Em todo lugar

Eu nunca tive realmente medo de algo, mas comecei a ficar meio ansiosa por ver Pedro em todo lugar da casa, nos corredores, na sala, na cozinha, onde eu estivesse, parecia que ele estava lá. O jeito que ele me olhava fazia todos os meus pelos do braço se arrepiarem, como se algo dentro de mim me avisasse que eu deveria me proteger, que algo ruim aconteceria.

Seus olhos pareciam querer desnudar até a minha alma, ele analisa sempre tudo que faço, tudo que falo e até como me movo. O que significa isso? Que ele me ache uma intrusa tão insuportável assim? Ou algo a mais?

As vezes ele me faz pensar até que ele me deseja, já que me olha tanto, mas por outro lado, como me olha parece que sou simplesmente um nada, um inseto insignificante andando perto dele e o incomodando com minha presença. Os dois casos, me causa náusea. Sua presença também é um incômodo para mim.

“Espero que o fim de semana passe rápido” pensei comigo suspirando pela milionésima vez ao ver ele pela casa. Fui para o único lugar que podia ficar em paz, meu quarto.

- Mas onde está o resto do povo dessa casa? - perguntei a mim mesma me jogando na cama e desfrutando um pouco do silêncio.

Pouco tempo depois, o clique da maçaneta me fez sentar rapidamente na minha cama e novamente meu coração começou a acelerar, golpear forte contra meu peito, gelei.

E como eu já imaginava, aquelas mãos deslizou pela porta a abrindo lentamente enquanto seus olhos procuravam os meus e ao encontrar sorriu como quem tinha encontrado sua presa.

- O que faz aqui?! - perguntei tentando não soar medrosa.

Ele não saiu da porta, mas ainda me olha com aquela cara de quem quer algo, de quem pode tudo.

- Eu tinha certeza de que você estaria se escondendo aqui. - disse ele com toda calmaria do mundo, como um predador que observa pacientemente sua presa indefesa.

Meus dedos começaram a doer e me dei conta de que estava segurando com muita força os lençóis da cama.

- Por favor, saia! - disse a ele, já com a voz começando a falhar.

Eu não sou baixa, tenho 1,70 de altura, mas ele era bem maior que eu. Eu não teria nem chance se algo viesse a acontecer e saber disso me deixa ainda mais ansiosa, tanto que sinto meu estômago se revirar.

Ele caminha com passos lentos para dentro do quarto, fecha a porta, mas ainda fica ali, me olhando e sorrindo me causando náuseas.

- Você acha que engana quem com esse ar de santinha assustada? - ele riu, aquele tipo de risada que parece cortar o ar com navalhas.

A cada passo que ele dá em minha direção, faz meu coração bater mais forte. Com cada passo, vem uma nova sensação de querer sair correndo, mas eu não podia, estava paralisada pelo medo.

Eu permaneci imóvel sentada na cama, como quem espera a morte inevitável. Ele caminhou até parar em frente de mim. Se abaixa e posiciona seu rosto perto do meu, fecho os olhos tentando acalmar meu medo.

- Até o jeito que você respira me incomoda. - fala ele baixinho perto do meu ouvido me fazendo estremecer.

Abro os olhos e o encaro. Aqueles olhos verdes e aquela sobrancelha cerrada, o conjunto perfeito para fazer qualquer uma delirar. Mas não me causa nada mais que puro terror.

- Gosto da expressão que você tem agora… como se estivesse aceitado o seu destino, seja ele qual for. - e riu novamente.

Sua presença parece tão densa que por alguns segundos esqueci como se respirava, então de repente me vejo tentando buscar ar como quem estivesse acabado de se afogar.

- O que você quer? - pergunto desviando de seus olhos.

Ele se afasta um pouco, me dando um pouco de espaço e finalmente sinto que o ar volta aos meus pulmões de verdade. Respiro um pouco mais, mas não a ponto de me sentir aliviada. Sua presença ainda está ali, a poucos metros de mim.

- Por enquanto nada… mas você vai saber quando eu quiser algo. - novamente ele ri, olho para ele e vejo como seus cabelos loiros parecem ainda mais dourados na luz quente do meu quarto.

“Poderia ser um anjo, mas parece um demônio.” Pensei. Mas é como dizem, o diabo também já foi o mais belo dos anjos.

Ele encurta nossa distância novamente, mas sem olhar para ele, apenas escuto suas palavras enquanto se aproxima do meu rosto:

- Quanto mais medo você me mostra… - sua respiração em meu ouvido me faz novamente esquecer de respirar - mas desejo você me desperta.

Seu cheiro é tão provocativo quanto ele, amargo, excêntrico e perigoso. E completando ele diz:

- Afinal, tudo que é difícil, é melhor. E você… - ele pausa soltando uma respiração quente em minha pele - … parece bem tentadora!

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