Arthur
Cheguei à casa dos meus pais quando a noite já cobria o jardim com luzes discretas e frias. A mansão Vasconcelos tinha aquele silêncio pesado de lugares grandes demais para serem acolhedores. Enquanto entregava o casaco ao mordomo, meus pensamentos ainda estavam em Helena — no jeito como desviava o olhar quando eu me aproximava, no sabor recente de sua hesitação.
— Arthur. — A voz da minha mãe ecoou do topo da escada. Isabel Vasconcelos nunca precisava levantar o tom para impor respeito; seu olhar já era afiado o bastante. Desceu os degraus lentamente, elegante como sempre, mas carregada da frieza que eu conhecia desde a infância. — Espero que tenha boas notícias sobre os contratos desta semana.
— Boa noite pra você também, mãe. — Respondi, mantendo a voz controlada.
Ela se aproximou, beijou-me no rosto com a mesma naturalidade de quem assina um cheque, e foi direto ao ponto:
— O sobrenome Vasconcelos não se mantém sozinho. Você carrega a empresa nas costas, Arthur, e precisa m