~Narrado por Roberto Duarte~
Acordei antes do sol nascer, com o coração inquieto e o pensamento em Isa.
Não lembro da última vez que dormi uma noite inteira desde que ela foi internada. Mesmo quando o corpo cedia ao cansaço, a cabeça insistia em repassar tudo — a dor dela, os exames, o medo de não ter respostas.
Saí de casa ainda com o céu acinzentado. O ar frio de São Paulo batia no rosto e parecia lembrar o quanto a vida andava dura. O hospital ficava a alguns quilômetros de casa, mas a cada rua, cada semáforo fechado, pesava como se eu estivesse atravessando o país inteiro.
Quando cheguei, o prédio estava silencioso. As portas automáticas se abriram e o cheiro característico de desinfetante misturado a café recém-passado me atingiu em cheio — aquele tipo de aroma que só quem passa dias seguidos num hospital reconhece.
Subi até o quarto da ala particular. Ainda não me acostumei com aquele conforto todo: cortinas claras, lençóis brancos, o ar-condicionado silencioso e o banheiro priv