Sophia vê seu mundo virar dos pés a cabeça quando decide ir viver com a sua mãe depois de tantos anos vivendo com seu pai. Em um mundo completamente diferente, ela conhece seu novo irmão, arrogante, provocador e perigosamente instigante e o melhor amigo dele, por quem ela começa a desejar secretamente. Ambos amores proibidos. Um por ser parte da sua nova família e o outro por já estar comprometido. Em meio a segredos e desejos ocultos, com quem ela ficará?
Leer másDeixar a casa do meu pai para ir viver com a minha mãe, nunca, jamais havia passado pela minha cabeça nesses 8 anos dos quais não vi ela. Até porque quem decidiu acabar com a família foi ela, quando traiu meu pai sabe sei lá quantas vezes. Mas enfim, aqui estou eu, na porta da casa dela ao seu lado, para uma nova etapa da vida, depois de não aguentar mais o maltrato da nova mulher do meu pai.
Eu sei que poderia ter falado algo com meu pai sobre como sua mulher me trata, mas ele está tão feliz com ela que me sinto mal por atrapalhar seu romance. Então se eu tiver que fazer a vida de alguém difícil, essa vida tem que ser a da minha mãe, afinal, foi ela que decidiu ir e nos trocar por uma família com mais dinheiro. Ainda é esquisito ver ela, a que se diz minha mãe. Continua bonita, mas diferente. Sempre tivemos o cabelo tão preto quanto à noite, porém agora seus cabelos têm um tom de loiro que faz destacar ainda mais suas sobrancelhas escuras. Ela já não usa mais roupas comuns, dá para ver que seu vestido é caro, que seus anéis são de pedras preciosas e esses acessórios dourados, provavelmente, são de ouro. - Você vai gostar dele, ele é bem tranquilo, acho que vocês vão se dar bem! - ela dizia empolgada sobre algo que não escutei bem enquanto abria a porta. Na verdade, não prestei atenção em nada que saia da sua boca. Olhar para ela ainda me deixa meio irritada. Também há outro motivo pelo qual decidi sair da minha cidade. Meus amigos. Foi a primeira vez que brigamos tão feio e eles todos se viraram contra mim. Mas não importa, sei que sentirão minha falta, mais cedo ou mais tarde. Assim que ela abriu a porta, eu dei uma olhada curiosa para ver em que tipo de lugar ela vive e realmente a casa é incrível. Tudo nesse lugar grita "valho muito", e isso só me fazia sentir mais inferior ainda, me provando que eu não valho nada. - Onde será que estão eles? - perguntou ela abrindo a casa e olhando ao redor. - Eles quem? - pergunto também olhando ao redor, procurando alguém ou alguma coisa. - Meu marido e seu novo irmão! Eu estava te contando sobre ele, o filho do meu marido, não prestou atenção? - ela se vira para mim, me encarando de verdade pela primeira vez desde que nos vimos. “Novo irmão”. Aquele que eu nunca pedi para ter. Tenho que fingir empolgação? Deve ser só mais um mimadinho rico que tem tudo na mão. Eu e meus amigos adorávamos falar mal desses panacas endinheirados, sei que isso foi um dos motivos para eles terem ficado com raiva de mim também, quando lhes contei o que iria fazer. - Me sinto cansada, não posso ir para meu quarto e dormir? Já está tarde. - disse eu a ela empurrando para dentro da casa minha única mala de roupas. Ela me lança um olhar como se estivesse vendo um animal ferido. - Coitadinha! Deve estar cansada mesmo, vem que eu te mostro seu quarto. - e novamente me deu suas costas caminhando em direção às escadas da sua sala. Ao subir as escadas seguindo seus passos, noto vários quadros, um seguido do outro mostrando uma família perfeita, a deles. Minha mãe abraçada ou com seu marido, um homem alto, forte, loiro dos olhos verdes e de tamanha elegância que quase entendo o motivo de partir de casa; ou com seu “filho”, um garoto de mais ou menos 10 anos, com um sorriso angelical e um rosto fofo. Em todas as fotos, sorrisos tão felizes que parecia mentira. “Será assim tão verdade essa felicidade toda deles?”, me pergunto com inveja. E novamente a raiva toma conta de mim. Como pode ser que em 8 anos ela nunca tenha me ligado, me visitado ou algo do tipo? Eu e meu pai continuamos na mesma casa, justamente porque por muitos anos ele ainda esperou ela se arrepender e voltar… mas ela nunca voltou. - Aqui está! Arrumei ele todinho só para você, querida! O que você acha? - ela se move para dentro do quarto, me dando espaço para entrar. Ok, o quarto é realmente perfeito. Perfeito demais eu diria até. Tudo branco com detalhes de madeira, ela sabe que odeio rosa, mas ainda assim alguns ursos de pelúcia na cama que até que estão do meu agrado. A luz é quente, amarela. Talvez isso seja a única coisa sobre o quarto da qual eu não gostei muito. Há uma cama de casal, apesar de eu não ver necessidade nisso. "Por que eu usaria uma cama tão grande? Será que ela acha que vou trazer namorados aqui?" penso, observando a cama, mas dando de ombros logo em seguida. Noto também uma escrivaninha para estudar e uma enorme porta que dá acesso a uma sacada. Na verdade, esse foi o fato que mais amei, sinto que daria para ver bons tons de entardecer daqui. Sorri sem pensar. - Você gostou, né? Dá para ver na sua cara que gostou. - ela me olha esperançosa pela minha resposta, fingindo se importar com minha opinião. - Gostei! - lhe respondo. Ainda que eu sinta uma distância enorme entre nós duas, antes de tudo, ela era uma boa mãe e talvez ainda seja, ou nisso eu espero acreditar. Eu não sei se perdoaria ela totalmente, acho nojento o jeito que ela enganou o meu pai, mas confesso que senti falta de ter uma mãe. Eu tinha muita inveja de quando minhas amigas me contavam de como suas mães a ensinavam se maquiar ou dos presentes bonitinhos que elas ganhavam das mães delas. Meu pai é um excelente pai, mas nem sabia fazer penteado no meu cabelo. Acho que por isso eu sempre preferi ele curto, também não aprendi a fazer penteado nenhum e nem quero mais. Escutamos uma porta se abrir e alguns passos pelo corredor. Rapidamente minha mãe grita um nome: - Pedro!! - diz ela me assustando pelo grito tão repentino. - Pedro, vem conhecer sua nova irmã. Não é como se eu tivesse muito interessada em saber quem é ele, mas de certa forma me virei para a porta curiosa. “Será que ela vai querer me tratar como a babá dele?”. Me surpreendendo mais que tudo, aparece no quarto um jovem da minha idade, talvez, mas não o garoto que vi nos quadros. Quer dizer, sim, é o mesmo garoto, entretanto, com alguns anos a mais. Alto, bonito, loiro. Nossos olhos se encontram e ele parece me analisar inteira, abaixo a cabeça com vergonha. Ele exala um ar de superioridade, a mesma que o pai dele nas fotos que vi. “Espera aí, por que fiquei com vergonha?!”, pergunto a mim mesma sem entender e volto a olhar para ele, que sorri com o canto da boca. - Então essa é a famosa Sophie? - pergunta ele, entrando calmamente no quarto, me olhando sem desviar uma vez sequer, me deixando cada vez mais nervosa devido à distância que fica cada vez menor. “Famosa?”. Será que minha mãe costumava falar muito de mim? Duvido. - Sophia. - corrijo ele. Detesto quando falam meu nome errado e algo me diz que ele fez de proposito. Um sorriso se forma em seu rosto. Minha mãe parece ter ficado aliviada, imaginando que nós dois vamos nos dar bem. Ela segura a mão dele e com sua outra mão segura a minha, como se ela fosse uma ponte entre nós dois. - Eu espero do fundo do meu coração que vocês se deem bem. Vocês dois são os bens mais preciosos que possuo. - e então ela coloca minha mão sobre a dele - Agora eu preciso fazer umas coisas. Que tal vocês se conhecerem melhor? “Agora ela me vê como um bem precioso? Passa anos sem ser minha mãe e sendo a mãe desse engomadinho e agora diz isso?” penso, não gostando para nada do meu novo “irmão”. E após falar isso, ela decide sair do quarto. Olho de volta para o garoto parado na minha frente, o sorriso em sua cara vai de uma orelha a outra, parecendo se divertir com a situação. Sinto um arrepio de medo, ele cheira a problema. - Como deveríamos nos conhecer melhor, querida irmãzinha? - pergunta ele ainda segurando minha mão. Seus olhos verdes passeia pelo meu corpo. Tento soltar nossas mãos, mas ele segura mais forte. - Não é como se eu fosse deixar você viver aqui de graça. Algo vou ter que receber em troca, não acha?Acordei em minha cama, sozinha. No fim, Rafael me deixou em casa e disse que conversava comigo na segunda. Já que hoje, aparentemente, ele viajaria com a mãe para visitar uma tia. Ou talvez, visitar a tia foi só uma desculpa que ela arrumou para não deixá-lo passar o domingo comigo.“Acho que faço parte da maioria que não se dá bem com a sogra”, penso. Me levanto, escolho um conjunto confortável e vou direto para o banheiro. Só depois de um bom banho e de escovar os dentes é que o dia realmente começa. Quando começo a descer as escadas, já escuto vozes vindo da cozinha.- E qual foi o total que você tirou nessas provas? - escuto o senhor Ethan perguntar.Me aproximo e sento ao lado do Pedro, que está com uma postura tensa.- Não fui muito bem. - responde ele, sem encarar o pai.O senhor Ethan faz uma cara de desgosto. Minha mãe, que está do outro lado da mesa, permanece calada. - Não foi muito bem? - repete ele, irritado - A única obrigação que você tem na sua vida é estudar, Pedro.
Assim que entramos na casa, somos parados por Pedro. Ele nem sequer olha muito para mim, apenas comenta com Rafael que gostaria de conversar com ele. A sós. Rafael hesita, me lança um olhar de dúvida, mas eu apenas aceno com a cabeça, dizendo que tudo bem. Que esperaria por ele do lado de fora.Volto ao banco em que estávamos antes. O ar está um pouco mais frio agora e eu tremo levemente com as roupas molhadas grudando no corpo. Encolho os ombros e abraço as próprias pernas. É aí que vejo uma figura parada diante de mim.É a Anna.Ela me observa por um segundo, depois se aproxima com uma toalha na mão.- Já que aqueles dois estão conversando para se resolverem… acho que nós deveríamos bater um breve papo. - diz, me estendendo a toalha.Mantenho os braços cruzados. Não estendo a mão. Apenas viro o rosto, me recusando a aceitar o gesto. Um pouco imatura? Pode ser, mas falsa nunca.Ela suspira, como quem esperava essa reação, e se senta ao meu lado. Seus ombros também estão tensos, mas e
Rafael se levanta, estica o corpo e se vira para mim, estendendo a mão. Mudando completamente a expressão triste de antes.- Me segura… está me dando vontade do nada de me jogar na piscina. - eu seguro a mão dele e me levanto.- E por que a gente não se joga? Deixamos nossas coisas aqui no banco e… Tibum.Ele sorri com a minha ideia e eu sorrio por ele estar mais feliz. Rafael desliza o dorso dos seus dedos em meu rosto, carinhosamente.- A gente não trouxe toalha… Você tem certeza que não vai achar ruim ficar molhada depois? E se ficar com frio?Me aproximo mais dele e envolvo meus braços em seu pescoço.- Se eu ficar com frio… Você me esquenta? - pergunto, timidamente, sentindo minhas bochechas corarem.Ele me encara por um instante, o sorriso ainda no rosto, mas agora mais suave, quase fofo. Ele então se aproxima, retira o celular do bolso e alguns outros objetos e coloca no banco, faço o mesmo com as minhas coisas.- A gente vai mesmo fazer isso? - me pergunta ao segurar minha mão
Rafael aperta levemente minha mão, mas não diz nada. Seu olhar passa da Anna para Pedro e fica nele por alguns segundos. Pela cara que ele faz, imagino que ainda não está disposto a considerar o Pedro seu amigo de volta. - Boa noite. - diz Pedro para ele. Pedro então se aproxima um pouco de Rafael e toca seu ombro, como um amigo faz ao dar um conselho a outro. - Espero que a gente possa voltar a ser como era antes… Você é como um irmão para mim, cara!Anna me encara com uma cara feia, mas não diz mais nada e nem desvia mais o olhar para o Rafael. De alguma maneira, me sinto um pouco culpada. Sei que os 3 estão sofrendo com a situação, mas eu estou feliz e gosto das coisas como são agora. Seria eu tão egoísta assim? Acho que não, até porque eu vou fazer o meu melhor para que Rafael seja tão feliz quanto eu.E sem responder nada, Rafael me puxa com ele. Olho para Pedro mais uma vez e caio diretamente em seu olhar. Ele realmente veio com a camisa branca. Sempre do contra. Ele cochich
Quando eu e o Rafael chegamos, a primeira coisa que senti foi o cheiro de pipoca, bebida e perfume misturado no ar abafado da sala. Ao que parece, essas pessoas adoram contratar pipoqueiros para não beber tanto de barriga vazia. Há várias luzes coloridas penduradas no teto, algumas pessoas estão sentadas no sofá com seus copos plásticos vermelhos na mão, enquanto outras jogam ou apenas ficam conversando umas com as outras. A música está alta e está tudo muito animado, apesar de ainda estar relativamente tranquilo para uma festa. Parece aquelas cenas de filmes americanos. - Deve ter acabado de começar. - diz Rafael, segurando minha mão e me dando passagem indo à frente e abrindo caminho entre as pessoas.Ele me guia até a cozinha, onde há uma mesa enorme com variedades de bebidas e copos vermelhos empilhados um em cima do outro, prontos para serem usados.- O que você gostaria de tomar? - pergunta, apontando para as bebidas. Sorrio e digo.- Me surpreenda. Ele sorri meio travesso e
Me arrumo para sair, porque hoje é dia de celebrar. Os professores enviaram as notas no fim da tarde e eu aprovei. De raspão, como suspeitou Pedro, mas aprovei. E como uma galera iria se juntar para comemorar, Rafael me chamou para ir com ele. As pessoas já sabem que estamos juntos, mas poder ir a uma festa estando com ele, dessa vez… Não tem descrição que explique como eu me sinto. Visto uma saia jeans de cintura alta que vai até a metade da coxa e uma blusa preta lisa. Calço meu coturno e coloco alguns acessórios prateados. Vou até o espelho e me olho para ver como estou. Estou como sempre, mas de saia. Passo a mão nos cabelos. “Deveria deixá-lo crescer? Nunca consigo fazer penteado nenhum…”, penso. Passo um gloss, um rímel e um perfume. E é isso. Infelizmente não sei fazer muita maquiagem. Talvez eu devesse pedir para minha mãe me ensinar, mas ela quase nunca está em casa. - Será que o Pedro vai? - murmuro. Pego minha bolsa e, enquanto Rafael não me manda nada, sigo em direção
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