O restaurante era um daqueles lugares que pareciam flutuar fora do tempo. Luz baixa, mesas pequenas, velas acesas e o som suave de um piano ao fundo. Um garçom nos guiou até uma mesa perto da janela, de onde dava pra ver o reflexo das luzes da cidade dançando no vidro.
Gustavo puxou minha cadeira, um gesto tão simples, mas feito com um cuidado que me desmontou. Ele sempre fazia isso — os detalhes que ninguém mais via.
— Tá bonito aqui — comentei, tentando disfarçar o nervosismo.
Ele assentiu, os olhos presos em mim.
— Escolhi porque parecia um lugar onde você sorriria do jeito que eu gosto.
Tentei rir, mas a voz dele tinha um tom diferente. Um tipo de calma que escondia algo mais fundo. Ele estava estranho, concentrado demais, quase sério demais.
O garçom trouxe o vinho. Gustavo pediu o prato por nós dois — risoto de camarão e filé com molho de vinho tinto —, e eu só observei, achando graça da naturalidade com que ele assumia o controle das pequenas coisas.
— Você tá quieto hoje — fal