Gustavo
Entrei feito uma tempestade.
A porta do bar bateu com força atrás de mim, o som ecoando pelo lugar quase vazio.
— Filhos da puta! — gritei, e as cabeças se viraram na hora.
— Gustavo… — começou Rafa, se levantando — cara, calma—
— Calma o caralho! — avancei, o sangue fervendo. — Vocês tinham que abrir a porra da boca justo aqui? Na frente dela?
Muri levantou as mãos, tentando parecer tranquilo. — A gente não sabia que ela tava ouvindo, pô—
— Não sabiam? — cuspi a frase. — Vocês acham que isso é o quê? Uma piada? Vocês acabaram com tudo!
— Tudo o quê? — Rafa rebateu, irritado. — Era uma brincadeira, mano. E, pra começo de conversa, quem aceitou foi você.
Aquilo me atingiu como um soco.
Porque ele tinha razão.
Mas a raiva era maior.
— Eu aceitei, sim — rosnei. — Só que depois eu quis parar. Eu me apaixonei por ela, caralho!
O silêncio que veio depois foi pesado.
Nem música tocava mais.
Muri desviou o olhar. — A gente não sabia que tinha virado sério, velho…
— Pois virou. — b