Mundo ficciónIniciar sesiónIsadora só queria um emprego. Encontrou o homem que poderia destruir e salvar sua vida. Prestes a ser despejada, Isa aceita trabalhar como babá na mansão Lancaster. Mas o que ela não esperava era Adrian: o magnata frio, distante e quebrado pela morte da esposa. Ele tem regras para tudo, paredes emocionais intransponíveis e um olhar que a deixa sem ar. A aproximação é inevitável. O desejo também. E justamente quando Isa e Adrian começam a se entregar um ao outro, o irmão dele entra no jogo, com charme, mentiras e um segredo capaz de destruir o que eles estão construindo. Uma perseguição misteriosa, um medo antigo, uma acusação injusta… e Isa é afastada da casa que finalmente parecia um lar. Agora Adrian precisa enfrentar sua dor, seu passado e o próprio irmão para recuperar a única mulher que fez seu mundo voltar a respirar. Um romance proibido, quente e cheio de reviravoltas. Uma história de desejo, ciúmes, manipulação e redenção. E um magnata capaz de tudo para proteger quem ama.
Leer másIsadora
Eu fico parada diante da porta como uma idiota, olhando para o papel amarelo colado bem no centro, como se ele fosse explodir de repente. O aviso de despejo balança com o vento da janela do corredor, fazendo aquele barulhinho irritante… tac, tac, tac… quase como se estivesse zombando de mim.
Dois meses de atraso.
Dois.Meu estômago afunda como se alguém tivesse enfiado a mão e puxado para baixo. Tento rir, aquele riso besta que sai quando a gente tá no limite, mas o som morre antes de escapar.
Eu sabia que isso ia acontecer.
Eu só não queria ver acontecendo.Empurro a porta e entro no apartamento, esse cubículo que aprendi a chamar de casa. Quinze passos e já cheguei na janela. Dez e chego na cama. Tudo ao mesmo tempo apertado e vazio, como se lembrasse a cada segundo que eu não tenho mais para onde correr.
Me sento no colchão afundado e passo as mãos no rosto. Não tenho ninguém para pedir ajuda. Amigos? Só a Dani, e ela já segurou muita barra minha. Não posso colocar mais uma.
Respiro fundo, tentando não chorar. Minha garganta queima.
Eu não posso perder nada agora.Minha mãe sumiu de novo, claro. Some sempre que as dívidas dela estouram, como se o mundo tivesse um botão de desligar só pra ela.
O que ela deixa no lugar? Mensagens de cobrança no meu celular, números desconhecidos ligando sem parar, e uns caras batendo na porta ontem à noite perguntando por “Miriam”.Engoli seco e disse que ela não morava aqui.
Mentira óbvia.Tentei todos os bicos possíveis nas últimas semanas. Recepção de consultório, faxina esporádica, ajudar na padaria da dona Célia duas ruas abaixo.
Sinto que estou sempre fugindo de algo.
Às vezes lembro da minha infância, mas não como lembrança nítida… é mais como uma sensação incômoda no peito.
Eu cuidando da minha mãe.Ela chorando.Eu arrumando os restos.
Ela prometendo que ia melhorar. Eu acreditando. Sempre eu acreditando.Eu aperto os olhos com força, respirando como se estivesse tentando puxar de volta o ar que sempre escapa.
O celular vibra no meu colo, assustando como se tivesse caído uma bomba dentro do quarto.
Quando vejo o nome da Dani na tela, sinto um fiapo de alívio. Ela sempre aparece nos piores momentos, tipo um anjo falastrão.A mensagem chega em caps lock, claro, porque ela nunca sabe falar baixo nem por texto:
ISA, PELO AMOR, OLHA ISSO. VAGA DE BABÁ. MANSÃO LANCASTER. COMEÇO URGENTE. SALÁRIO QUE PAGA SUA VIDA INTEIRA.
Abro o link com a mão tremendo. O anúncio é quase assustador de tão formal, cheio de regras, exigências e aquele tom de “não encoste em nada que não é seu”. Mas eu não estou em posição de reclamar de rigidez.
Pego meu currículo meio remendado, atualizo duas coisinhas por cima e escrevo um e-mail rápido, tentando parecer profissional enquanto minhas mãos suam.
Envio.
Mal consigo respirar nos minutos seguintes. Fico ali, encarando o teto manchado do meu apartamento, ouvindo o tic-tic do aviso de despejo batendo na porta como uma contagem regressiva para o meu fracasso.
Cinco minutos depois, meu celular vibra de novo.
Quase deixo cair no chão.Mensagem nova no e-mail:
Recebemos sua candidatura. Entrevista hoje, às 15h. Comparecer à Mansão Lancaster. Urgente.Meu coração dispara tão forte que parece errado, como se estivesse batendo no lugar errado dentro do peito.
Hoje. Às 15h.Eu olho para o relógio.
Meus lábios se apertam num quase sorriso nervoso.É agora ou nunca.
Entro devagar, como se o chão pudesse desabar a qualquer passo.Ele não tira os olhos da tela, apenas mexe o queixo na minha direção, como se isso fosse o suficiente para me manter no lugar certo.Seguro a barra da camiseta para parar o leve tremor.Eu abro a boca, mas nada sai.Ele apoia os dedos na mesa, lentamente, como se tivesse todo o tempo do mundo para me deixar nervosa.— Feche a porta, Isadora.Meu coração dá um tropeço tão feio que parece cair no estômago. Viro, fecho a porta com cuidado, e quando olho de novo… ele ainda está me observando. Sem piscar. Sem desviar.— Eu… Eu respiro fundo, tentando parecer adulta, profissional, alguma coisa que não seja uma menina desesperada.— Preciso falar com você sobre... uma questão urgente.A sobrancelha dele sobe só um milímetro. — É… financeiro — consigo murmurar, quase engolindo a palavra.— Financeiro — repete, e a palavra na boca dele soa quase íntima. — Continue.— Recebi uma cobrança hoje. Uma que não posso ignorar. E… — fech
Acordo meio perdida, como se tivesse dormido num lugar que não é meu. Preciso de alguns segundos até lembrar: não é meu apartamento apertado. É o quarto enorme da mansão Lancaster. Silêncio demais. Espaço demais. Tudo demais.Pego o celular ainda com metade do rosto afundado no travesseiro. Nenhuma mensagem. Nada da minha mãe.O peito aperta daquele jeito familiar, cansado. Não é surpresa ela sumir. Mesmo assim, dói.Abro as notificações. Três mensagens do dono do apartamento. Precisamos do pagamento hoje. Último aviso. Se não houver retorno, vamos prosseguir com o despejo.Meu estômago vira um nó tão forte que quase me dobra. Claro que tinha que ser hoje. Claro.Sento na cama e esfrego o rosto com força, tentando respirar. Mas a respiração não vem direito. O medo sim.Levanto e começo a me arrumar como se estivesse atrasada para salvar a própria vida.**Saio do quarto ajeitando o cabelo e sigo pelo corredor, tentando lembrar o caminho. A casa é tão grande que parece que mudei
O motorista para diante da mansão como se eu já morasse aqui há anos. A noite caiu, mas a casa continua iluminada daquele jeito exagerado, impecável, quase intimidante.Coloco minha mochila sobre a cama e começo a arrumar as coisas. Levo menos de cinco minutos para preencher apenas um canto do guarda-roupa. O resto do espaço fica vazio, gritando uma coisa que eu tento ignorar: este lugar não foi feito para mim.Mas estou aqui. E preciso fazer funcionar.Estou fechando a porta do armário quando ouço um som baixinho no corredor. Algo como passos miúdos arrastando pelo chão. Viro devagar.Aurora está parada na entrada do quarto.Pequenininha, franjinha bagunçada, um ursinho apertado no peito como se fosse um escudo. Os olhos enormes, curiosos… e assustados. Ela parece uma sombra frágil perdida naquela casa grande demais.Meu coração amolece na hora.— Oi… — digo baixinho, sem me mexer muito para não espantar. — Você é a Aurora, né?Ela só aperta o ursinho contra o rosto.— Eu sou a Is
A primeira coisa que penso quando vejo Adrian Lancaster descendo a escada é: meu Deus, esse homem existe mesmo?Porque não é normal alguém ter aquele porte, aquela presença, aquele tipo de beleza que faz a gente esquecer como respira. E não é só beleza, é o jeito que ele se move. Devagar. Seguro. Como se o mundo inteiro tivesse que esperar por ele.Tudo que consigo notar é que ele é… bonito demais para minha paz.Meu estômago vira uma bagunça. Ótimo. Exatamente o que eu precisava: passar vergonha mental antes mesmo de começar.Ele para no último degrau e me olha. E não é um olhar qualquer. É um olhar que atravessa. Que pesa. Que parece descobrir coisas que nem eu sei sobre mim.— Senhorita Duarte — ele fala, e a voz dele é tão grave que arrepia. Tento parecer adulta. Mas minha boca só consegue soltar: — Boa tarde… senhor Lancaster.Perfeito. Minha voz saiu fina. — Venha comigo — ele diz, já virando as costas. — Vamos conversar no escritório.Sigo atrás, tentando não tropeça
IsadoraO táxi para em frente à Mansão Lancaster e meu coração parece que vai saltar pela boca.A porta se abre e o silêncio me engole.A casa é enorme, toda vidro e aço, perfeita demais. Tudo parece medido, frio.Tento respirar devagar, mas não ajuda.— Senhorita Duarte? — a voz surge de algum lugar do corredor.Olho e vejo uma mulher parada, impecável, postura perfeita. Olhos firmes, quase militares.— Sim… sou eu — consigo dizer, a voz menor do que queria.— Sou Helena Parker. Governanta da casa.Tento sorrir. Um sorriso pequeno, nervoso.Ela não muda a expressão. Nada.— Siga-me. Vamos conversar no escritório.Sigo atrás dela.— Aqui é o escritório — diz Helena, abrindo a porta. O cômodo é escuro, apesar da luz que entra pelas janelas enormes. Mesas, telas, papéis organizados com precisão cirúrgica. Tudo muito sério, muito caro.— Sente-se — ordena, apontando a cadeira à minha frente. Obedeço.— Vamos começar com algumas perguntas básicas — continua, voz firme, sem qualquer calo
AdrianÀs vezes acho que passo mais tempo olhando para telas do que para gente. Pelo menos as telas não mentem.O escritório está quase no escuro, só a luz azul dos monitores cortando o ambiente. É ridículo, eu sei, mas aqui dentro eu me sinto… seguro. Ou o mais perto disso que consigo chegar. Nada muda sem eu ver. Nada some. Nada engana.Eu reviso relatórios como quem tenta remendar um buraco que nunca fecha. Movimentação da equipe. Gravações da noite. Alertas que não aconteceram.Coisas que qualquer pessoa delegaria. Eu não.Depois do acidente, confiar virou um luxo que eu não tenho mais. Descobrir o que ela escondia… foi como cair de um prédio em câmera lenta. Pisco devagar, passando para a próxima gravação.E então aparece uma notificação no canto da tela.Candidata à vaga de babá. Registro de chegada na portaria. 14h52.Meu maxilar trava. Ótimo.Eu odeio isso. Odeio a ideia de alguém novo circulando pela minha casa,vendo de perto tudo que eu tento manter protegido. Mas





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