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O que poderia acontecer de ruim?

“Me sinto culpado em querer saber” essa frase deu voltas e voltas o dia todo pela minha cabeça, me deixando confusa.

Só o vi por 5 dias e já sinto coisas que nunca senti antes, nem sei explicar o que é, mas de certa forma me sinto culpada também.

- Por que ele tem que ter namorada? - me pergunto, atirando um urso de pelúcia no teto, que quando cai, o uso para tapar minha boca. E assim, solto um grito que estava entalado em minha garganta.

Sempre odiei pessoas que traem ou que sabendo que o outro namora, o faz trair. Para mim, ambos são igualmente culpados, sujos e desprezíveis. Então não consigo entender porque Rafael me chama tanta atenção assim. Eu nem mesmo aceitava ser amiga de homens que namoram, então por que sinto tanta vontade de estar perto dele?

Deslizo meus braços pela cama de casal do meu quarto, enquanto encaro fixamente o teto imaginando o rosto do meu vizinho de mesa.

- Como posso descrever o que sinto? - me pergunto a mim mesma ainda olhando para o teto.

De alguma forma, olhar para a luz cálida do meu quarto me acalma, é como ter um mini sol dentro de casa.

- O que eu gosto nele?

Vamos começar pelos pontos positivos, porque o ponto negativo está bem claro. É a que todo dia de semana me olha feio antes de ir à escola e na hora de voltar para casa.

“Ele é bonito, mas nem tanto, diria até que é bem comum, mas tem olhos charmosos. Tipo, marrom sempre foi minha cor favorita, né?”. Rio comigo mesma ao imaginar seu olhar sobre o meu. Não chegamos tão próximos um do outro, mas eu me lembro até dos raios que faz sua íris e da leve mancha mais escura que ele tem no olho direito.

“E seu nariz, tão perfeito, reto e hegemônico. Combina perfeitamente com sua cara, com seu olhar e com suas sobrancelhas grossas e escuras.” Passo o dedo indicador em minha sobrancelha esquerda.

“Ah, e ele é alto, tipo muito alto. Não cheguei a perguntar a ele sua altura, mas se eu que tenho 1,70 metros me sinto relativamente pequena ao seu redor, imagino que mais de 1,85 ele deva ter”. Me lembro dele se levantando e colocando sua jaqueta, de suas mãos agarrando o celular e escrevendo algo nele. Enormes são. Sua mão facilmente cobria todo o aparelho celular.

E de repente minha mente vagueia para seus lábios, mordo meu lábio inferior como resposta a cena em minha cabeça.

“É até sexy como seu lábio inferior é mais cheio que o superior, deve ser bom de morder… de beijar.” Fecho os olhos. E imagino ele me olhando com toda aquela intensidade de sempre.

Olho para seus lábios enquanto estamos a centímetros de distância um do outro. Ele em sua cadeira e eu na minha, mas os dois voltados um para o outro. Ambos se olhando, sem dizer uma palavra. Mordo meu lábio, outra vez. Minha respiração fica profunda e ele continua me olhando, sem dizer uma palavra, o que me faz falar primeiro:

- Diz algo. Gosto do tom da sua voz. - sinto minhas bochechas corarem.

Mas é verdade, de certa forma é bem sexy o jeito que ele conversa.

- E eu gosto da cor dos seus olhos… às vezes eles parecem castanhos e outras vezes parecem serem verdes, é interessante de ver. - diz ele sobre meus olhos cor de Avelã.

Isso me deixa um pouco confusa, já que já ouvi isso antes… “Matheus! Assim ele se chamava, o garoto que me disse isso pela primeira vez… enfim”.

Seguro suas mãos, mas elas não são tão quentes quanto imaginei, são macias, felpudas e boas de apertar. “Felpudas?!” Me pergunto achando estranho, mas também deixo pra lá.

- Que foi? - diz ele, chegando mais perto, com seu olhar intenso. Seu rosto tão perto do meu, mas ainda um pouco distante.

Sorrio e me aproximo mais dele também, encurtando de vez essa distância. Respiro fundo para sentir seu cheiro, mas não sinto nada. Triste.

- Eu acho que ficaria feliz só de poder te ouvir falar todos os dias. - digo a ele, olhando para seus lábios.

“Ele pode não usar perfume, mas pelo menos tem uma voz sexy”.

Rafael sorri e começa a falar algo que não entendo, na verdade, da sua boca não sai palavras e sim um som. Fico confusa novamente. Ele agora se levanta e começa a gritar deixando o som mais alto, olho para os lados para ver se as pessoas estão incomodadas com ele, mas ninguém liga. Estão todos em suas mesas agindo normalmente. Me viro novamente para ele e então….

Me desperto. E escuto o barulho insuportável do meu despertador.

- Ah... - tento alcançar meu celular para tirar o despertador. Me esqueci que era fim de semana e aqui estou eu, acordada as 7:20 .

- Justo na melhor parte? - pergunto ao meu celular e o jogo na cama de raiva.

Ao meu lado está Fred, meu ursinho de pelúcia felpudo. Dou um murro nele de leve.

Dois dias sem poder ver ele vai ser uma loucura, mas se toda noite eu sonhar assim, pode ser que eu consiga sobreviver até segunda. Anseio pela segunda-feira. “Que espécie de aluna sou eu?”, me pergunto ao querer que um fim de semana passe rápido, e então cubro minha cabeça para tentar dormir novamente.

Escuto a porta do meu quarto abrir e rapidamente me destapo para ver quem é. Apesar de já ter alguma ideia.

- Eu juro que já ia tacar um balde de água na sua cara se não desligasse essa merda! - diz Pedro, estressado - Por acaso não se deu conta que seu alarme ficou soando por 20 minutos? 20 minutos, porra!

Ele está com o cabelo todo despenteado, com a cara amassada de sono, sem camisa mostrando os abdominais que começam a aparecer em sua barriga por conta da academia, e com um short do Bob Esponja.

- Foi sem querer. - falo, ainda debaixo das cobertas, só com a cabeça para fora - Eu estava dormindo.

- E daí? Eu também estava e estando do outro lado consegui acordar, e você não? - ele coça seu saco, me fazendo olhar nessa direção.

Não havia me dado conta, mas há um certo volume em seu short. Rapidamente desvio o olhar.

Pedro havia me deixado em paz por alguns dias, aparentemente ele estava focado em estudar para uma prova e o mais chocante para mim foi saber que ele é o melhor da sua turma. Me surpreende pensar que pessoas babacas possam ser inteligente, mas ao me dar conta de que tantas pessoas ruins se dão bem na vida, talvez eu não devesse ficar tão surpresa assim.

- Você acabou de olhar para o meu pinto? - ele pergunta, ao captar meus olhares furtivos.

- Não! - respondo, sem hesitar.

Pedro fecha a porta do meu quarto e olha para mim.

- Pedro, para! - digo a ele, já sabendo que algo iria aprontar.

- Parar com o quê? Eu não fiz nada. - diz, com a voz mansa, caminhando em minha direção.

Me sento na cama, mas ainda totalmente coberta. Não é que eu estivesse sem roupa, mas todos os pijamas que minha mãe deixou para mim, não me parecem muito decentes. Inclusivo o que eu uso agora. É como um vestido curto de seda com rendas nas pontas e uma alça bem fininha, tudo na cor preta, o que contrasta perfeitamente com minha pele clara.

Pedro me observa, parado ao lado da cama, sem dizer nada. Até que suas mãos vem em direção ao meu cabelo e recuo, evitando o contato. Ele recolhe seu braço. Não pareceu se ofender, pelo menos.

- Por que não deixa seu cabelo crescer? - me pergunta.

Toco em meus cabelos que ia até a altura do ombro, mais ou menos.

- Não sei… nunca deixei crescer muito. - respondo, enquanto tento olhar para meu cabelo.

De fato nunca tive cabelos longos, mas acho que é porque gosto assim, além do meu pai dizer que eu era a branca de neve dele, por ter os cabelos tão escuro quanto à noite, a pele clara como a neve e os lábios vermelhos como sangue. Ok, sem lábios vermelhos como sangue, mas nada que um lip tint não desse um jeito.

- Deveria. Acho que ficaria mais bonito se fosse longo. 

Lanço um olhar raivoso para ele.

- Não me lembro de ter pedido sua opinião. - digo. Pedro sorri, começa a sentar em minha cama e deixa em um canto seu chinelo - O que pensa que está fazendo?

Me afasto de sua direção automaticamente. Ele se deita por cima da coberta, me olha com um sorriso provocativo e diz:

- Você não quer dormir mais? - e logo dá um tapinha ao seu lado, me convidado a deitar - É sábado, deveríamos aproveitar.

- Não com você do meu lado. Por que não vai deitar na sua cama? - aponto para a saída como quem diz para ele ir embora.

- Porque eu quero me deitar aqui. - e falando isso, agarra um dos meus ursos de pelúcia e o abraça, se deixando relaxar completamente, fechando os olhos. Ele respira fundo e solta um murmúrio baixo - Que cheiro bom.

“O que eu faço?”. Me indago, ao olhar para o relógio e ver que não era nem 8 horas ainda. E sinceramente, estou bem cansada. Olho para ele que parece bem sereno, mas como confiar em alguém que parece ter dupla personalidade?

- Pode se deitar, eu não vou fazer nada. - diz ele, ainda de olhos fechados e voz sonolenta, como quem adivinha o que passa pela minha cabeça.

Desisto da ideia de me levantar e me deito, afinal o que poderia acontecer de ruim?

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