Os dias seguintes à conversa no banheiro foram um turbilhão silencioso.
Maria Fernanda não disse mais nada diretamente a mim, mas o modo como me olhava nos corredores dizia tudo. Era um olhar frio, calculado — daqueles que te despem por dentro, procurando alguma fraqueza para explorar. Eu fingia não perceber, mas a cada passo pela Averly, sentia o peso de ser observada.
Arthur, por outro lado, parecia ainda mais presente. Me esperava na entrada da aula, me chamava para estudar juntos, às vezes deixava bilhetes escondidos no meu caderno — pequenos gestos que, para mim, significavam o mundo. Mas esses gestos também eram o combustível perfeito para os rumores.
Na Averly, boatos se espalhavam como fogo. Bastava um olhar trocado, uma conversa mais próxima, e em poucas horas todos já sabiam — ou achavam que sabiam — de tudo.
Naquela terça-feira, cheguei mais cedo à sala. O ambiente ainda estava vazio, e decidi revisar o texto da redação de Sociologia, que o professor havia pedido sobre desi