Não me traga mais surpresas desse tipo, Isadora.
Entro devagar, como se o chão pudesse desabar a qualquer passo.
Ele não tira os olhos da tela, apenas mexe o queixo na minha direção, como se isso fosse o suficiente para me manter no lugar certo.
Seguro a barra da camiseta para parar o leve tremor.
Eu abro a boca, mas nada sai.
Ele apoia os dedos na mesa, lentamente, como se tivesse todo o tempo do mundo para me deixar nervosa.
— Feche a porta, Isadora.
Meu coração dá um tropeço tão feio que parece cair no estômago. Viro, fecho a porta com cuidado, e quando olho de novo… ele ainda está me observando. Sem piscar. Sem desviar.
— Eu…
Eu respiro fundo, tentando parecer adulta, profissional, alguma coisa que não seja uma menina desesperada.
— Preciso falar com você sobre... uma questão urgente.
A sobrancelha dele sobe só um milímetro.
— É… financeiro — consigo murmurar, quase engolindo a palavra.
— Financeiro — repete, e a palavra na boca dele soa quase íntima. — Continue.
— Recebi uma cobrança hoje. Uma que não posso ignorar. E… — fech