A semana parecia um castigo lento.
O tempo passou arrastado, como se cada hora me testasse pra ver se eu ainda aguentava esperar.
Eu estava no bar de novo, sentado no canto, longe o bastante pra não incomodar, perto o bastante pra ver ela se mover.
Clara fingia não me ver, mas eu percebia o jeito como os ombros dela ficavam tensos quando eu chegava.
O jeito como ela evitava olhar direto, como se qualquer contato fosse perigoso demais.
Rafa me serviu uma cerveja e sussurrou: — Cara, você é teimoso.
Eu só dei de ombros. — Já fui pior.
Ela passou perto, pegando uma bandeja. O perfume bateu em cheio e me desmontou.
Não aguentei. Fui até o balcão, esperando o momento certo.
— Clara. — Minha voz saiu baixa, quase um pedido.
Ela não levantou o olhar. — Gustavo, não faz isso aqui.
— Só me escuta. — Respirei fundo.
Ela suspirou, largou a bandeja e finalmente me olhou. O olhar dela doía mais do que qualquer tapa.
— Você acha que basta aparecer todo dia, deixar bilhetinho e fingir que é ou