Cap. 8

estava nas fotos.

Um homem. Uma cama. Flashes de intimidade em ângulos que não deixavam dúvidas. As imagens estampavam uma página de fofocas da faculdade, na seção: “A noiva sumida não fugiu sozinha.”

Mas como todos sabiam do desaparecimento de Angela se ainda não haviam se passado nem 24 horas?

Rafael cerrou os dentes, os dedos trêmulos se fechando sobre a tela enquanto encarava Kellen, em busca de uma explicação. Ela apenas devolveu um olhar sugestivo, como se o estivesse alertando.

— Wow... eu disse... — Kellen murmurou. — Angela sempre foi assim. Ela não se importa com os sentimentos de ninguém. Como você poderia ser o primeiro namorado dela após quatro anos? Ninguém permanece íntegro por tanto tempo...

— Maldita... traidora! — Rafael cuspiu, a voz embargada. — Isso tá em todos os grupos! Ela... na noite de núpcias... com outro! Com outro!

Lúcios lançou um olhar de soslaio, indiferente, com um discreto sorriso nos lábios.

— O que há de errado? — ele perguntou, como se comentasse sobre a previsão do tempo.

Rafael empurrou o celular até ele. Lúcios analisou as imagens por alguns segundos, depois suspirou longamente, como quem já esperava aquilo.

— Francamente, não me surpreende. Uma mulher como ela... é só uma oportunidade esperando para se vender, não acha? Eu já sabia que ela não era boa coisa, desde que entrou no meu quarto, há quatro anos. O que esperava?

— Eu... isso deve estar errado. — Lívia pegou o celular, incrédula. De todos ali, parecia ser a única que ainda tinha fé em Angela — mesmo sendo mãe de Rafael.

— Não está. Se eu não tivesse proibido a entrada dela na minha mansão naquela época, ela com certeza teria tentado me seduzir.

Rafael bateu com a mão na mesa, tentando manter a voz firme.

— Isso... isso muda tudo, certo? Eu não tive culpa! Você pode reconsiderar! O acordo... o senhor disse que, com o casamento, eu teria metade das empresas. Isso não pode me prejudicar! Tio... por favor!

Lúcios o olhou por cima da borda da xícara de café, um sorriso frio nos lábios.

— O acordo ainda é o mesmo. Se você arrumar alguém, te dou seis meses para que se estabilize e mostre um pouco de maturidade.

— Mas... mas eu casei com ela! O civil já foi feito! O que eu posso fazer agora?

— Comprove o adultério e anule o casamento. Anule... — disse ele com a voz arrastada, quase soletrando. E, naquele instante, viu Rafael hesitar.

— Mas o que vou fazer? Começar tudo de novo? Não pode considerar que eu me casei?

— Você não tem uma mulher ao seu lado agora, tem? Na verdade... — ele suspirou, encarando Kellen. — Você e a irmã de Angela parecem bem próximos. Afinal, ela está aqui... e não a sua esposa.

— Tio... eu já sou casado!

— Civilmente, sim. Mas a grande cerimônia, a que selaria a união diante da sociedade, diante dos acionistas, na igreja... essa ainda não aconteceu — disse Lúcios, girando calmamente a colher na xícara. — Era essa que importava. A noite de núpcias deveria ser com você, não com... seja lá quem for aquele traste. Mas, se não quiser anular e pegar mais seis meses, traga Angela em uma semana e resolva isso entre vocês. Se bem que... o escândalo vai te deixar bem famoso. — Lúcios comentou, contendo o riso.

Rafael empalideceu.

— Isso é... injusto! Então eu vou fazer isso. Eu ainda posso salvar tudo! Posso arrumar outra esposa! Podemos remarcar, talvez com...

— Com quem, Rafael? — Lúcios o interrompeu, pousando a xícara na mesa com um leve estalo. — Vai arrumar outra mulher em dois dias? Três? Vai encontrar alguém disposta a se sacrificar por você assim, tão rápido?

Ele se inclinou, os olhos estreitos como lâminas.

— Ou você encontra Angela... e resolve isso de forma adequada, ou reconstrói sua vida com o salário de um funcionário demitido. A escolha é sua.

Lúcios então se recostou na cadeira e voltou a beber o café com uma tranquilidade que doía. Rafael permaneceu mudo. Kellen continuava olhando para baixo, constrangida.

— Bom... — Rafael encarou o teto, pensativo. — Posso anular o casamento?

— É o que eu recomendo. Mas parece que você não quer, certo?

— Eu quero! Eu vou anular o casamento! Vou comprovar que ela me traiu e sair disso. E então... me casar.

— Você já tem alguém em mente? — Lúcios perguntou.

Rafael abaixou a cabeça, enquanto Kellen o encarava com expectativa.