~Narrado por Arthur~
Fazia menos de doze horas desde que a deixei em casa, e parecia uma eternidade.
O carro cortava as ruas ainda silenciosas da manhã, e a chuva fina batia no para-brisa, formando pequenos rios preguiçosos. Eu dirigia em silêncio, mas minha mente estava longe do volante.
Cada curva me levava de volta à noite passada — o veludo preto do vestido da Isa, o sorriso tímido, o cheiro leve do perfume que ficou no banco do carro. Ainda podia sentir o gosto do beijo, a respiração acelerada dela, o calor do momento que quase passou dos limites — e a doçura com que ela se afastou antes disso.
O trânsito da manhã me obrigava a desacelerar, mas nada conseguia reduzir a velocidade das lembranças. Boliche, risadas, milk-shake… cada gesto dela estava gravado na minha mente com cores mais vivas do que qualquer coisa naquela manhã cinzenta.
Sorri sozinho ao lembrar de como ela desviava o olhar quando eu a elogiava. A simplicidade dela me desarmava de um jeito que ninguém mais consegui