Sangue e Poder

A sala de reuniões no último andar da sede era fria, de mármore e vidro, com vista panorâmica da cidade que o clã controlava silenciosamente. Os acionistas já estavam em seus lugares, entre eles kael, com sua expressão impenetrável. Rhaek sentava-se na cabeceira, o Alfa, dono da palavra final. Mais uma vez um confronto, com a dama vestida para matar.

A porta se abriu.

Narelle entrou com passos firmes, os cabelos presos num coque que deixava a nuca à mostra e um blazer sobre os ombros e um decote na blusa discreto porém aberto o suficiente para mostrar seu delicado seio pra e outra. Não pediu licença. Apenas tomou seu lugar à mesa, como se sempre lhe pertencesse.

Um silêncio pesado caiu.

Rhaek apertou o maxilar.

“Senhores”, disse ela, sem olhar para ele, “obrigada por cederem espaço para esta apresentação emergencial. Estou aqui para propor uma reestruturação no setor de expansão tecnológica e marketing internacional. Nosso nome precisa voltar a significar liderança.”

Ela deslizou um pen drive sobre a mesa. Kael o pegou e conectou ao painel. A tela se acendeu com gráficos e projeções precisas. A sala ficou iluminada apenas pela luz digital e pela presença cortante dela.

Enquanto falava, seus olhos tocaram os dele — só por um segundo.

“Vocês subestimaram o mercado feminino, especialmente as jovens alfa empreendedoras. Há um império a ser conquistado. E eu sei como.”

Rhaek mal ouvia. A boca dela se movia e tudo nele fervia. O timbre era o mesmo que ela usava quando gemia sob ele, mas agora era afiado, afiado como a lâmina de quem voltou para vencer. Seu cheiro não estava mais misturado ao medo, e sim à vitória.

A esposa, sentada dois lugares ao lado, franziu a testa. Reconhecia algo naquela mulher, mas ainda não sabia o quê.

“Você fala como se fosse uma de nós”, soltou ela, em tom seco.

Narelle sorriu, sem sequer virar o rosto. Seria uma referência sarcástica pela posição na empresa ou por ser uma loba?

“Eu ‘sou’ uma de vocês. Só que não precisei carregar o sobrenome de ninguém pra conquistar meu lugar nesta mesa.”

A frase cortou como lâmina.

Rhaek bateu com a palma na mesa, o som forte demais para ser casual. A tensão se partiu por um segundo.

“Continue”, disse ele com a voz rouca, os olhos cravados nela.

Ela continuou. Mas agora os dados não importavam mais. Era outra coisa que se projetava naquela sala: um duelo silencioso, antigo, ardente. E todos perceberam.

Claro. Aqui está a continuação com jogos de sedução sutis, provocação elegante e o poder magnético da loba em plena ascensão — mexendo com Rhaek e despertando o ciúmes da esposa:

[...]

Ao final da apresentação, os aplausos vieram hesitantes, mas inevitáveis. O plano de Narelle era ousado, estrategicamente impecável — e, acima de tudo, lucrativo.

Rhaek manteve o queixo erguido, mas os olhos dele não a deixaram por um segundo. Havia algo quase primitivo naquela fixação. Como um lobo farejando perigo e desejo ao mesmo tempo.

Ela recolheu os papéis, movendo-se com precisão felina. Quando se curvou levemente sobre a mesa para pegar a caneta esquecida, o corte do vestido revelou o traço suave da coxa, e Rhaek desviou o olhar com um grunhido contido.

Sua esposa percebeu.

“Você parece... encantado”, disse ela ao ouvido do marido, com um sorriso fino demais para ser doce.

“Estou surpreso. Só isso”, respondeu ele, ríspido.

Narelle cruzou a sala em direção à saída, mas ao passar por Kael, deixou a ponta dos dedos roçar propositalmente o ombro dele — uma semente lançada ao vento. O gesto foi breve, mas visto. E o suficiente para que Rhaek sentisse o estômago revirar.

Kael, como sempre, disfarçou com um sorriso de canto. Mas seus olhos brilhavam. Era impossível não ser afetado por Narelle. Ela exalava poder, beleza e algo mais… uma ameaça velada, envolta em veludo.

Ela se virou antes de sair e olhou diretamente para Rhaek.

“Obrigada pela oportunidade, Alpha.”

O modo como ela disse *Alpha* fez o sangue dele subir. Não era respeito. Era lembrança. Desafio. Um chamado que só os dois ouviam.

Depois que a porta se fechou, um silêncio desconfortável pairou na sala.

“Ela quer algo”, sibilou a esposa, cruzando os braços. “E você está prestes a entregar.”

Rhaek se levantou, os olhos ainda fixos na porta fechada.

“Ela já teve o que queria uma vez. Agora... quer mais.”

Kael riu baixinho. “Ou só quer que você se ajoelhe, irmão.”

[...]

O som dos saltos de Narelle ecoava no estacionamento subterrâneo como um metronômico lembrete de sua nova posição. Cada passo era firme, deliberado, como se medisse o impacto de sua presença no concreto e no destino de quem a subestimou.

No vidro espelhado do carro preto à sua espera, ela vislumbrou o reflexo de si mesma — arrancou o blase dos ombros. Despiu os sapatos antes de entrar, jogando-os ao lado com desdém. Quando a porta se fechou, o mundo lá fora ficou mudo.

— Para o hotel. Ala executiva. — Sua voz era baixa, mas inquestionável.

O motorista assentiu. Não ousou olhar pelo retrovisor.

Narelle recostou-se no banco de couro, os olhos fixos no teto. Por alguns segundos, permitiu que a máscara caísse. Respirou fundo. O peito subia e descia num ritmo quase imperceptível, mas o coração... o coração batia como um tambor em guerra. Não pelo reencontro — mas pela precisão com que ela tinha vencido a primeira rodada.

Ela não era mais a adolescente de olhos submissos que chorava em silêncio no quarto escuro da ala feminina da matilha. Não era mais a loba virgem oferecida como oferenda ritual.

Agora ela era a sombra por trás da mesa de negociação. A mãe de uma cria proibida. E ninguém sabia disso — ainda.

Seu celular vibrou. Ela olhou a tela. Era uma mensagem codificada.

“Tudo conforme o previsto. O conselho já comenta sua presença. Aguardo instruções para fase dois.”

Ela apagou a notificação sem responder.

Não agora. Ainda não.

[... ]

Enquanto isso, na ala superior da sede, Rhaek lavava o rosto com água gelada. Os braços apoiados na pia, a cabeça curvada. A respiração irregular. Não havia mais som de festa. Só o eco de sua própria vergonha e desejo misturado com raiva. A blusa rasgada da esposa ainda estava no chão do banheiro.

Ele odiava se sentir fraco. Vulnerável.

Mas era isso que Narelle fazia com ele — desde o início.

Alguém bateu à porta. Ele não respondeu. A batida repetiu-se, mais firme. Então a voz familiar de Kael atravessou a madeira:

— Está trancado porque está se odiando, irmão, ou porque não quer que vejam a vergonha nas suas calças?

Silêncio.

— Tanto faz. Ela voltou. E não veio brincar de dama de caridade. Trouxe aliados, capital e sede de sangue. Se não reagirmos logo, ela vai mastigar esse conselho e cuspir os ossos no tapete da sala de reuniões.

A tranca girou.

Rhaek abriu a porta com o rosto ainda úmido, os olhos febris.

— Ela não pode ser dona do que é nosso.

Kael sorriu, sardônico.

— Mas ela já é. E você deu a ela o motivo perfeito pra continuar. Agora, se me permite... — ele entrou no escritório, fechando a porta — ...precisamos saber com quem ela está dormindo. Literalmente. Porque ninguém chega onde ela chegou apenas com postura e batom. Tem dinheiro por trás disso. E sangue.

Rhaek socou a mesa.

— Ela tem um segredo. Eu sinto isso. Algo que ela está escondendo.

Kael se aproximou devagar, voz baixa, venenosa.

— Talvez o segredo dela tenha algum poder maior sobre você.

[...]

Kael ainda segurava a taça vazia quando ela se aproximou novamente, os passos lentos, o perfume marcando o ar entre eles como um aviso. Narelle estendeu a mão e pegou o copo de volta, os dedos tocando os dele com leveza calculada.

— Você aprende rápido — ela disse, sem sorrir, mas com os olhos acesos.

Ele a encarou, agora mais sério, respirando fundo.

— E você é mais perigosa do que qualquer alfa que já conheci.

— Porque eu não preciso te vencer pela força, Kael. Só preciso te deixar querendo — murmurou, quase como uma carícia entre palavras.

Ela se virou e caminhou até uma parede espelhada ao fundo da sala. Passou a mão por um painel oculto. Um clique suave se fez ouvir, e uma porta deslizou para o lado, revelando o elevador interno executivo — luxuoso, com espelhos escurecidos, piso de mármore negro e iluminação sutil.

“ Pode ir”— disse ela, sem olhar para trás.” Esse elevador é somente para os íntimos. Agora, já sabe .”

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