Em um mundo onde lobisomens e humanos coexistem em tensão, Alina foi dada em casamento ao poderoso alfa Dorian, em um acordo selado por seu pai em seu leito de morte. Para proteger Alina e honrar o último desejo de seu pai, Dorian aceita o casamento, ganhando em troca as terras da família dela que tanto queria Todo ódio que ele sente pelos humanos faz com que ele a rejeitei e despreze por dois anos. Até a noite da Lua Vermelha, Dorian é incapaz de negar o chamado da Deusa da Lua e finalmente cede à conexão com Alina, consumando o casamento, e reacendendo as esperanças dela de um futuro juntos. Mas quando ele volta a rejeitá-la, Alina vai embora escondida, sem saber que ela carrega em seu ventre o filhote dele. Enquanto ela tenta descobrir como viverá longe de tudo, Dorian descobre que a conexão dos dois era bem mais do que ele imaginou e agora precisa reconquistar a esposa que rejeitou.
Ler maisOs olhos dourados viajavam de mim para o meu pai deitado naquela cama, enviando uma onda de calor que subia por minhas pernas e se espalhava por meu corpo de um jeito que me deixava inquieta.
Eu não sabia porque meu pai tinha chamado Kaian Hawkings até ali. Ele e seu povo claramente nos odiavam e desprezavam. Tudo o que aquele homem sempre quis foram as nossas terras.
— Que bom que veio, meu amigo. — meu pai disse, com seus movimentos contidos, não parecendo o homem que já foi um dia.
Ele se referia a Kaian como amigo, mas aquilo não era verdade. A reserva da alcatéia fazia divisa com nossa fazenda, meu pai e o pai de Kaian tinham sido amigos, mas desde que os assassinatos começaram tem sido uma relação difícil.
— Como está se sentindo hoje? Tenho certeza que logo estará correndo por aí. — Kaian falou arrancando um sorriso do meu pai, que logo se transformou em uma tosse.
O ar ali nas montanhas era puro, mas nem mesmo isso ajudava ele a respirar melhor.
— Nós dois sabemos que… que isso não é verdade. — falou apesar da dificuldade. — E foi por isso que te chamei aqui.
— Vai finalmente assinar o acordo e me vender as terras, senhor Duncan? — Um sorriso debochado surgiu nos lábios de Kaian, atraindo minha atenção para a boca carnuda.
Apesar de sempre ser duro e direto, eu tinha que confessar que ele era lindo, alto e forte, com os ombros largos e a pose sempre firme. Ele parecia um homem que não temia nada, o olhar sempre afiado e confiante, que o deixavam ainda mais sexy. Como se isso fosse preciso, com aquela pele bronzeada e os cabelos grandes e castanhos, sempre bagunçados com aquele ar selvagem. Faziam me perguntar como seria deslizar meus dedos por eles.
— Vou fazer melhor, vou dá-las a você! — As palavras do pai me trouxeram de volta dos meus pensamentos.
— O que? — praticamente gritei, me ajoelhando ainda mais perto dele. — Do que o senhor está falando?
— Eu não vou viver muito mais, minha menina. — Meu pai disse, erguendo a mão com muito esforço e tocando meu rosto. — Você vai precisar de alguém que te ajude a cuidar de tudo.
— Mas temos trabalhadores para isso, pessoas que já cuidam da fazenda. Eu posso dar conta de gerir tudo aqui. — falei com desespero, mas era inútil porque ele parecia decidido.
— Eu sei que pode cuidar de tudo, já faz isso há muito tempo. — ele puxou o ar com dificuldade antes de voltar a falar. — Mas alguém precisa cuidar de você.
Os olhos cansados se desviaram até o homem parado ao pé de sua cama, ele encarou Kaian por um longo tempo, como se os dois pudessem conversar pelo olhar.
E então eu comecei a entender, meu coração deu um salto no peito, ele não podia… meu pai não podia estar pensando em pedir que aquele homem cuidasse de mim.
— O que está insinuando papai?
— As terras são dele se vocês se casarem! — meu pai afirmou sem fazer rodeios e eu engoli em seco, me levantando em um pulo e quase caindo.
Meus pés se embaralharam e eu cambaleei para trás sem conseguir evitar, até que duas mãos agarraram minha cintura me segurando com firmeza e me arrancando o ar quando uma descarga elétrica me acertou.
Eu olhei por cima do ombro, como se quisesse constatar que ele havia sentido o mesmo, mas dei de cara com os olhos dourados me encarando de perto com um brilho predatório que fez meu coração disparar no peito.
Nunca estivemos tão próximos assim, Kaian nunca havia me tocado antes, mas ali estávamos nós, com nossos rostos a centímetros de distância enquanto suas mãos apertavam minha cintura.
Mas tão rápido quanto me pegou ele me soltou, me dando um impulso para frente. Eu o vi abrir e fechar as mãos rapidamente depois de me soltar, como se tivessem se queimado por ter me tocado.
— Qual é a pegadinha, Duncan? — ele questionou com a voz mais ríspida do que segundos atrás, enquanto eu ainda estava atordoada pelo nosso contato.
— Nenhuma! A minha filha não tem mais ninguém além de mim e quando eu morrer ela vai precisar de alguém que cuide dela, que a proteja…
— Posso fazer isso sozinha! — afirmei finalmente encontrando a minha voz. — Não tem que me passar adiante como se eu fosse um animal que não pode se cuidar!
Eu não ia deixar que meu pai entregasse as terras de bandeja, em troca de proteção. Eu tinha vinte anos e podia me virar, vinha fazendo isso desde que minha mãe nos abandonou quando eu tinha dez anos. Mesmo com meu pai ali por mim as coisas não foram as mesmas, uma garota ser criada rodeada de homens que não sabiam nem mesmo como usar um absorvente era difícil, eu tive que aprender a me virar sozinha.
— Filha, por favor… — o pedido dele foi interrompido por uma nova onda de tosse que me fez abaixar ao seu lado, segurando sua mão com cuidado até que ele se acalmasse. — Sei que pode se cuidar, mas não deveria precisar disso. Quero que tenha um homem com quem contar, alguém que vá protegê-la e garantir sua segurança não importa o que aconteça.
Eu estava prestes a negar, mas os olhos marejados e a mão calejada e enrugada apertando meus dedos me impediu de dizer qualquer coisa, deixando presa todas as palavras em minha garganta.
Meu pai não era um homem de demonstrar emoções, mesmo que eu soubesse que ele sentia ele sempre guardava para si, mas naquele momento eu via um homem destruído pelo trabalho árduo, maltratado pela vida e pela doença.
— Tudo bem, pai. — foi o que me ouvi dizendo em resposta, não podia negar aquilo a ele, não naquele momento.
Ele sorriu e deu um tapinha em meu rosto de forma carinhosa, antes de virar o olhar para Kaian, que tinha se mantido quieto atrás de mim.
— Prometa pra mim. Prometa que vai se casar com minha menina, cuidar e protegê-la de tudo até seu último dia nessa terra?
Capítulo 8 - Alina— Não se preocupe, não vamos machucá-la. — Kaian disse antes de voltar a andar me levando para fora de mãos dadas, seguindo pelo caminho de cascalho.As palavras deveriam me tranquilizar, mas só fizeram meu coração bater mais rápidoMinhas pernas bambearem e eu quase perdi o equilíbrio nos sapatos de salto alto que não usava há muito tempo, mas antes que eu caísse o braço dele envolveu minha cintura me segurando com firmeza e me mantendo de pé enquanto ele esperava que eu me recuperasse.Ele não disse uma palavra, apenas me olhou de esguelha com o rosto assumindo uma expressão totalmente diferente, ele nem mesmo parecia o mesmo homem de segundos atrás dentro de sua casa, era como se ele… me odiasse. Mas porque seu toque parecia dizer outra coisa?As palavras de Leon em minha casa voltaram a minha mente, ele podia ser rude, mas não era pessoas. Eu tinha que me lembrar disso já que ele odeia a todos os humanos, talvez quando me conhecesse tudo mudasse.— Posso andar s
Dois dias depois lá estava eu entrando na reserva pela primeira vez, vestida de noiva, com meu pai ao meu lado no banco do carona, respirando com seu inalador portátil. Eu me odiava por tê-lo tirado de casa, mas segundo meu pai devíamos seguir as instruções dele já que a cerimônia do seu povo era específica, se não fosse por isso não estaríamos ali.— Parece que sou uma convidada no meu próprio casamento. — resmunguei quando vi Leon acenando para mim e me mostrando onde estacionar. — Não esqueça que tem que me dizer se sentir qualquer coisa.— Vamos filha…— Estou falando sério, pai. Basta me dizer, não esconda o que estiver sentindo!Por mais que eu não gostasse da ideia de interromper o casamento que ele tanto queria, eu odiaria ainda mais vê-lo piorar por minha causa.— Tudo bem, agora vamos ou vai se atrasar para o seu casamento.Sorri sacudindo a cabeça, ele com certeza não esqueceria aquele evento, parecia mais animado com a ideia de me ver casando com um estranho do que eu. Tud
Eu estava andando de um lado para o outro na sala de casa com os nervos à flor da pele, enquanto o relógio na parede parecia zombar de mim, marcando cada segundo que Leon demorava pra voltar. Onde raios aquele idiota tinha se metido? Ele só precisava ir até a fazenda, medir o dedo da garota para aliança e voltar. Não era pra levar a tarde inteira com minha noiva!Noiva. A palavra ecoava nos meus ouvidos como uma piada de mau gosto, algo que não fazia sentido. Eu, Kaian Hawkings, alfa da alcatéia Greyclaw, casado? Ainda mais com uma humana? Era contra tudo o que eu acreditava, contra o juramento que fiz a mim mesmo anos atrás: nunca me prender a ninguém, nunca correr o risco de perder outra pessoa como perdi meus pais.Relacionamentos eram fraqueza, era estupidez criar laços que podiam ser cortados sem o menor aviso deixando apenas dor. Por isso eu mantinha as coisas simples, noites sem compromisso, corpos sem nomes. Mas por causa daquelas malditas terras, eu estava preso a Alina Lanca
Eu encarava James como se ele estivesse ficando maluco. Nós crescemos juntos e ele tinha se tornado um grande amigo, me emprestando o ombro amigo sempre que eu queria chorar, aparecendo na minha janela à meia noite em todos os meus aniversários só para ser o primeiro a me entregar um presente.James nunca tentou nada comigo, nós nunca sequer demos um beijo, e não é porque ele era tímido, sua fama corria na cidade e eu conhecia bem a fila de mulheres que ele já tinha levado pra cama. E agora ele estava perguntando porque eu não me casaria com ele?— Do que você está falando? — Questionou cruzando os braços e indo me sentar na cadeira de balanço na varanda.— Se queria se casar porque não falou comigo? — ele insistiu fazendo minhas sobrancelhas franzir em confusão. — Porque nunca me disse que queria algo assim?— Nós somos amigos, acha mesmo que se eu estivesse procurando um marido não teria te dito?Ele tirou o boné e andou em minha direção, se sentando ao meu lado com os olhos focados
Depois que Kaian saiu eu continuei ali ao lado do meu pai, seu estado estava piorando a cada dia e eu não queria ficar longe dele. Mas isso não impedia que meus pensamentos vagassem até Kaian.Como eu podia me casar com aquele homem? Ele mal me dirigia a palavra, era sempre distante, nossa maior interação tinha acontecido hoje. Meu pai não podia estar bem mentalmente pra sequer ter proposto aquilo, mas não queria confrontá-lo, não com ele naquelas condições.— Tem certeza que não quer tomar sol hoje? Podemos ir na cadeira de rodas, assim você não se cansa.— Quero que você vá ao sótão e abra o velho baú, que está fechado com uma fita vermelha. Lá você vai encontrar o vestido de noiva da sua avó.— Papai, tem que esquecer essa ideia maluca. Quer mesmo que eu me case com um homem com quem nem conversei? Um homem que pode se transformar em lobo?Ele se moveu com dificuldade e eu dei um passo à frente para arrumar melhor seus travesseiros.— As pessoas quebram suas promessas o tempo todo,
Antes que eu pudesse responder os outros três membros do conselho entraram parando à minha frente, os olhares curiosos esperando uma palavra minha, com toda certeza eles sabiam sobre a visita a fazenda Lancaster e serem chamados assim as pressas só poderia ser para uma decisão urgente.— Duncan Lancaster concordou em nos dar as terras, em troca de um casamento por cerimônia com a filha dele. — Contei a todos observando suas expressões mudarem de felicidade para choque.Eu não estava fazendo uma pergunta ali porque já havia prometido a Duncan, faria isso. Eles só estavam ali para avaliar as consequências.— Então não vai ter separação, você sabe que uma união por cerimônia é para sempre! — Leon constatou levantando e se aproximando dos outros.— Duncan sabe e por isso pediu assim, não queria correr o risco de que tudo fosse desfeito depois.— Ele planejou isso, aquele humano nunca quis nos vender as terras e agora quer que você case com aquela fedelha? — Roug, o mais velho do conselho,
Último capítulo