Ainda era cedo quando acordei. Dormir tranquilamente no hospital era impossível.
O pronto atendimento tinha aquele silêncio estranho de madrugada virando manhã — o som distante de passos, o arrastar de macas, a luz branca demais pra quem não dormiu.
Eu estava ali, numa cadeira reclinável, o braço com soro, enrolada num cobertor quentinho que minha mãe mandou por meio do meu pai. Aguardava uma vaga para internação, sem saber quando sairia.
O corpo pesado de remédio, mas a cabeça acordada.
Meus pais conseguiram entrar bem cedinho pra me ver.
— Como você está, minha filha? — perguntou minha mãe, encostando os lábios na minha testa.
— Estou melhor — respondi.
— Dormiu bem? Conseguiu descansar? — perguntou meu pai.
— Não consegui dormir cem por cento, mas descansei um pouco.
Nesse instante, ouvi vozes baixas se aproximando da porta. Quando levantei o olhar, vi um homem alto entrando no quarto.
O jaleco branco impecável, o crachá reluzindo sob a luz fria.
Ele sorria de um jeito discreto, ma