No topo de uma metrópole onde corporações de tecnologia ocultam antigas linhagens de lobisomens, Rhaek Vorn comanda com punhos de ferro e sedução. Alfa de uma das maiores potências empresariais do mundo, ele mantém um harém de lobas subjugadas e alianças forjadas pelo medo — até que o passado retorna em carne e sangue. Narelle Nox foi entregue a ele ainda jovem, trocada por recursos e proteção, e criada sob sua vigilância para, um dia, ser tomada. Marcada em um ritual ancestral como sua futura loba fértil, ela fugiu antes que o destino fosse selado, grávida e determinada a desaparecer. Mas anos depois, ressurge como uma mulher bela, firme e estrategicamente posicionada como acionista da própria corporação Vorn, escondendo sua identidade — e o filho que ele jamais conheceu. O reencontro é uma colisão de passado e presente. Rhaek a reconhece. O sangue clama por posse. Narelle se recusa a se curvar. Enquanto a empresa se torna palco de uma batalha silenciosa entre desejo e poder, o Alfa precisa lidar com sua atual Luna, com um harém ameaçado, e com a loba que carrega sua marca... mas que pode destruí-lo de dentro para fora.
Leer másO chalé erguia-se entre as montanhas como refúgio silencioso. Rhaek havia partido sem grandes explicações, apenas avisara que precisava de dias longe da mansão, longe da matilha, longe até de Narelle. Carregava no peito uma ferida que não sangrava por fora, mas corroía por dentro.No silêncio das paredes de madeira, buscava respostas em garrafas de vinho e no vento que assobiava pelas frestas. A traição de Narelle, ainda que confessada com uma mentira, ecoava como sentença que nenhum Alpha gostaria de ouvir.Na mansão, Narelle mantinha a postura. Cuidava dos filhos adolescentes, organizava a vida da matilha, mas a ausência de Rhaek transformava cada amanhecer em vazio. Luxor, agora homem feito, assumira os negócios com firmeza; as empresas prosperavam sob sua liderança, garantindo que o nome Vorn permanecesse forte no mundo humano.Ainda assim, no íntimo, Narelle sabia que nunca deveria ter contado a Rhaek sobre aquele deslize. Pior: se ele descobrisse que não se tratava de um humano a
A mansão estava em silêncio. Narelle havia dispensado os omegas e ordenado que ninguém a incomodasse naquela noite. Ela mesma cuidara da mesa na suíte principal: velas baixas, vinho encorpado, um prato simples mas preparado com zelo. Não queria luxo, queria intimidade. Queria, acima de tudo, apagar a sensação de vazio que lhe queimava o peito desde o retorno de Dubai.Vestiu a camisa de seda que escolhera de propósito. Os botões frouxos revelavam mais do que escondiam, os mamilos eriçados denunciavam sua agitação. Rhaek entrou no quarto com olhar atento; ela o recebeu com um sorriso suave, mas por dentro tremia.— Um jantar a sós? — ele arqueou a sobrancelha, sentando-se à mesa.— Preciso de você para mim, apenas isso — respondeu, servindo-lhe vinho.Falaram sobre negócios, sobre os avanços na negociação em Dubai, sobre contatos estratégicos. Rhaek, sempre meticuloso, quis saber o que ela fizera além das reuniões. Narelle sustentou o olhar, mentindo com uma calma que a surpreendeu.—
O relógio da mansão marcava duas da manhã. O silêncio parecia sufocar os corredores, e só o bater acelerado do coração de Narelle a lembrava de que estava viva. Ela se levantou da cama devagar, tomando cuidado para não despertar Rhaek, que dormia pesado ao seu lado.A cada passo até o escritório, a mente dela se enchia de imagens: o beijo, o toque, o jeito inconfundível de fazê-la perder o controle. Aquilo não poderia ser coincidência. Não podia ser apenas um sonho.Sentou-se diante da mesa, o celular em mãos. O número de Kalil ainda estava gravado, fruto dos contatos recentes de negócios. Os dedos tremiam quando discou.A ligação demorou a ser atendida, e por um instante ela pensou em desligar. Mas então, a voz dele atravessou a linha — grave, calma, com uma tonalidade que fez seu estômago revirar.— “Narelle?”Ela engoliu seco, a respiração curta.— “Sim. Sou eu.”Um silêncio carregado se estendeu, como se do outro lado houvesse mais do que apenas hesitação.— “Não esperava sua liga
A noite seguinte ao almoço de despedida foi marcada pelo silêncio. No quarto do hotel, as malas já estavam arrumadas para a viagem de volta, mas Rhaek não conseguia dormir. O incômodo crescia como brasas sob a pele.Sentado à beira da cama, observava Narelle soltar os brincos e massagear os pulsos delicados.— Narelle… — a voz dele saiu grave, pesada — o que houve no toalete?Ela parou por um instante, olhando o reflexo no espelho, mas não respondeu de imediato.— Nada, Rhaek. Já disse que não foi nada.— “Nada” não demora tanto. — Ele se levantou, aproximando-se, o olhar fendido pelo ciúme. — Foi Kalil, não foi?Narelle respirou fundo. Tentou se recompor, mas um sorriso breve, quase irônico, escapou.— Se eu não soubesse o quanto é ridículo… — murmurou, cruzando os braços — diria que Kalil é o próprio Kael… em outra pele.Rhaek riu, seco, como se a ideia fosse absurda demais para ser considerada.— Então você teve uma recaída — disse, frio, encarando-a como se pudesse arrancar a verd
Rhaek era um homem de faro aguçado. Sua vida inteira fora moldada por instintos, leituras sutis e desconfianças que lhe salvaram de armadilhas incontáveis. Ainda assim, por mais que observasse Kalil, não havia clareza em sua mente. Algo no marroquino o atraía como um espelho longínquo: a postura, o modo firme de medir cada palavra, o silêncio que carregava mais força do que qualquer grito.E, ao mesmo tempo, havia repulsa.O passado de irmãos, vivido ao lado de Kael, trazia lembranças que ora lhe aqueciam, ora lhe corroíam as entranhas. E embora não conseguisse ligar Kalil diretamente a ele, sentia um chamado incômodo em seu íntimo — como se, diante daquele homem, as memórias insistissem em despertar.Ele e Narelle permaneceram mais alguns dias em Marrakesh. Luxo, festas e jantares eram disfarces convenientes para manter os olhos atentos sobre o império recém-erguido por Kalil. Narelle, indiferente às suspeitas do marido, aproveitava os corredores do poder e os olhares que ainda atraí
Sete anos haviam passado desde o ritual que selou o destino de Kalil, Zarah e seus trigêmeos. A vida, antes marcada por feridas abertas e ódios incontornáveis, agora se tornara um império erguido sobre decisões firmes e estratégias afiadas. O homem que um dia fora caçado pelo próprio passado, hoje figurava nas capas digitais das mais prestigiadas revistas de negócios internacionais.”O homem do ano” — anunciava uma das manchetes.”O lobo de Marrocos que conquistou a moda e os investimentos globais”, destacava outra.Kalil dominava o mercado com mãos de ferro, criando redes de influência em Marraquexe, Casablanca e até mesmo em Paris, onde o luxo era mais do que consumo: era poder. Os trigêmeos, agora crianças de sete anos, cresciam saudáveis, inteligentes e já demonstravam a herança instintiva de lobos que carregavam no sangue.Zarah, por sua vez, tornara-se um ícone de elegância. Suas lojas de moda espalhavam-se por Dubai, Marrakesh e Doha, cada uma trazendo a assinatura de seu estil
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