O bar estava mais cheio do que o normal.
Gente falando alto, copos tilintando, risadas que iam e voltavam como ondas. Eu já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha limpado o balcão, trocado copos, anotado pedidos errados e sorrido por pura educação.
Rafa passava com uma bandeja na mão e um olhar de quem também já estava contando os minutos pra fechar.
O cheiro de cerveja misturado com fritura parecia grudar no ar — e em mim.
Apoiei as mãos no balcão e respirei fundo.
Mais um turno. Só mais algumas horas.
Peguei o pano, comecei a limpar o balcão de novo, só pra não pensar.
Mas era inútil. Cada canto daquele lugar tinha alguma lembrança dele.
— Tá viva, Rainha do Bar? — a voz de Rafa me tirou dos pensamentos.
— Por pouco — respondi, forçando um sorriso. — Se eu servir mais uma rodada de caipirinha errada, peço demissão.
— Duvido — ele riu, apoiando o cotovelo no balcão. — Você ama demais esse caos.
— Ou já acostumei — murmurei, mexendo nas garrafas.
— Bom, vou dar uma pausa — d