Helen Bennett sempre soube a verdade: O coração de Ethan Carter nunca lhe pertenceu. Em um casamento de conveniência, eles aceitaram um acordo frio e estratégico: três anos juntos, sem envolvimento emocional, apenas para manter as aparências. Para Ethan, herdeiro de uma das maiores corporações do país, esse contrato era o caminho perfeito para assumir a presidência da empresa de sua família. Afinal, seu coração já era de outra mulher. Durante seis meses, Helen suportou o peso de ser a esposa ignorada, enquanto Ethan mantinha um romance secreto, sem se importar com os danos que causava. Mas o que ele nunca percebeu foi que Helen também escondia algo: Ela o amava. Silenciosa, profundamente,desesperadamente... Até que, um dia, tudo desmoronou. Uma fotografia de Ethan com sua amante vira um escândalo público. E, pela primeira vez, Helen não aceita sofrer em silêncio: — Nunca pensei que fosse capaz de me humilhar dessa forma! Ethan é forçado a encarar a verdade pela primeira vez, ele vê a dor que sempre ignorou. Ethan percebe que Helen também perdeu tudo naquele casamento. Tomado pela culpa, ele decide tentar construir algo real, ser o marido que nunca foi. E, contra todas as probabilidades, o que começou como um contrato vazio se transformou. A frieza dá lugar a cumplicidade, carinho… e amor. Helen finalmente acredita que pode ser feliz ao lado de Ethan. Mas um pequeno deslize… destrói a única promessa que não podia quebrar, então Helen resolve escolher a si mesma! Sozinho e devastado, Ethan percebe que o amor que tanto procurou sempre esteve ao seu lado. Mas Helen não quer mais lutar por ele e se Ethan quiser uma segunda chance… terá que provar que é digno dela. Antes que Helen o esqueça para sempre.
Ler maisHelen sentiu o peito se contrair no instante em que seus olhos pousaram sobre a fotografia. O mundo ao seu redor silenciou, como se o próprio tempo a suspendesse naquele exato momento de agonia. O sorriso de Ethan na imagem, sua expressão relaxada ao lado de Miranda, a maneira como seus corpos pareciam confortáveis um com o outro… cada detalhe perfurava sua alma como estilhaços de vidro.
Seu coração martelava dentro do peito, não de surpresa, mas de uma dor sufocante, excruciante. Porque, no fundo, ela sempre soube. Sempre soube que Ethan nunca a quis. Sempre soube que, se pudesse escolher, ele estaria ao lado de Miranda, vivendo o sonho dourado que nunca pôde ter. E agora, ele estava ali, mostrando ao mundo, sem qualquer pudor, que ainda a desejava.
O contrato entre eles nunca envolveu amor, mas Helen o amava. Amava Ethan de uma forma que a destruía pouco a pouco, que sugava sua alma a cada dia. Nunca quis esse casamento, mas quando foi obrigada a aceitar, agarrou-se à esperança de que, ao menos, poderiam construir algo juntos. Que talvez, só talvez, com o tempo, ele pudesse vê-la. Mas não. Ele nunca a viu.
Helen estava no escritório de Ethan, seus passos rápidos e furiosos ecoavam pelo chão de mármore, como se a dor que carregava precisasse se materializar de alguma forma.
O celular de Ethan repousava sobre a mesa, inofensivo e traiçoeiro, ainda carregando o veneno da humilhação que Miranda despejara nela. Como ele podia ser tão cruel? Como pôde expô-la daquela maneira, sem remorso, sem hesitar?
O som da porta se abrindo cortou seus pensamentos. Helen endureceu o corpo, preparando-se para a batalha que sabia que estava por vir. Ethan entrou no escritório com o olhar fixo no celular sobre a mesa, ignorando sua presença como se ela fosse um detalhe insignificante.
— Onde você encontrou isso? — A voz dele saiu cortante, vazia de qualquer traço de arrependimento.
Helen quase riu. Quase. Mas o que emergiu foi uma risada amarga e desesperada.
— Miranda me entregou. — Suas palavras saíram afiadamente geladas. — No meio de um restaurante lotado. Ela fez questão de me informar que você o esqueceu na casa dela.
Ethan ergueu os olhos finalmente, o rosto tão impassível quanto sempre.
— Você não deveria ter aceitado.
— Eu não deveria ter aceitado? — Helen explodiu, a voz carregada de revolta. — Você não deveria ter deixado seu celular na casa dela! Não deveria sequer estar na casa dela!
— Isso não é da sua conta. — Ele rebateu com a indiferença de quem não se importa com as feridas que causa.
— Não é da minha conta? — Helen deixou escapar uma risada amarga, os olhos ardendo com o peso de tudo o que manteve enterrado. — Somos casados, Ethan. Sob o mesmo teto, dividindo uma vida que você faz questão de destruir, um dia após o outro. E agora você me humilha publicamente com essa porcaria! — Apontou para o celular, as mãos trêmulas. — Como você pode dizer que isso não é da minha conta?
Ethan olhou para o aparelho como se fosse um problema insignificante.
— Vou pedir para a equipe de comunicação lidar com isso. É irrelevante.
— Irrelevante? — Helen repetiu, a voz falhando sob o peso da dor. — Você destruiu o que restava de mim hoje, Ethan. Me fez parecer uma piada para o mundo inteiro. E você ainda tem coragem de chamar isso de irrelevante?
— Helen… — Ele começou a falar, mas ela o interrompeu com um olhar que o silenciou instantaneamente.
— Não. — Sua voz era firme, carregada por uma força que ela não sabia que possuía até aquele momento. — Você vai ouvir agora. Porque eu estou cansada, Ethan. Cansada de ser ignorada. De ser tratada como uma obrigação sem valor. De tentar dar sentido a algo que você nunca quis que existisse.
Ethan finalmente a encarou, seus olhos mostrando pela primeira vez um traço de desconforto.
— Você sabia desde o começo que eu não te amava. Você aceitou esse casamento sabendo disso.
— Eu aceitei o contrato, sim. Mas eu achei que, com o tempo, você ao menos me respeitaria. Que você pudesse ver além do acordo, além do que você se forçou a acreditar. — A dor em suas palavras era quase palpável. — Mas você nunca tentou. Você nunca quis tentar.
Ethan permanecia calado ouvindo Helen dizer tudo.
— Você sempre a amou, não é? Sempre quis casar com ela. E eu… eu fui apenas um obstáculo no seu caminho. — Sua voz vacilou, mas ela não recuou. — Assim como você tinha sonhos, Ethan, eu também tinha os meus. Eu também queria um casamento de verdade. Também queria alguém que me amasse, alguém que olhasse para mim como se eu fosse o centro do seu mundo. Mas ao invés disso, me deram você. E você me odeia por isso.
— E o que você quer que eu faça agora? Fingir que sinto algo por você que nunca existiu? — Ele rebateu, a voz carregada de irritação.
— Não. Eu não quero que você finja nada. — Helen respondeu, sua voz oscilando entre fúria e tristeza. — Eu só quero que você pare de me tratar como se eu fosse lixo. Que pare de me humilhar e fingir que sua crueldade é justificada porque você nunca quis esse casamento.
Aquelas palavras o atingiram como um soco. Pela primeira vez, a armadura de Ethan mostrava rachaduras visíveis. Mas Helen não parou. Não agora.
— Você acha que é o único que sofre neste casamento? — Ela desafiou, os olhos cravados nos dele, como se quisesse atravessar sua alma. — Eu também perdi tudo, Ethan. Meus sonhos, meu futuro, um amor que eu nunca terei de volta. E o pior? Eu perdi a mim mesma tentando ser alguém que você pudesse respeitar.
O silêncio caiu entre eles, denso e sufocante. Ethan olhava para ela como se finalmente visse a mulher que sempre ignorou.
— Eu poderia te odiar. — Continuou Helen, com sua voz tão firme quanto um punhal cravado no peito dele. — Mas, ao contrário de você, eu nunca expus minha infelicidade para o mundo ver. Eu sempre respeitei essa união, mesmo que fosse só um contrato. E sabe o que é mais cruel? Eu aceitei. Aceitei viver essa mentira porque, no fundo, eu tinha esperança de que um dia você poderia olhar para mim de outra forma. Mas não. Você nunca me viu.
As palavras pesavam como pedras sobre Ethan, arrancando dele qualquer resquício de orgulho ou justificativa que ainda tentava se agarrar.
— Eu tentei, Ethan. Deus sabe o quanto eu tentei! Fiz de tudo para, ao menos, termos uma relação de amizade. Para que, mesmo nesse inferno, eu tivesse alguma coisa sua. Mas você nunca permitiu. Sempre me afastou. Sempre me culpou por ter arruinado o seu sonho adolescente.
— Mas sabe de uma coisa? — Sua voz baixou, mas ficou ainda mais cortante. — Eu poderia aceitar se isso fosse apenas desejo, uma fraqueza momentânea. Mas não, Ethan. Isso foi escolha. Você escolheu me humilhar. Escolheu me esmagar um pouco mais.
Ethan sentiu a dor daquelas palavras o atingir de cheio.
— Mas não tenha pena de mim, Ethan. — Sua voz saiu firme, mesmo que sua alma estivesse em frangalhos. — Eu já estou quebrada demais para ser consertada.
Helen respirou fundo, encarando-o uma última vez, com os olhos carregados de uma tristeza devastadora.
— Mas se temos que continuar casados… exijo que, pelo menos, você me respeite. Porque, mesmo que meu coração ainda anseie por algo eu não vou mais abrir mão de mim mesma.
A noite estava serena.A brisa morna atravessava a varanda com delicadeza, acariciando as cortinas como se quisesse embalar os últimos suspiros do dia. A casa já estava silenciosa. Os filhos haviam subido para seus quartos, alguns rindo, outros apenas exaustos. O som abafado de um filme ainda tocava na sala, mas o mundo parecia quieto, em paz. Um tipo de paz que não é silêncio, mas permanência.Helen surgiu na varanda descalça, vestindo um moletom antigo que Ethan adorava, aquele com o tecido puído nas mangas, o mesmo que ela usava nas noites frias quando os filhos ainda eram pequenos. Em uma das mãos, segurava duas taças de vinho, na outra, a tranquilidade de quem já tinha vivido o suficiente para saber que o agora era mais precioso que qualquer promessa.
A louça estava quase toda lavada. O relógio da parede marcava 21h36. A cozinha ainda exalava o cheiro acolhedor de comida feita com carinho, mas agora era o aroma do café fresco que dominava o ambiente. Zoe, de meias, já tomava sua segunda xícara na varanda, observando o céu estrelado, enquanto David e Tiago estavam enfiados na sala disputando videogame.No corredor, April ajustava discretamente o cabelo, agora meio solto, com algumas ondas caídas. Ela passava os dedos nos fios com ansiedade contida. Sabia que a noite chegava ao fim e com ela, um momento que, de algum modo, parecia inaugurar uma nova fase em sua vida.Tomás estava do lado de fora da casa, parado no alpendre, com as mãos nos bolsos e um sorriso pequeno nos lábios. Ele olhava para o jardim iluminado pelos po
A campainha soou às 18h58. Duas batidas seguidas por um leve toque de sino, como se quem estivesse do outro lado da porta já soubesse que aquele momento exigia mais do que um simples “ding-dong”.Na sala, todos prenderam a respiração.Helen, que ajeitava as almofadas pela décima vez, parou no meio do gesto. Zoe, ao lado da bandeja com os talheres de sobremesa, ergueu as sobrancelhas para April, que parecia petrificada no corredor.— É ele. — sussurrou April, como se anunciar a chegada de Tomás fosse invocar um furacão.— Eu abro. — Ethan disse, erguendo-se com a lentidão calculada de um leão prestes a examinar o território.
O som de risos femininos escapava por baixo da porta do quarto de April como vapor de uma chaleira prestes a explodir. Dentro do quarto, o ar era perfumado, carregado de ansiedade, brilho labial e expectativa. April e Mel estavam em frente ao espelho, conferindo os últimos detalhes dos penteados, ajustando colares, testando sorrisos.Mas, do lado de fora, havia outra movimentação. Uma movimentação mais… barulhenta, desajeitada, irônica.David,, estava encostado na parede do corredor, e ao seu lado estava Tiago. Ambos tentavam ouvir a conversa das meninas.— Estão rindo. — Tiago diagnosticou. — Rindo muito.— Riso feminino nessa altura da tarde só pode significar duas coisas. — David olhou dramaticamente para o primo — Ou elas estão conspirando para do
O cheiro de cebola dourando na manteiga se espalhava como um abraço morno pela cozinha. Era um daqueles aromas que antecedem algo especial, como um convite para sentar à mesa com o coração aberto. A panela alta, onde se preparava o risoto de parmesão, borbulhava com ritmo próprio. Pedaços de abobrinha já cortados esperavam pacientemente sua vez. Na outra boca do fogão, o frango ao molho de limão e ervas ganhava cor e brilho sob o olhar atento de Helen.Zoe, de avental florido e sorriso largo, picava salsinha como quem bordava. Cada movimento era leve, quase ensaiado. Elas não falavam muito nos primeiros minutos. Dividiam aquele espaço com a intimidade silenciosa de quem construiu memórias lado a lado durante anos.Até que Helen suspirou fundo, enxugan
O relógio marcava 17h48 quando April entrou no quarto carregando dois cabides. Em um deles, um vestido azul-marinho com bolinhas brancas, no outro, uma blusa rendada creme e uma saia plissada rosê que ainda exalava o perfume da última lavagem.Mel já estava jogada na cama como se tivesse caído ali do teto, com os pés descalços balançando no ar e o celular apoiado no peito. As unhas recém-pintadas de vermelho cereja brilhavam sob a luz do abajur, e seus cabelos castanhos estavam presos em dois coquinhos desfeitos, no “modo espera”.April largou os cabides sobre a cadeira do computador, passou os olhos pela bagunça cuidadosamente organizada do quarto e soltou um suspiro nervoso.— Me ajuda. Eu tô entrando em p&ac
Último capítulo