Mundo de ficçãoIniciar sessãoA Regra é Simples: Cuide da Filha. Evite o Pai. Quebre as Duas. Charlotte resolveu se aventurar em voltar para seu antigo lar no Arizona em busca de uma oportunidade para mudar o futuro de sua família. O que ela encontra não é apenas um novo emprego, mas uma tentação perigosa: a vaga de babá na vasta propriedade Hale. Seu empregador é Archer Hale, um fazendeiro bilionário, viúvo aos 29 anos, cujas mãos duras de trabalho escondem a dor de perder a esposa e a culpa por não conseguir alcançar a filha, a pequena Emma. Em meio a um império de gado e campos áridos. Mas a atração que explode entre ela e Archer é imediata e desastrosa. Ele é o homem que a viu em seu pior momento; ela é a cuidadora que Emma, em seu luto, precisa rejeitar. Enquanto Charlotte luta para quebrar a barreira de tristeza de Emma – uma garota que só fala espanhol para se sentir perto da mãe – ela tenta impor a si mesma a regra inquebrável: Não se apaixone pelo seu chefe viúvo. No entanto, entre a urgência das noites no rancho e a dor que os une, o fogo entre eles é inevitável. Quando a linha entre o profissional e o proibido se apaga, Charlotte terá que decidir se o alto preço desse amor vale a pena quebrar a única promessa que fez a si mesma. Uma história sobre segundas chances, corações em luto e o calor inesperado que floresce no coração do deserto.
Ler maisPRÓLOGO
CHARLOTTE BROOKS
O crepúsculo daquela terça-feira tingia a sala de estar com tons alaranjados e cinzentos, filtrados pelas cortinas de linho claro. Era o final de um dia que, para Charlotte, começara e deveria terminar na rotina acolhedora de seus vinte e cinco anos: o cheiro de café passado, os risos estrondosos de sua filha e a promessa silenciosa de um amor que julgava eterno.
Charlotte estava na cozinha, terminando de lavar a louça do jantar, quando a porta da frente se abriu com uma força incomum. Roman, seu marido, um advogado de sucesso de trinta anos, entrou sem o costumeiro beijo na testa ou o "cheguei" murmurado. Em vez disso, a tensão em seus ombros largos era quase palpável, e seus passos o levaram diretamente ao quarto principal.
Intrigada, Charlotte o seguiu, parando no batente da porta. O ar ficou gelado no instante em que ela viu o que ele estava fazendo: o tweed cinza do seu melhor terno, camisas dobradas com pressa e alguns livros de cabeceira sendo jogados sem cuidado em uma mala de rodinhas que ficava, geralmente, guardada no sótão.
"Roman, o que está fazendo?" A voz de Charlotte era baixa, um fio de seda que hesitava em se romper.
Ele mal olhou para ela, o rosto frio, esculpido em uma rigidez que ela nunca tinha visto. "Estou indo embora, Charlotte. Não funciona mais."
A frase a atingiu como uma onda de gelo. Ela cambaleou para dentro do quarto, as mãos apertando a bainha de sua blusa. "Não funciona? Do que você está falando? Nós... nós temos uma vida, Roman! Temos a Milli!"
Roman fechou a mala com um clique seco, o som soando como uma sentença final. Ele se virou para ela, e havia uma espécie de cansaço cruel em seus olhos. "Estou sendo honesto com você. Estou apaixonado por outra pessoa. Ela é daqui do escritório, é simples assim."
"Outra pessoa?" O coração de Charlotte despencou em seu peito, uma dor física e sufocante. Lágrimas grossas começaram a rolar pelo seu rosto, manchando sua pele pálida. Ela deu um passo à frente e tentou tocar seu braço, mas ele se afastou sutilmente. "Por favor, Roman. Pense de novo. Não jogue tudo fora! O que fizemos de errado? Eu te amo... Eu te amo mais do que tudo."
Seu súbito choro era um apelo desesperado que costumava derreter qualquer resistência dele, mas agora, Roman era feito de pedra. "Não há o que reconsiderar. Eu já decidi. Eu sinto muito pelo que está sentindo, de verdade. Mas a minha vida... ela está em outro lugar agora."
Nesse momento, uma pequena figura apareceu na porta do quarto. Milli, de seis anos, vestindo seu pijama de dinossauros cor-de-rosa, parou ao lado da mãe. Ela tinha abandonado os blocos de montar no tapete da sala e, sentindo a vibração da discussão, havia subido as escadas. Milli agarrou a perna de Charlotte, o pequeno aperto firmando a mulher trêmula.
Os olhos azuis e inocentes de Milli se fixaram na mala, depois no rosto severo do pai. "Papai, para onde você vai com essa mala grande? É uma viagem de castelo?"
Charlotte engoliu o nó que quase a sufocava. Ela se ajoelhou, o joelho doendo no assoalho, e puxou Milli para um abraço apertado, inalando o cheiro de sabonete e infância dos cabelos da filha. Roman, parado na porta, parecia um estranho.
"Não, meu amor, não é um castelo," sussurrou Charlotte, lutando para manter a voz firme, forçando um sorriso que não alcançava seus olhos inundados. "O papai vai fazer uma... uma viagem de trabalho muito, muito importante. Ele vai ter que ficar fora por uns dias, mas logo, logo ele vai voltar, tá bom?"
Milli olhou para Roman, esperando uma confirmação. Ele hesitou por um instante, o único lampejo de dúvida cruzando seus traços impassíveis, mas a urgência de partir o venceu. Ele não disse nada. Simplesmente pegou a mala e se dirigiu à porta.
"Eu ligo para vocês," Roman murmurou, um adeus frio e vago que nem sequer soou como uma promessa. Ele saiu da sala, atravessou o corredor e desapareceu pela porta da frente. Não houve um último olhar para a esposa que chorava, nem um aceno para a filha confusa.
Charlotte permaneceu ajoelhada, a abraçando a filha com uma força desesperada, como se pudesse protegê-la do mundo que acabava de desmoronar. O vazio deixado por Roman era um frio cortante, enquanto o único som que preenchia a casa era o soluço abafado de uma mãe e a respiração suave de uma criança.
Archer permaneceu paralisado na soleira da porta. O cheiro de curral, sangue e terra em suas roupas parecia amplificar a tensão do momento. Charlotte, a mulher do elevador, a estranha que o havia atingido com uma atração tão forte, estava ali. Ela era simplesmente linda – seus cabelos loiros claros, seus olhos expressivos – e irradiava algo bom, uma calma estranha que o alcançava mesmo à distância. Inexplicavelmente, a sensação era a mesma da primeira vez que ele viu Lanna, sua falecida esposa, no corredor do colégio.Ele estava prestes a se desculpar por sua aparência deplorável e iniciar a entrevista, quando a porta da sala se abriu novamente. Era a governanta, a Sra. Davies, com uma expressão de pânico contido."Sr. Hale, lamento interromper," ela sussurrou, a voz tensa. "Mas é importante. A senhorita Emma está chorando no quarto e trancou a porta. Ela não me deixa entrar."O encanto foi quebrado abruptamente. A entrevista, a atração, tudo se dissolveu diante da prioridade inegociá
A conversa de Charlotte e Rose foi interrompida no momento em que a porta do quarto se abriu e uma enfermeira baixinha e sorridente entrou com uma prancheta."Sra. Rose," a enfermeira anunciou, checando os dados na prancheta. "Boas notícias! Seus exames estão ótimos, e o médico confirmou: foi apenas um pico de estresse e ansiedade. A senhora está de alta! Mas precisa de repouso absoluto em casa. Nada de se esforçar por uma semana, combinado?"Rose sorriu. "Que ótimo! Já estava cansada dessa gelatina."O alívio final permitiu que Charlotte respirasse profundamente pela primeira vez desde que Beth havia ligado. O medo se foi.Dez minutos depois, Rose estava em casa, de volta ao conforto familiar. Charlotte a ajudou a se ajeitar na cama do seu quarto, com as colchas bordadas e os travesseiros macios."Pronto, mamãe. Agora você descansa, e eu cuido de você," Charlotte disse, ajeitando as cobertas.Rose suspirou, um som de puro relaxamento. Ela olhou para a filha com carinho. "Charlotte, e
O segundo andar do Hospital cheirava à desinfetante. Charlotte guiou Milli pelo corredor, suas mãos ainda apertando o pequeno buquê e o papel de emprego amassado dentro da bolsa que carregava. A visão do homem e da menina triste, e a tentação salarial, formavam um ruído constante em sua mente.Elas encontraram o Quarto 204.Ao entrarem, o ambiente era acolhedor, apesar da palidez das paredes hospitalares. Rose, a mãe de Charlotte, estava sentada na cama, usando uma camisola de flanela, com o cabelo grisalho preso. Ela estava comendo uma gelatina vermelha com uma colher de plástico. A reação de Rose foi imediata. Um grande sorriso iluminou seu rosto, e ela estendeu os braços."Minha querida! Meu Deus, você veio voando! E minha netinha linda!"Milli, que era ligada à avó por um carinho profundo, correu imediatamente para a cama e se jogou nos braços de Rose, com cuidado. "Vovó! Eu trouxe flores! Você está bem, não está?""Estou perfeitamente bem agora, meu amor. Foi só um susto," Rose
Assim que Charlotte desligou o motor, o silêncio do amanhecer do Arizona envolveu o carro. O ar estava seco e limpo, carregado de um cheiro sutil de sálvia silvestre. O som suave da porta do carro de Charlotte se abrindo e o ranger de suas dobradiças foi suficiente para despertar Milli, que piscou, desorientada pela luz laranja do sol."Chegamos, mamãe?" Milli perguntou, a voz ainda pastosa de sono, esfregando os olhos azuis."Chegamos, meu amor," Charlotte respondeu, fechando a porta com cuidado. Ela deu a volta, abrindo a porta traseira, e desengatou o cinto de segurança da filha. "Bem-vinda ao Arizona."Milli saiu do carro e esticou o corpo, observando o novo cenário com sua curiosidade habitual. As duas pararam por um momento, lado a lado, absorvendo a atmosfera.A vizinhança era de uma simplicidade charmosa, uma fileira de casas baixas com telhados de telha espanhola e jardins que desafiavam o clima árido com cactos floridos e suculentas resistentes. O ambiente era notavelmente c
A chegada em casa foi marcada por uma energia febril e focada. Charlotte e Milli, superando a decepção da viagem à praia, transformaram a ansiedade em ação. O quarto de Milli, ainda quente com a promessa de férias canceladas, tornou-se o centro da organização. Charlotte puxou uma mala de viagem grande do armário e começou a selecionar roupas práticas, pensando mais em conforto e longas horas de hospital do que em estilo."Tudo bem, Miss Milli. Você coloca na sua mochila só o que for realmente importante, certo?" Charlotte instruiu, dobrando rapidamente camisetas e meias.Milli, abraçada ao seu urso de pelúcia favorito, acenou seriamente. "Só meus três livros de colorir, o ursinho e o pijama de dinossauro. E algumas guloseimas para a vovó!""Sem guloseimas para a vovó, por enquanto," Charlotte disse, com um sorriso triste, lembrando-se da restrição que ela mesma acabara de enfrentar no asilo. "Mas as outras coisas, sim. Vamos de carro, então precisamos ser eficientes."Em menos de uma
O restante do turno de Charlotte desenrolou-se com a monotonia familiar do cuidado. Ela trocou lençóis, serviu almoços e ouviu as histórias repetidas e cativantes dos outros funcionários. O único momento que quebrou a rotina foi o encontro com a Sra. Lúcia.No final da tarde, enquanto ajudava a idosa a se ajeitar em sua poltrona perto da janela, a Sra. Lúcia, com seus olhos vivos, inclinou-se confidencialmente."Minha querida Charlotte," ela sussurrou, a mão enrugada apertando a dela. "O Sr. Torres está distraído lá na sala dele. Será que você não conseguiria, só hoje, aquele biscoitinho de aveia? Sabe, a vida fica tão doce com eles..."Charlotte sentiu uma pontada de tristeza e precisou reunir toda a sua firmeza. Ela se ajoelhou ao lado da poltrona, pegando as mãos finas da Sra. Lúcia."Minha doce Sra. Lúcia, eu sinto muito, mas não posso mais fazer isso. O Sr. Torres me chamou à sala dele esta manhã e me deu um ultimato severo," Charlotte explicou, sua voz suave, mas séria. "Ele me





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