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Você pretende fingir que não me conhece, Helena?

Helena

O ar parecia pesado demais, e minha cabeça latejava com cada batida do meu coração. Tentei me recompor, ajeitando a postura e respirando devagar, mas era impossível ignorar que ele estava ali, tão perto e ainda assim tão inacessível.

Arthur caminhou até a mesa central com passos firmes, saudando alguns funcionários com um aceno calculado. Nenhuma hesitação, nenhuma distração — um CEO perfeito, impecável. E quando passou por mim, não houve reconhecimento, não houve sinal de que ele sabia quem eu era. Apenas um leve toque de ombro enquanto ele seguia, profissional e distante.

“Respira, Helena. Só mais alguns minutos e você sobrevive.” Murmurei para mim mesma, tentando transformar o medo e o choque em foco. 

— Bom dia — começou, a voz firme e sem qualquer traço de afeto, como se cada palavra fosse medida e calculada. — Como novo CEO, minha expectativa é simples: eficiência, dedicação e resultados. Nada menos que isso será aceitável.

Ele fez uma pausa, o olhar percorrendo cada rosto, inclusive o meu, sem mostrar reconhecimento.

— Não tolero desculpas. Não existe espaço para complacência ou falhas que poderiam ser evitadas. Aqui, cada decisão importa, e cada atitude tem consequência.

O ar parecia pesado demais, e senti um calafrio. A firmeza, quase cruel, no tom de Arthur, deixava claro que lidar com ele seria um desafio constante. Ele não sorria, não brincava, apenas observava, analisando e impondo respeito.

— Espero que todos entendam que a empresa agora exige comprometimento absoluto. Quem não estiver disposto a acompanhar o ritmo será substituído. — A voz dele ecoou, fria e precisa, cortando qualquer murmúrio.

Quando finalmente terminou, voltou-se para mim, ainda mantendo aquela postura impecável: séria, distante e intimidadora.

— Helena, estarei contando com você para que tudo funcione perfeitamente ao meu lado — disse, com um leve aceno de cabeça, como se selasse a primeira missão que eu jamais poderia falhar.

A sala respirou novamente, mas eu mal conseguia pensar em mais nada além do turbilhão que Arthur despertava em mim — medo, respeito e uma atração impossível de ignorar.

Marina piscou para mim, como se esperasse algum comentário sobre a intensidade da reunião, mas eu mal ouvi. Meu corpo ainda estava tenso, cada músculo alerta, cada batida do coração lembrando da noite anterior e da presença imponente de Arthur.

— Helena? Você tá aí? — Marina perguntou, franzindo a testa. Parecia surpresa com meu silêncio, mas antes que eu pudesse responder, ela suspirou e balançou a cabeça. — Tá bem, deixa pra lá.

Sem esperar por mais, ela virou-se e seguiu pelo corredor, descendo para suas próprias tarefas. Eu, por outro lado, respirei fundo e comecei a subir para o último andar. Cada passo parecia ecoar no meu peito. A sala do CEO ficava logo atrás da minha futura mesa, um lembrete silencioso de que eu estaria a poucos metros de alguém que misturava autoridade e desejo em doses perigosas.

Quando cheguei, organizei minha mesa de forma mecânica, tentando ignorar a sensação de que ele poderia aparecer a qualquer momento. O escritório enorme e impecavelmente decorado refletia o caráter dele: controle, precisão e perfeição. E eu ali, com ressaca, confusa, tentando fingir normalidade enquanto sabia que cada segundo naquele andar seria um teste silencioso de paciência e, talvez, de tentação.

Eu ainda tentava me acostumar com a nova realidade, arrumando canetas em linha reta e conferindo a agenda eletrônica pela terceira vez, quando a porta atrás de mim se abriu. Meu estômago revirou, mas não precisei olhar para saber quem era. O silêncio denso e a presença forte denunciavam que ele estava ali, pronto para me testar. Tentei respirar fundo, lembrando a mim mesma que minha prioridade era o trabalho — e que não podia ceder, nem por um instante.

Arthur atravessou o espaço sem pressa, os passos firmes, até parar diante da minha mesa. Apoiado levemente na borda, me avaliou com um olhar tão calculista que parecia pesar cada detalhe da minha postura.

— Vamos deixar algumas coisas claras — disse, a voz firme, quase desafiadora. — Gosto do café sempre forte, sem açúcar, servido assim que chego. Minha agenda precisa estar impecável, sem erros ou atrasos. Cada reunião deve ser confirmada com antecedência. E, Helena… — um leve sorriso de canto de boca, rápido demais para ser chamado de gentileza — espero que você não se perca com… distrações pessoais.

Ele fez uma pausa curta, sem me dar tempo de reagir, mantendo a frieza calculada que parecia cortar o ar. — Quanto à minha sala, mantenha tudo impecável, sem papéis fora do lugar e sem ninguém entrando sem autorização. E quando eu pedir algo, espero que seja feito imediatamente. — Seus olhos passaram por mim, avaliando se eu realmente entendia o que ele esperava.

Engoli em seco, lembrando a mim mesma: não podia mostrar fraqueza, não podia deixar que ele visse o efeito que provocava em mim. Minha vida, minha carreira, meu controle… tudo dependia de manter distância, mesmo que fosse impossível.

Meu coração batia descompassado, mas mantive o rosto sério, tentando disfarçar o nervosismo. Ele se inclinou um pouco mais, a sombra dele me cobrindo.

— Entendido? — perguntou, baixo, mas firme.

Engoli seco, ajeitei a postura e abri um sorriso profissional, do tipo que aprendi a usar quando precisava parecer calma mesmo estando em caos por dentro. Peguei rapidamente uma caneta da mesa, como se arrumar a rotina me desse controle.

— Entendido, senhor — disse, firme. — Só uma observação: temos uma equipe de limpeza que faz um trabalho impecável. Não é exatamente minha função supervisionar isso… mas posso reforçar, se achar necessário.

Soltei a frase com um toque de ironia disfarçada, suave o suficiente para não soar como afronta direta, mas perceptível demais para passar batido.

Arthur arqueou uma sobrancelha, os olhos claros fixos em mim por alguns segundos, como se estivesse tentando decidir se aquilo era desafio ou apenas profissionalismo. Então, um canto de seus lábios se ergueu num quase-sorriso, rápido demais para ser chamado de simpatia.

— Gosto de pessoas que sabem falar… desde que façam exatamente o que eu peço — retrucou, frio, antes de se afastar em direção à própria sala, fechando a porta atrás de si.

O ar só voltou aos meus pulmões quando fiquei sozinha de novo.

O dia passou em uma correria sufocante. Telefonemas, reuniões improvisadas, planilhas que precisavam estar prontas “para ontem” e a voz dele, sempre precisa, sempre exigente, ecoando pela sala ao lado. Arthur era um chefe duro, meticuloso, impossível de ignorar. Cada ordem vinha sem espaço para questionamentos, e eu me pegava dividida entre a raiva pelo tom dele e a estranha lembrança do calor da noite passada.

Quando finalmente o relógio marcou o fim do expediente, senti meu corpo implorar por descanso. Comecei a guardar minhas coisas, pronta para desaparecer dali, quando a voz firme e baixa dele me interrompeu:

— Helena, fique.

O coração disparou, e as mãos, que antes seguravam a bolsa, congelaram. Virei devagar, encarando-o de pé à porta de sua sala, a expressão séria, quase indecifrável.

Ele deu um passo à frente, aproximando-se até que sua presença ocupasse todo o espaço entre nós. Os olhos claros me prenderam, intensos demais para serem ignorados.

E então, a frase que fez o chão sumir dos meus pés:

— Você pretende fingir que não me conhece, Helena?

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