O sábado amanheceu preguiçoso, e o sol atravessava as frestas da cortina do meu quarto. Eu já estava acordada há algum tempo, mas ainda deitada na cama, os olhos perdidos no teto, e o convite da Lara para o boliche não saía da minha cabeça. Mais do que o passeio em si, eu não conseguia parar de pensar que o Arthur também estaria lá.
Na cozinha, o cheiro de café fresco se misturava ao som do rádio antigo. Minha mãe, Mariana, vestia o avental florido de sempre e mexia distraída na panela de leite.
— Bom dia, filha, nem vi quando você acordou — disse, sem tirar os olhos da chama do fogão.
— Está tensa por causa do passeio?
Engoli em seco e respirei fundo.
— É... um pouco — murmurei.
— Mãe, o Arthur vai. Aquele menino que te falei… o da Averly.
Ela parou por um instante, desligou o fogo e se virou para mim, apoiando as mãos na bancada. O olhar dela era de quem já sabia onde aquela conversa ia dar.
— O mesmo que é herdeiro de uma grande empresa e mora num condomínio de luxo? Que acabou de