— Um destino que não é meu... — murmurei, enquanto minhas mãos tremiam diante do altar. O mundo desabou. As portas explodiram, e ele surgiu. O Alfa do Norte. Imponente, letal, seus olhos verdes como tempestades cravaram-se em mim, roubando meu fôlego. Cada passo seu era uma promessa de destruição. — Eu tenho muitas objeções a este casamento. — Sua voz grave fez o santuário tremer. Drevan, o Feiticeiro Supremo, avançou com um sorriso gelado. — Ela está vinculada a mim. Se eu morrer, ela também morrerá. Keenan arqueou a sobrancelha com um sorriso mortal. — Dei a impressão de estar pedindo permissão? Num instante, ele me ergueu, jogando-me sobre seus ombros. — Me ponha no chão! Eu o rejeito, Alfa do Norte! — gritei em protesto, enquanto meu rosto queimava de vergonha. — Você ainda não compreendeu o seu lugar, feiticeira, — ele rosnou, seus olhos como lâminas cravando-se em mim. — Você é minha presa. livro 01: Promessa do Alfa a Luna cega* *Este é o segundo livro da saga. Cada personagem tem sua própria história, permitindo que seja lido de forma independente.*
Leer másPOV: YULLI
Com dedos trêmulos, disquei seu número uma última vez.
— Me perdoe, pulguento... — sussurrei direta, enquanto o vento gélido cortava minha pele.
Uma lágrima teimosa escorria por meu rosto. Mordi os lábios, tentando conter um soluço.
— Não consegui ficar fora de confusão.
Meu corpo doía, não apenas pelos ferimentos, mas por todo peso das decisões que me trouxeram até aqui, aos portões ancestrais do clã das bruxas.
— Yulli? Onde você está? — A preocupação em seu rosnado me fez quase desistir de tudo.
— Preciso que pare de me procurar, vira-lata. — Endureci minha voz, mesmo que por dentro estivesse despedaçada. Ergui o queixo, como se ele pudesse me ver. — Siga com sua vida, encontre uma Luna e seja feliz. Não venha mais atrás de mim!
Desliguei antes que sua voz pudesse me fazer mudar de ideia. O celular encontrou seu fim sob meus pés, cada pedaço quebrado simbolizando o fim desta história.
Com passos pesados, entrei na cidade chamada Fenda. As frases na grande pedra ornamental contando o início da nossa história, uma história que agora também carregaria minha marca:
“o amor impossível entre um poderoso rei Lycan e uma feiticeira lançou nossas espécies à beira da ruína...”
Atravessei o corredor do conselho com passos firmes, mesmo sentindo o peso dos olhares sobre mim. Os guardas, ao me reconhecerem, arregalaram os olhos em espanto, afinal, não era todo dia que uma traidora voltava por vontade própria.
Parei diante deles e ergui meus braços em rendição.
— Anunciem ao feiticeiro supremo que Yulli Fireveil retornou — declarei com o queixo erguido e um olhar desafiador. Completei: — A noiva traidora do clã das bruxas está pronta para seu julgamento e para enfrentar as consequências de seus atos!
Só um segundo depois, já estou na frente do feiticeiro supremo.
Me vi ajoelhada em um chão frio e úmido, os ossos do meu corpo dolorido pelo despertar da marca. Sentia a raiz daquele maldito pacto absorvendo minhas forças vitais.
Tentei me erguer, mas algo me puxou de volta, impedindo-me. Olhei ao redor, vendo correntes apertadas em torno dos meus pés e punhos, brilhando com uma energia que queimava minha pele e repelia qualquer tentativa de acessar o meu poder.
— Precisa mesmo de tudo isso? — Indaguei nervosa, sentindo seus olhos sobre mim, avaliando-me. Ergui os punhos, mostrando as algemas que marcavam minha pele, criando feridas profundas em minha carne.
— Sabemos que sim. — Drevan torceu o nariz com desgosto, parando diante de mim.
Com um movimento brusco, puxou a corrente que prendia meus pulsos, forçando meu corpo a contorcer-se, a inclinar-se em sua direção, até que nossos rostos estivessem a milímetros de distância, tão próximos que sua magia negra empesteava o ar.
Seus dedos esguios e gélidos apertaram minhas bochechas, fazendo meus dentes rangerem de dor.
— Deveria se sentir honrada, minha adorável noiva... — sussurrou ele com perversidade. — Por ter o privilégio de ser escolhida por mim.
Seus olhos percorreram meus lábios com luxúria revoltante, a arrogância em sua voz causando-me náuseas.
— De todas as mulheres que já possuí — continuou ele, apertando ainda mais meu rosto — você foi a única que deixou uma marca. — Seu sorriso cruel despertou lembranças que me fizeram tremer. — Seus beijos permanecem em minha memória.
— Única que sobreviveu às suas atrocidades! — gritei, arrancando meu rosto de suas mãos e cuspindo nele com todo o desprezo que sentia.
Drevan limpou o rosto devagar. Seus olhos negros faiscaram com uma fúria assassina enquanto seu sorriso se desfazia. O tapa veio violento, cortando o canto de minha boca. Antes que pudesse reagir, seus dedos envolveram meu pescoço, apertando, cravando na pele, roubando meu ar.
— Isso... termine logo com isso. — murmurei, sentindo a escuridão me envolver.
— Buscando a saída mais fácil? — Sua gargalhada ecoou sinistra. — Não, minha adorável Yulli, nós temos um casamento para firmar.
Com brutalidade, agarrou meus cabelos e puxou minha cabeça para trás, seus dedos se enroscando na base da minha nuca. Sem aviso, invadiu minha boca com sua língua asquerosa. O gosto amargo de sua presença queimava minha garganta, fazendo todo meu ser gritar em repulsa. Quando finalmente me libertou, jogou-me ao chão com violência.
Ofegante, tentei limpar a boca nos ombros, desesperada para apagar o rastro nojento de seus toques. Meus punhos se fecharam enquanto a fúria dentro de mim queimava cada vez mais intensa.
— Hora de oficializar nossa união! — anunciou ele, acenando para as empregadas. — Te vejo no altar, feiticeira.
Como uma boneca sem vida, fui entregue aos cuidados das criadas. Elas rasgaram minhas roupas com tesouras afiadas e limparam meus ferimentos sem gentileza, cada toque fazendo-me conter gemidos de dor.
O vestido de noiva foi praticamente forçado em meu corpo, enquanto cobriam com maquiagem os hematomas, presentes do meu futuro marido. Finalizaram com um batom vermelho, cílios bem-marcados e um coque alto, deixando alguns fios dourados emoldurarem meu rosto.
Diante do espelho, não pude negar, estava linda. A maquiagem realçava o tom único de púrpura dos meus olhos. Em outro momento, se fosse com o lobo que verdadeiramente tinha meu coração, este seria o dia mais feliz da minha vida. Mas as correntes em meus pulsos me lembravam da cruel realidade.
Os guardas me arrastaram sem cerimônia até o santuário sagrado, onde as sacerdotisas abençoavam as uniões dos feiticeiros. No altar, Drevan me aguardava em seu elegante terno preto, seus olhos negros brilhando com uma mistura de prazer e crueldade.
— Sorria, minha querida, hoje é o dia do seu casamento! — provocou ele, com um sorriso malicioso.
— A morte me parece mais convidativa — retruquei, recebendo seu olhar furioso em resposta.
A sacerdotisa começou o ritual, recitando as palavras de união até chegar ao momento decisivo:
— Enfim a profecia se cumprirá — declarou ela solenemente. — Se alguém tiver algo contra esta união, fale agora ou cale-se para sempre.
De repente, as portas do santuário explodiram em uma onda de poder primitivo. Um rosnado feroz ecoou pelas paredes, fazendo o ar vibrar e os presentes estremecerem. Por entre a poeira e destroços, surgiu ele, imponente em seu terno azul, cada passo seu uma declaração de domínio absoluto.
Keenan avançou com a elegância fatal de um predador alfa, mãos nos bolsos em uma falsa demonstração de casualidade. Seus olhos esverdeados cintilavam predatórios, percorrendo o ambiente com intensidade. Um sorriso perigosamente sedutor brincava em seus lábios, uma aura de poder selvagem emanava de cada movimento seu.
— Eu tenho muitas objeções a este casamento. — Sua voz, rouca e profunda, com um toque sedutor como pecado, reverberou pelo santuário. O chão tremeu sob seus pés, respondendo à sua presença dominante. Erguendo o olhar desafiador, suas pupilas dilataram fixas em sua presa. — Vim reivindicar a minha presa!
POV: YULLIAnos se passaram desde que as batalhas terminaram, e a vida finalmente parecia estável. Nossa casa estava cheia de risos e pequenos momentos que me faziam lembrar todos os dias o motivo pelo qual lutamos tanto. Selennia e Phoenix eram o centro do nosso mundo, duas pequenas explosões de energia e personalidade que preenchiam cada canto da nossa existência.No jardim de festas, eu observava as duas brincando juntas. Selennia estava sentada no chão, concentrada em moldar pequenos redemoinhos de energia ao redor de flores, enquanto Phoenix, sempre inquieta, corria ao redor dela, soltando faíscas de luz e gargalhando.— Mamãe, olha o que eu fiz! — Phoenix gritou, mostrando suas faíscas como se fossem a maior conquista do mundo.— Estou vendo, minha pequena. — Respondi, sorrindo enquanto caminhava mais perto.Antes que eu pudesse d
POV: KEENANO sol começava a desaparecer no horizonte, tingindo o céu de tons suaves de laranja e dourado. Eu estava parado em frente ao grande salão da alcateia, observando o movimento tranquilo da nossa comunidade. Havia uma paz na cidade que, há meses, parecia inalcançável. Cada sorriso e cada olhar sereno eram reflexos do sacrifício e da luta que enfrentamos para chegar aqui. Mas nada disso teria sido possível sem Yulli.Minha Luna. Minha companheira. Meu tudo.Desde que retornamos, ela se tornou a alma da nossa alcateia. Não era apenas respeitada — era admirada. O título de traidora que antes carregava foi apagado pela força e coragem que demonstrou. A alcateia a chamava agora de Luna da Guerra, a mulher que desafiou deuses e enfrentou seus próprios medos para proteger a todos nós.Houve algumas dificuldades no in
POV: KEENANEra como se o tempo tivesse decidido me torturar. Um segundo arrastava-se como uma eternidade enquanto eu observava o corpo inerte de Yulli. Ela estava ali, viva — pelo menos de acordo com os malditos aparelhos médicos, mas a ausência dela era uma faca cravada no meu peito. Uma semana desde a batalha, e ela não tinha dado nenhum sinal de vida. Sete dias sem ouvir sua voz teimosa ou sentir seu olhar irritado me encarando como se eu fosse o maior idiota do mundo.E talvez eu fosse.Meus olhos fixavam as telas do monitor como se, de alguma forma, pudessem dar uma resposta que ninguém mais conseguia. Não havia lógica naquilo. Callie, com seus sonhos e poderes, tinha tentado buscar a alma de Yulli, mas tudo o que conseguiu dizer foi:— Ela está ausente, não há sinais de sua alma.Ausente. Como se isso fosse uma ex
POV: YULLIMeu corpo parecia suspenso em um vazio. Eu sentia a exaustão em cada célula, mas ao mesmo tempo, minha mente estava desperta demais para ignorar o que se passava ao meu redor. Subitamente, uma luz começou a iluminar minha visão. Quando meus olhos se ajustaram, percebi que estava em um campo florido. O ar era denso, mas suave. O aroma das flores preenchia meu peito, embora a calma que ele deveria trazer fosse sufocada pela sensação de que algo estava fora de lugar.Então, ao longe, vi três figuras que fizeram meu coração parar. Eu conhecia aquelas formas, aqueles rostos. Minhas pernas fraquejaram, mas mesmo assim, eu me obriguei a dar um passo. Depois outro. E outro.— Mamãe... Papai... Minha irmã... — Minha voz saiu fraca, quase sem som.Quanto mais eu caminhava em direção a eles, mais parecia que eles se afas
POV: KEENANO ar no altar parecia vivo, pulsante, como se todo o caos ao redor estivesse convergindo para aquele momento. A luz do colar que Yulli usava era intensa, iluminando cada canto, mas o esforço dela era evidente. Seus lábios murmuravam a magia que eu não compreendia, o corpo tremendo, os olhos fixos na fenda que começava a consumir Drevan.Eu sabia que precisava mantê-la protegida, mas Drevan, mesmo enfraquecido, não recuava. Ele soltava gargalhadas sombrias enquanto seus olhos negros brilhavam de malícia. Aquele desgraçado sabia como manipular palavras, e foi exatamente o que tentou fazer quando notou o desgaste de Yulli.— Feiticeira, você se ilude achando que este sacrifício salvará algo. — Ele ergueu a cabeça, a respiração pesada, as sombras que o cercavam oscilando. — Seus filhos nunca terão paz. A gue
POV: YULLIMinha mente escureceu por um instante, como se o mundo tivesse congelado. Tudo o que eu ouvia era minha própria respiração pesada, o som das garras de Olson raspando o chão e as batidas frenéticas do meu coração ecoando em meu íntimo. O peso da realidade era esmagador.Então, algo mudou. Quando a garra do lobo estava prestes a descer sobre mim e sobre minhas filhas, ela parou. O golpe não veio. A pata, em vez disso, tocou minha barriga de forma inesperada, leve, quase como um toque protetor. Minha respiração falhou por um momento, e meu corpo estremeceu de alívio misturado ao terror que ainda me consumia. Olson inclinou a cabeça, seus olhos ferozes suavizaram, e ele farejou suavemente o lugar onde meus filhotes estavam.A fera abaixou o corpo, seus músculos ainda tensos, como se ele travasse uma batalha interna contra su
Último capítulo