demais, ombros largos, postura impecável. O tipo de homem que dominava o ambiente sem precisar abrir a boca.
Tentei me soltar, mas o contato queimava.
— Eu… tô bem. — A mentira saiu torta, porque minhas pernas mal respondiam.
O maxilar marcado dele se contraiu, e arqueou uma sobrancelha com ceticismo. — Está mesmo? Porque não parece.
— Vai me soltar ou pretende me carregar também? — disparei, a boca mais rápida que a razão.
Ele inclinou levemente a cabeça, e um canto da boca se curvou. — Se continuar prestes a cair, carregar parece a melhor opção.
Ele me mantinha firme, só o suficiente para eu sentir que não tinha como escapar.
— Você quase caiu feio. — O tom dele era baixo, quase provocador.
— Ah, sério? Não precisava da aula de física hoje — retruquei, tentando soar superior.
— Física, ou sorte? — Ele se inclinou um pouco mais, a voz roçando como um segredo. — Porque só sorte te trouxe até aqui sem quebrar tudo.
Revirei os olhos. — Sorte é esbarrar num estranho que acha que pode me segurar como se fosse dono do mundo.
Ele riu baixo, um som rouco que me fez arrepiar. — Estranho? Talvez. Mas se preferir, eu largo você agora mesmo… e deixo rolar no chão.
— Tente. — O desafio saiu antes que eu pudesse frear.
Ele se aproximou um passo, reduzindo o espaço entre nós. O perfume amadeirado dele misturava-se ao cheiro forte de álcool no ar, mas só o dele me atingia.
— Não se preocupe, não sou seu herói. — A voz dele estava ainda mais baixa. — Mas admito… você é mais interessante do que qualquer queda.
Meu peito batia descompassado, a raiva misturando-se com algo inesperado: desejo. Lembrei da promessa absurda que tinha feito: vou sair daqui e dar para o primeiro homem que cruzar o meu caminho.
Olhei para ele — alto, impecável, olhos claros que me despiam sem pudor. Um perigo elegante. E percebi que talvez o destino tivesse senso de humor.
— Olha só… — murmurei, ousada, quase entregue. — Acho que encontrei o tal “primeiro homem”.
O telefone da sala de Arthur tocou em tom urgente. Atendi, ajeitando a postura:— Vasconcelos Tech, boa tarde.— Quero falar com Arthur Vasconcelos. É urgente. — A voz grave, carregada de sotaque estrangeiro, não soava como um pedido. Era uma ordem.Arthur ainda não tinha voltado da reunião no andar de baixo. Respirei fundo. — Ele já retorna a ligação, senhor. Deseja adiantar o assunto comigo?— O relatório de viabilidade. Preciso dos números agora.Meu estômago gelou. Relatório de viabilidade? Não estava pronto. Folheei rapidamente os papéis sobre a mesa, procurando algo que fizesse sentido. Gráficos, projeções… respirei fundo, juntei coragem e soltei:— Os dados preliminares indicam estabilidade acima da média, com crescimento sólido no setor logístico. Os ajustes finais estão em consolidação, mas o panorama é seguro.O silêncio do outro lado parecia me engolir.Foi então que a porta do escritório se abriu. Arthur entrou. Parou ao me ver com o telefone no ouvido, e em segundos já es
A sala estava mergulhada no som suave das teclas e do papel sendo virado. Helena organizava os relatórios com uma concentração que me irritava e atraía na mesma medida. O cabelo caía em mechas soltas, deslizando pelo rosto, e ela as afastava com aquele gesto automático que eu já reconhecia de longe.De onde estava, podia observar sem ser notado. Ou quase. Ela sempre parecia sentir meu olhar, porque erguia os olhos do nada, me encontrava por um segundo, e desviava como se tivesse cometido um erro.— Esses números são da última reunião? — perguntei apenas para quebrar o silêncio, aproximando-me devagar.— São, senhor Vasconcelos. — respondeu sem tremer na voz, mas percebi o deslize dos dedos, apertando o canto da folha com força demais.Inclinei-me para pegar um dos relatórios, sentindo o perfume dela se misturar ao papel novo. Helena respirou fundo, tentando disfarçar. Não consegui evitar o sorriso breve.— Está ficando cada vez mais eficiente, Helena. — murmurei, entregando-lhe o pape
ArthurCheguei à casa dos meus pais quando a noite já cobria o jardim com luzes discretas e frias. A mansão Vasconcelos tinha aquele silêncio pesado de lugares grandes demais para serem acolhedores. Enquanto entregava o casaco ao mordomo, meus pensamentos ainda estavam em Helena — no jeito como desviava o olhar quando eu me aproximava, no sabor recente de sua hesitação.— Arthur. — A voz da minha mãe ecoou do topo da escada. Isabel Vasconcelos nunca precisava levantar o tom para impor respeito; seu olhar já era afiado o bastante. Desceu os degraus lentamente, elegante como sempre, mas carregada da frieza que eu conhecia desde a infância. — Espero que tenha boas notícias sobre os contratos desta semana.— Boa noite pra você também, mãe. — Respondi, mantendo a voz controlada.Ela se aproximou, beijou-me no rosto com a mesma naturalidade de quem assina um cheque, e foi direto ao ponto:— O sobrenome Vasconcelos não se mantém sozinho. Você carrega a empresa nas costas, Arthur, e precisa m
HelenaO barulho metálico da porta sendo forçada me arrancou de um estado quase hipnótico. O elevador tremeu levemente e, em seguida, a porta se abriu com um rangido que parecia gritar a realidade.— O senhor está bem? — perguntou o segurança, entrando apressado. Mas eu não conseguia nem olhar para Arthur.Meu corpo reagiu antes da minha mente e saí correndo pelo corredor, sem pensar direito, sem dar chance para ele me seguir. As mãos tremiam, e eu apertava a bolsa contra o peito como se pudesse me proteger do mundo inteiro. A cabeça girava, a sensação de calor e proximidade dele ainda presa na minha pele, impossível de apagar.— Preciso… preciso de ar .O corredor vazio parecia grande demais, e ao mesmo tempo, apertado demais para meus pensamentos acelerados. Um arrepio percorreu minha coluna e, mesmo com o frio da tarde, senti meu corpo ainda aquecido pelo elevador, pelo toque, pelo perigo que era Arthur.Minha mente repetia como um mantra: “Ele é meu chefe. Nada além disso. Nada a
A saída da sala de reuniões foi rápida. Helena organizava os papéis, conferia a pasta, e eu seguia alguns passos atrás, mantendo distância suficiente para não parecer invasivo… mas perto o bastante para sentir o calor do corpo dela, a energia que emanava de cada gesto.Entramos no elevador. Ela apertou o botão do térreo, sem olhar para mim. O silêncio se instalou, pesado e carregado, como se cada respiração fosse amplificada.— Dia longo, hein? — murmurei, apoiando-me discretamente na parede oposta à dela.Ela soltou um leve suspiro, sem responder. Continuava firme, olhos fixos no painel do elevador.As portas se fecharam, e então, de repente, o elevador parou com um solavanco. Luz de emergência acendeu, um clique metálico ecoou.— Ótimo… — resmunguei, frustrado. — Parece que vamos ficar aqui um pouco.Ela ergueu os olhos, finalmente me encarando, arqueando uma sobrancelha. — Não acredito… — disse, com um meio sorriso, meio irritada.— Fica tranquila, Helena — comentei, aproximando-me
A manhã passou rápido, mas cada minuto parecia esticar dentro do escritório. Helena conferia relatórios, revisava gráficos e testava novamente os slides. Eu ficava atrás dela, observando cada gesto, cada respiração, cada movimento sutil dos dedos sobre o teclado.— Está tudo pronto para o meio-dia? — perguntei, baixinho, apoiando a mão na cadeira ao lado dela.Ela ergueu os olhos, secamente. — Mais do que pronto. Cada detalhe está conferido. Não haverá erros.Sorri, divertido. — É bom saber que alguém leva tão a sério a minha reunião com investidores. — Inclinei-me sobre a mesa, apenas um pouco, sentindo a tensão dela vibrar no ar.— Senhor Vasconcelos, prefiro não errar. — Ela respirou fundo, mas não desviou o olhar. — Há muito em jogo, e não posso me permitir falhar.— Eu sei disso, Helena — disse, recolhendo os relatórios que ainda estavam fora do lugar. — Mas se você quiser, podemos fazer um teste final antes dos investidores chegarem.Ela me lançou um olhar rápido, desconfiado, m
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