A Sede do Trono

A nova Luna dos Vorn exalava perfume caro e desprezo. Callista Raye — herdeira de uma dinastia industrial que fabricava armas para clãs do norte — desfilava pelos salões da mansão com vestidos justos e um sorriso de vidro. Era bela, de fato, mas o tipo de beleza que partia da vaidade e não da essência. Seu olhar passava por Kael como se ele fosse um servo, e Rhaek, quando estava com ela, tornava-se ainda mais frio.

A matilha percebia. Nenhum olhar de amor, nenhum laço real entre o Alfa e sua Luna. Apenas alianças, aparências, negócios.

Callista desprezava tudo o que não fosse luxo. Os corredores escuros da mansão, os rituais da alcateia, as tradições de sangue e honra — para ela, tudo era folclore ultrapassado. “Estamos numa nova era”, dizia com sua voz afetada. “É hora de civilizar os instintos.”

Mas havia coisas que nem todo ouro do mundo podia conter.

A crescente tensão entre ela e Rhaek era um deles.

Certa noite, ao retornar de uma reunião com outros alfas do leste, Rhaek não entrou nos aposentos conjugais. Atravessou o saguão, com os ombros pesados e o rosto tenso. Callista tentou alcançá-lo, questionando sua ausência. Ele sequer a olhou. Bastou isso para a fenda se aprofundar.

Foi então que Callista começou a vasculhar.

Primeiro, documentos. Depois, registros digitais, extratos, movimentos ocultos da casa. E por fim — a pasta trancada no cofre pessoal de Rhaek, onde encontrou algo que jamais deveria ter sido descoberto.

Um nome.

Narelle Nox.

E exames.

Transferências sigilosas.

Callista percebeu que havia sido usada como vitrine. Ela não era a verdadeira fêmea do Alfa. Apenas um contrato.

Consumida pelo orgulho ferido, confrontou Kael numa manhã gelada, no centro do pátio onde lobos treinavam. Ele, como sempre, permanecia impassível. Mas seu silêncio lhe custou caro.

"Você sabia, não é?", ela cuspiu. "Sobre a vadia. E o meu marido."

Kael ergueu os olhos devagar. Por um instante, os dois mediram forças, como se o ar ao redor estremecesse.

"Eu sei de muitas coisas, Callista", disse ele enfim, com voz baixa, mas firme. "Inclusive do que você é capaz de fazer quando se sente inferior."

Ela sorriu, mas era um sorriso de veneno.

"Então me subestime, Beta. Será seu último erro."

Mal sabia Callista que o maior segredo de Kael não era proteger Narelle...

Mas que, no fundo, ele jamais foi leal ao irmão.

Desde jovens, Kael sabia que Rhaek nascera para dominar, mas ele — ele nascera para planejar. E em seu plano, a queda do Alfa já estava prevista.

O amor que nutria por Narelle era real. Silencioso, discreto, mas feroz.

E se Callista pensava que o dinheiro podia comprar tudo, logo entenderia que o coração de uma loba traída, e o de um lobo estrategista, não se vendem.

Eles atacam.

O skyline da cidade se estendia diante dos olhos de Narelle como uma tapeçaria de vidro e aço — fria, calculada, perfeita para ocultar monstros sob ternos caros. A nova sede da VornTech dominava o horizonte com seus espelhos opacos, refletindo o céu cinzento e os dias que viriam. Ali, ela seria anunciada como nova acionista majoritária, um nome recuperado do esquecimento, envolto em mistério e estratégia.

Mas nem o poder que agora conquistava apagava os fantasmas.

Ela sentia as lembranças como mordidas sob a pele. As madrugadas nas quais era convocada, nua sob a neblina dos jardins suspensos, caminhando descalça entre as flores adormecidas, enquanto Rhaek a observava das sacadas — olhos de fera, respiração contida. Ela se sentia violada antes mesmo de ser tocada. Cada passo, cada gesto seu era absorvido pela fome dele.

Narelle nunca se esqueceu da sensação de ser desejada como se fosse caça — e o conflito insano que isso provocava em seu próprio corpo. Mesmo jovem, sentia o calor que nascia entre as pernas, o latejar interno que a deixava confusa, envergonhada… e excitada.

Agora, anos depois, com o corpo maduro e a mente forjada pela dor e pelos estudos que Kael financiou em silêncio, ela finalmente voltava. Com poder, com nome, com armas. Mas ainda carregava os ecos.

O som da campainha cortou a tensão como lâmina.

Ela abriu a porta. Kael entrou com passos contidos, o mesmo casaco negro sobre os ombros largos, os olhos atentos a cada centímetro dela.

“Estás pronta?”, perguntou baixo.

Narelle não respondeu. Seu olhar pairou nos lábios dele — e algo a empurrou além da razão.

Quando ele se aproximou para beijar sua face, próximo à boca, ela virou a cabeça num relance. Seus lábios o encontraram de forma crua, faminta, um beijo que era mais grito do que afeto. Kael respondeu de imediato. Esperara por aquilo desde sempre. As mãos dele a tocaram com firmeza e precisão, como se soubessem exatamente onde ela guardava o desejo e a raiva. Roupas foram arrancadas sem delicadeza. Camisa, saia, botas — tudo caiu no chão da sala silenciosa. E ali, sobre o tapete de fibras naturais, sua loba emergiu.

Narelle montou sobre ele como fera, cravando unhas no peito, mordendo seus ombros enquanto rebolava com força, exigindo prazer. Gritava em silêncio, como se quisesse arrancar da própria pele as marcas de Rhaek com cada investida profunda de Kael. Ele a conduziu ao êxtase como quem entende a guerra do corpo e da mente. Tocava-a com reverência e selvageria, alternando domínio e entrega — até que ela explodiu em um gozo convulsivo, arfando como loba na aurora.

E então... silêncio.Ela se levantou. Puxou a saia caída, ajeitou os cabelos molhados de suor. Os olhos ardiam, mas não por amor.

“Preciso ficar sozinha”, disse fria, sem olhar para ele.

Kael apenas assentiu. Sabia que aquele não era o fim. Era o começo do jogo mais perigoso: o dela.

Ele se vestiu em silêncio e saiu. Narelle ficou imóvel, o peito ainda subindo e descendo. Agora, mais do que nunca, ela estava pronta para tomar a cadeira ao lado de Rhaek — ou arrancá-la debaixo dele.

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