Algumas alianças são seladas com promessas. Outras, com sangue, mentiras... e um casamento civil.. Angela sempre foi a garota perfeita para Rafael, linda, leal e cúmplice de todos os seus planos, até mesmo o mais ambicioso deles, que envolve um casamento estratégico para herdar metade da fortuna do tio, o poderoso e temido Lúcio Lancaster. Apaixonada desde os tempos da faculdade, Angela aceita se casar com Rafael no civil e comemora ao seu lado em uma luxuosa festa de hotel. Tudo parece perfeito… até que Rafael desaparece misteriosamente no meio da celebração.
Leer másNo silêncio da terra molhada, Ângela aprendeu que o amor pode matar e a sobrevivência começa no exato instante em que o coração é quebrado, e que seu aparente inimigo pode ser seu aliado nos momentos que parece o fim.
POV Ângela
2h horas antes
Eu podia ouvir os flashes estourando como fogos discretos a cada passo que eu dava naquele salão, o dia que tinha começado nublado, para mim agora era cheio de luz nesse grande lugar luxuoso que abafava qualquer preocupação com o mundo exterior.
A música ambiente era sofisticada, o perfume das flores se misturava ao do meu cabelo recém-arrumado, e meu vestido branco colava no corpo como se tivesse sido costurado pela própria vaidade, após nosso casamento no civil estávamos comemorando mais um passo.
Eu estava radiante, não por acaso. Era o meu dia.
O dia em que tudo que eu havia sonhado começava a se tornar real, depois de quatro anos Rafael decidiu me pedir em casamento, estávamos prestes a nos formar também e agora todos podiam ver que nosso relacionamento que se entendia desde o ensino médio era algo real.
— Você está linda — Rafael sussurrou ao meu ouvido, enquanto me puxava pela cintura com aquele sorriso fácil que sempre usava quando queria me deixar sem graça.
Sorri, encostando a cabeça de leve no ombro dele. Rafael sabia ser doce, gentil e encantador.
Ele era meu namorado desde o terceiro ano quando estávamos no ensino médio, meu cúmplice em tudo, inclusive no que estávamos prestes a fazer.
Desde o ensino médio, ele dizia que um dia eu seria dele, Ele lutou por mim, e venceu conseguiu realmente me conquistar e todos esses anos juntos ele se mostrou um homem de caráter incorruptível, minha família gostava dele o suficiente para aceitar todo o futuro que escolhemos para nos dois.
— Todos estão dizendo que eu sou sortuda — murmurei, fazendo charme enquanto os garçons passavam com taças de champanhe.
— Eles estão certos — ele respondeu, beijando meu ombro nu. — Mas eu sou o mais sortudo aqui, por ter uma mulher tão fascinante como você.
Os convidados sorriam ao nos ver juntos. Ele estava radiante e me elogiava, fazia questão de mostrar ao mundo que me tinha nos braços, e que me escolhera.
E eu… eu o amava. Não aquele amor ideal e ingênuo de filme, mas um amor alimentado pela cumplicidade, pelas noites dividindo segredos, e pelas manhãs fazendo planos em lençóis amarrotados.
— Seu tio está nos observando de novo — comentei, rindo entre dentes. — Acha que ele está desconfiando?
Rafael seguiu meu olhar. Do outro lado do salão, Lúcio, o poderoso e temido empresário, nos observava com uma expressão sombria, quase predatória.
Um homem que já teve o mundo nas mãos e agora mal conseguia levantar um copo, ele estava cada dia pior e o dinheiro não era capaz de salva-lo dessa maldição por ser um homem cruel e ganancioso.
E esse era um dos motivos, além do nosso amor, que eu e Rafael estávamos pensando em nos casar antes de nos formar.
— É só a cara de quem está prestes a perder metade de tudo — Rafael brincou, mordendo o lábio inferior e me puxando para mais perto. — E a culpa vai ser sua.
— Minha? — perguntei, rindo enquanto ele me abraçava por atrás me beijando no pescoço, mas me trazia um pouco de desconforto por seu tio está nos observando descaradamente como se tivesse nos avaliando.
— Você é irresistível — ele respondeu. — E oficial agora. Casar com você agora foi a melhor coisa que fizemos, obrigada por aceitar adiantar a data, sei o quanto você é meticulosa e gosta de seguir de acordo com o plano, mas prometo que não vou te desapontar, seu futuro está garantido ao meu lado.
— Não por isso, você sabe, eu me casei mais ainda porque era seu sonho ter a chance de administrar as empresas que deveria ser sua por direito, mas seu pai faleceu deixando tudo para o irmão mais novo dele, mas agora... você pode ter o vislumbre de tudo e eu estou feliz por isso, — disse a ele com sinceridade, o dinheiro de Rafael não me interessava, não que eu fosse de uma família rica, mas sempre vive bem ganhando meu próprio dinheiro, vivendo com minha mãe e irmãos juntos cuidávamos muito bem um do outro, agora com vinte dois anos consegui uma vaga em uma empresa importante e posso viver de forma instável também, mesmo que Rafael diga que vai cuidar de mim, eu ainda tenho tantos projetos que espero que ele possa estar ao meu lado.
Mas por agora eu estava aqui, quatro anos de namoro, promessas, e enfim o casamento civil. Com meu nome ao lado do dele, tínhamos acesso direto à herança que estava travada, parte da fortuna do seu tio.
E com o estado de saúde frágil do tio, era questão de tempo ele conseguir a outra metade, eu não sei muito sobre aquele homem, mas sei que ele é um homem bem estranho e quase nunca demonstra qualquer emoção como se fosse morto por dentro.
Desde que o irmão dele lhe entregou todas as suas posse e morreu por alguma razão desconhecida, ele fez as coisas do seu jeito e ninguém o suportava, era um homem que inspirava medo e pânico.
Mas enquanto todos brindavam, eu ainda sentia o olhar de Lúcios queimando minha nuca a primeira vez que encontrei esse homem foi quando visitei a mansão dele, e isso foi a quatro anos quanto tinha apenas 18 anos e estava começando a namorar Rafael e vendo ele agora... ele parecia ainda mais assustador, não parecia ter mudado muito, mesmo que naquela época ele só tivesse vinte quatro anos, a única diferença é que hoje em dia mesmo com seu porte atraente, ele era apenas uma casca doente que esta definhando para a morte, um homem como ele só poderia enfrentar esse destino frio.
Ainda assim Algo nele não se rendia. Um olhar que atravessava, que lia do véu, além do vestido, com seu olhar penetrante... eu tinha medo que ele soubesse o que Rafael estava tramando com esse casamento, na verdade, não era um segredo, mas ele não pode nos acusar de estarmos jogando com ele, afinal eu não sou uma mulher que Rafael pegou na rua para se casar devido às condições que ele criou para lhe ceder parte da herança, já tínhamos planos mesmo antes dele dizer que poderia ceder metade de sua herança a Rafael se ele se casasse.
— Rafael, é tão desconfortável ele nos observando, ainda mais com aqueles dois seguranças ao lado dele. — comentei um pouco assustada, mas quando encaro Rafael, ele está com a cara na tela do celular, a expressão não é ótima como se algo o incomodasse, como se tivesse recebido uma mensagem inconveniente, ele atendeu imediatamente, mal deu tempo de ver quem poderia ser.
— Preciso atender uma ligação de negócios, Volto em quinze minutos. Continue sorrindo e sendo perfeita, como sempre.
Beijou minha testa e se afastou, entrando no elevador que o levaria até a suíte presidencial que tínhamos reservado.
Eu continuei sorrindo.
Aceitei os parabéns, bebi mais uma taça, ri das piadas sem graça dos acionistas. Mas depois de alguns minutos, um deles se aproximou.
— Sabe onde está o Rafael? Ele ficou de me apresentar ao consultor da empresa…
Olhei para o relógio. Já fazia quase vinte minutos que ele havia subido.
— Ele deve estar na suíte. Vou ver se ele já terminou a ligação. — franzi o cenho ao perceber que já tinha se passado vinte minutos.
Desculpei-me, ajeitei a saia do vestido e caminhei até o elevador. O coração batia num ritmo estranho, ele estava demorando mais do que o previsto, onde ele estava? E meu instinto nunca falhava, era como se tivesse acontecendo algo muito errado.
Cap.166Ângela seguiu até a cozinha e encontrou a mulher sentada, enquanto os empregados a serviam. Ela mal sabia dizer do que gostava ou não; parecia que nada que era posto na mesa lhe era familiar.Assim que viu Ângela, afastou-se da comida como se estivesse sendo proibida de tocar.— Tia... desde que você foi embora, se casou cedo... a gente não tinha te visto mais. Que saudades! — Ângela disse, indo em sua direção e a abraçando.— Obrigada por me receberem... eu não sabia para onde ir.— Você não precisa ter medo. Quero que more comigo. Vou te oferecer um lar, segurança e, se você quiser, pode me ajudar com os trigêmeos. Preciso de alguém que cuide deles comigo, e eu quero que você tenha uma chance de recomeço também ao meu lado. O que acha?Helena engoliu em seco, os olhos marejados.— Você... faria isso por mim? — sua voz saiu quase sussurrada.— Sim. — Ângela sorriu, sincera. — Todo mundo merece uma segunda chance. Você vai estar segura aqui.Ângela se sentou próxima a ela, olh
Cap.1652 meses depois.Lúcios e Ângela estavam finalmente casados, e agora parecia que as coisas estavam retomando ao seu lugar, ou indo por novos caminhos, já que tudo precisava se realinhar e se reorganizar.Abigail havia deixado de lado os projetos que Ângela também desistira, e agora trabalhava como professora de meio período na faculdade. Mesmo que apenas para ocupar o tempo, parecia que, aos poucos, as determinações de cada um já não faziam mais sentido.Enquanto a aula não começava, ela estava sentada no pátio, conversando com Júnior.— Que engraçado, não é? De repente todas as nossas obstinações se tornaram nada quando Kellen morreu. Quem imaginaria que as nossas ambições estavam dependendo dela para continuar?— Verdade, eu também não vejo motivo para continuar com as pesquisas. Me sinto egoísta por isso, porque devíamos continuar e salvar pessoas.— Mas soube que Lúcios não abriu mão. Ele disse que contratou novos especialistas e que as portas estariam sempre abertas, já qu
Cap.164Arthur pegou o tablet que trazia consigo. Um simples toque fez a tela acender, revelando imagens que Ângela não reconheceu de imediato. Até que o coração dela parou por um instante: era o dia do parto.O vídeo mostrava a correria dos médicos, os equipamentos sendo preparados e, no centro da sala, ela mesma, desacordada e em estado crítico.O som da gravação trazia ordens rápidas, urgentes, e um detalhe a fez prender a respiração: Lúcios. Ela o reconheceu no processo da cirurgia; viu-o cuidando dela, viu o vídeo dele e soube que foi ele quem salvou as crianças e fez o parto acontecer com segurança, sem arredar o pé, os olhos fixos nela como se sua vida dependesse disso.Ângela levou a mão à boca, trêmula.— N-não… — murmurou, em choque. — Pai… não foi o senhor?Arthur a fitou, sério, sem desviar o olhar.— Eu não estava apto para realizar a cirurgia. Se tivesse tentado… teria perdido você e as crianças. — A voz dele vacilou por um instante. — Foi Lúcios quem a salvou. Ele… e ap
Cap.163O dia seguinte amanheceu cinzento, o céu carregado parecia chorar junto com todos. O caixão de Kellen, fechado, repousava diante do pequeno cortejo. Flores brancas o cercavam, mas nada era capaz de aliviar a sensação de tragédia que pairava no ar.Ângela mal conseguia ficar em pé. Os olhos marejados, a pele pálida, o corpo curvado como se todo o peso da dor tivesse se alojado em suas costas.Abigail e Júnior a amparavam de cada lado, sustentando a amiga que parecia desabar a cada passo.Kaedra se aproximou lentamente. O semblante que sempre fora firme agora estava desfeito.O choro vinha em soluços sufocados, o orgulho que sempre a acompanhava tinha desaparecido.Ao se ajoelhar diante do túmulo, a mulher que parecia inabalável se rendeu ao peso da culpa.— Me perdoa, minha filha… — murmurou, com a testa encostada na pedra fria. — Me perdoa pelas vezes que não disse que te amava. Me perdoa por ter escolhido caminhos errados acreditando que te salvaria… quando só te machuquei at
Cap.162Kaedra atravessava o portão principal do hospital apressada, os passos firmes, mas o coração inquieto. Mal teve tempo de respirar quando Miquelangelo surgiu diante dela, o rosto transtornado.— É sua culpa! — gritou, a voz embargada pela fúria e pela dor. — Se não fosse você, Ângela e Kellen nunca teriam sido atacadas! Elas quase foram mortas, Kaedra! Ângela levou uma facada! Você sabe o quanto isso é grave?Kaedra parou, o corpo rígido. O olhar dela vacilou, perdida entre orgulho e culpa.— Eu… eu não sabia que isso aconteceria — murmurou, sem forças. — Sinto muito, Miquelangelo… eu juro que sinto muito.As palavras mal haviam saído quando um som seco, terrível, ecoou alguns metros atrás deles. Algo havia caído com violência, atraindo o olhar dos dois.Miquelangelo foi o primeiro a ver. Não precisou se aproximar para reconhecer. O rosto dele empalideceu instantaneamente, as mãos subiram para cobrir a boca. Ele recuou, cambaleando, balbuciando como se não quisesse acreditar.—
Cap.161O sol entrava timidamente pelas janelas do hospital, refletindo nas paredes brancas e esterilizadas.Ângela abriu os olhos lentamente, sentindo a cabeça pesada, mas logo percebeu que não estava mais em casa, e sim em um quarto de hospital. Não tinha ideia de quando foi socorrida ou do que aconteceu depois. Seu lado doía de forma irritante, a ponto de mal conseguir se mover. Seus olhos se arregalaram ao se lembrar de Kellen, mas suspirou aliviada ao vê-la ali. Ainda assim, a dor em seu corpo a lembrava de que nada do que aconteceu tinha sido mentira; a cena de Kellen e toda aquela loucura estava gravada em sua mente.Ao seu lado, Kellen respirava de forma irregular, os olhos arregalados e molhados de lágrimas.— Kellen… — Ângela chamou baixinho, segurando a mão dela ao se esticar até a cama ao lado. — Está acordada.Kellen se virou, quase tremendo, e encarou a irmã com um olhar que misturava medo, culpa e desespero.Cada lembrança da noite anterior parecia gravada em sua mente
Último capítulo