No topo de uma metrópole onde corporações de tecnologia ocultam antigas linhagens de lobisomens, Rhaek Vorn comanda com punhos de ferro e sedução. Alfa de uma das maiores potências empresariais do mundo, ele mantém um harém de lobas subjugadas e alianças forjadas pelo medo — até que o passado retorna em carne e sangue. Narelle Nox foi entregue a ele ainda jovem, trocada por recursos e proteção, e criada sob sua vigilância para, um dia, ser tomada. Marcada em um ritual ancestral como sua futura loba fértil, ela fugiu antes que o destino fosse selado, grávida e determinada a desaparecer. Mas anos depois, ressurge como uma mulher bela, firme e estrategicamente posicionada como acionista da própria corporação Vorn, escondendo sua identidade — e o filho que ele jamais conheceu. O reencontro é uma colisão de passado e presente. Rhaek a reconhece. O sangue clama por posse. Narelle se recusa a se curvar. Enquanto a empresa se torna palco de uma batalha silenciosa entre desejo e poder, o Alfa precisa lidar com sua atual Luna, com um harém ameaçado, e com a loba que carrega sua marca... mas que pode destruí-lo de dentro para fora.
Leer másA lua cheia escorria prata sobre os telhados da sede. Era uma noite de cerimônia, mas também de rachaduras. Nada do que estava por vir fora previsto nas runas. Nem nos sussurros das matriarcas. Apenas... sentido.Tiza descia os corredores em silêncio, os cabelos presos, o vestido de linho escuro marcando as formas recém-acesas pela maternidade. As contrações ainda não haviam começado, mas os filhos chutavam com força, como se pedissem espaço, território, fogo.Foi quando a ouviu. A risada abafada. O sussurro arrastado.Dora.Deitada entre almofadas no salão anexo, envolta apenas por um manto escorregadio, exalando o cheiro inconfundível de cio satisfeito.Tiza não hesitou.Entrou como uma tempestade contida — olhos em brasa, passos seguros.— Dormiu com ele de novo? — a voz cortou o ar.Dora táfingiu surpresa, mas não se levantou.— E se dormi? Ele não é teu, ômegazinha. Nem tua cria ainda saiu de ti.Tiza não respondeu com palavras. Mas com garras.Avançou.O impacto derrubou a ôme
A manhã se erguia úmida sobre os campos ao redor da sede. Um tipo de neblina pastosa cobria as trilhas, como se o mundo hesitasse em despertar. E, entre as pedras, o som dos treinamentos começava a ecoar.Luxor já estava no centro da clareira quando os irmãos chegaram.Kira veio à frente, os cabelos presos em uma trança dupla, a postura impecável. Atrás dela, as gêmeas — Tali e Runa — andavam lado a lado, espelhos uma da outra, olhos atentos, silêncio firme. Por fim, lobos Aron e Sileth, todos de doze anos, seguiam os passos dos mais velhos com a mesma rigidez que viam nos adultos, como se já carregassem o peso da hierarquia.Luxor os observou sem falar. Não era dado a gestos afetivos, e tampouco esperava algo em troca. Ainda assim, notou quando Aron desviou o olhar, e quando Sileth inclinou levemente a cabeça — como um aceno envergonhado de reconhecimento.Ficaram frente a frente por um tempo que pareceu mais longo do que era.— Estão treinando juntos? — perguntou Luxor, enfim.— Com
O tempo não curava — apenas distanciava.Luxor não procurou Tiza.Desde o dia em que a notícia chegou aos corredores da sede, sussurrada por bocas assustadas e olhos arregalados, o jovem herdeiro se manteve em silêncio. Nem uma palavra, nem um gesto. Apenas sua presença fria, seus treinos mais longos e suas ausências cada vez mais propositais.Tiza, por sua vez, recusava-se a aceitar.Não a gravidez. Mas tudo.Recusava o silêncio dele.Recusava a forma como o olhar das outras ômegas mudara — de desprezo para temor.Recusava o corpo que começava a traí-la, os enjoos, os cheiros, os sinais que se acumulavam como insultos contra sua liberdade.Narelle tentava manter a ordem. Mas mesmo ela sabia que algo escapava do controle.— A gravidez foi confirmada — declarou uma das médicas do Conservatório diante do círculo dos anciãos. — Tiza está no segundo mês. Os batimentos estão firmes. O feto é viável.Rhaek, em pé junto aos pilares, não disfarçou a tensão.— E Luxor? Disse algo?— Disse que
Luxor atravessou os portões da sede central da alcatéia com o mesmo olhar que carregava desde menino: distante, apurado, como quem enxerga além da matéria. Agora com dezessete anos, sua estatura ultrapassava a de muitos Alphas. Ombros largos, corpo firme, rosto anguloso e silencioso. Nada nele sugeria docilidade — exceto, talvez, o mistério dos olhos de cor âmbar, tão hipnóticos quanto perigosos.A recepção organizada por Narelle era discreta, com os membros do conselho reunidos no salão interno. Ele detestava festas, discursos, gente demais. Mas sabia que hoje não poderia fugir. Era a noite anterior ao ritual de passagem. E os olhos estavam todos sobre ele.Rhaek o esperava na varanda de pedra que dava vista para as planícies, braços cruzados, um cigarro apagado entre os dedos.— Está pronto? — perguntou o pai, sem rodeios.— Estive pronto há muito tempo. Vocês é que demoraram — respondeu Luxor com um tom sem esforço, a voz grave e controlada.Rhaek arqueou uma sobrancelha. — A arrog
O tempo havia passado como um vinho forte: fermentando desejos, azedando alianças, maturando impérios.Cecília, agora no topo absoluto da torre leste, governava com os olhos semicerrados e os lábios sempre pintados de carmim. Kael, outrora feroz e estrategista, tornara-se uma extensão do seu pulso. O lobo que muitos temiam, agora assinava contratos sob sua supervisão direta — a mesma mão que o afagava no escuro.“Você não nasceu para negociar, Kael. Nasceu para comandar com o corpo. E isso, meu bem, eu já domestiquei.”Ela dizia isso baixinho, enquanto suas unhas riscavam a pele dele como quem assina uma sentença. E Kael sorria, exausto e entregue, entre papéis e lençóis.Callista, por sua vez, tornara-se mais que amante. Era sócia, confidente e estrategista. Seus olhos frios liam gráficos como quem decifra mapas de guerra. Entre uma reunião e outra, deitava-se com Cecília, com Kael, com Lysa — sem promessas, mas com domínio.Lysa, embora em segundo plano, mantinha sua presença como u
Na mansão mais alta do setor leste, onde a luz parecia artificial mesmo em plena manhã, o interior da casa estava impregnado de incenso doce e veludo quente. As paredes cobertas por tapeçarias escuras abafavam os sons, mas não os gritos — aqueles que não vinham da dor, mas do colapso dos limites.Cecília desceu as escadas como quem governa um templo profano. Estava nua sob o robe de seda vinho, os cabelos soltos, os pés descalços. Um cálice de vinho preto em uma mão, e um sorriso predador nos lábios.Na sala principal, Kael estava sentado.A poltrona de couro o engolia como uma cela viva. Seus pulsos estavam soltos, mas ele não se movia. O corpo magro, marcado, os olhos fixos na cena à sua frente — onde o prazer se misturava ao castigo, e o domínio deixava marcas mais profundas que qualquer mordida.Callista estava no centro.Com os braços atados por correntes de seda suspensas no teto, o corpo arqueado, as pernas abertas como oferenda. Seus olhos já não tinham vergonha. Apenas submis
Último capítulo