Eu apareci no bar antes mesmo do expediente começar.
Rafa me olhou de longe e fez sinal pra eu não falar nada. Nem precisei — o clima ainda tava pesado.
Mas eu não fui por causa dele.
Fui por ela.
Clara tava no balcão, limpando as taças, o cabelo preso de qualquer jeito, o olhar distante.
Parecia mais fria, mais contida… mas ainda era ela.
— Boa noite, Rainha do Bar — falei, tentando um sorriso leve.
Ela levantou os olhos por um segundo.
— O bar abre às seis, Gustavo.
— Eu sei. — Apoiei o cotovelo no balcão. — Mas o arrependimento abriu mais cedo.
Ela continuou limpando as taças, fingindo indiferença, mas eu vi o canto da boca dela ameaçar um sorriso.
Era um começo.
— Eu trouxe café — falei, colocando o copo perto dela. — Do jeito que você gosta.
— Você acha que café resolve tudo? — perguntou, sem olhar pra mim.
— Não. Mas é o primeiro passo pra eu poder tentar.
Ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu sentia vontade de tocar nela, de tirar aquela distância que parecia ter v