A dor explodiu e tudo girou ao redor de Angela que franziu o cenho em meio à confusão e a dor latejante.
Suas pernas fraquejaram.
O mundo ficou turvo, lento, vermelho.
Ouviu vozes distantes. Gritos. Rafael?
— Angela! Meu Deus, Angela! Chama um médico! Alguém chama ajuda!
Sentiu braços me segurando. O cheiro de suor, perfume barato e desespero. E então... nada. Nada além da escuridão.
— Ângela! — Rafael gritou, correndo até ela. — Meu Deus, o que você fez, Kellen?!
Kellen, a irmã mais velha de Ângela, tremia com os punhos cerrados. Seus olhos estavam arregalados, mas sua voz veio firme, fria ao ver o sangue escorrendo de Ângela.
— Ela estava te destruindo, Rafael. Você não via? — Ela sussurrou, mas sua voz vacilou como se ela estivesse com medo. — Ela era uma ameaça, você viu as coisas que ela falou, se seu tio soubesse você pararia na miséria, você sabe! ela sabia demais — ela berrou em pânico travada no mesmo lugar.
Angela estava caída, sangue escorrendo do canto da boca, o vestido manchado. Rafael se ajoelhou desesperado, sacudindo-a suavemente.
— Angela, por favor, olha pra mim! Fala comigo! Por favor meu amor... — ele chorou copiosamente enquanto pedia perdão.
Nada.
— Ela está... morta? — ele sussurrou, a voz engasgando de medo e incredulidade.
— Sim. — respondeu Kellen com uma calma assassina. — E agora precisamos pensar rápido, antes que sua vida acabe junto com a dela.
— minha vida? A sua, não é? Sua desgraçada como você pode fazer isso com sua própria irmã. Com minha querida Ângela, você acha que eu não amava?
— você pode a amar, ainda assim o que importa? Ela estava prestes a te entregar porque me descobriu, tem coisas demais em risco, não teve outro caminho, seu tio é um homem muito perigoso, jogaria você na lama se não fosse assim.
— Você enlouqueceu?! Nós precisamos chamar um médico, a polícia, alguém! — gritou ele, erguendo o rosto banhado em lágrimas.
Kellen cruzou os braços. — Você quer ser preso, Rafael? Quer perder tudo? Ela invadiu, caiu, bateu a cabeça... A culpa será sua. E você sabe o que está em jogo.
— Ela era minha noiva... eu amava ela, Kellen!
— Então a proteja agora. Faça isso parecer um acidente. Ou enterre tudo. Literalmente.
O silêncio pairou pesado. Rafael soluçou, abraçando Ângela uma última vez.
— Desculpa, minha menina. Desculpa...
— Você não pensou nisso quando se deitou comigo, porque está tratando ela assim agora?
— não posso me livrar dela assim, kellen! Como assim enterrar ela e até mesmo a privar de ter um enterro descente o que seus pais vão dizer?
— vamos inventar uma desculpa, Ângela já tinha o costume de fugir para te ver, lembra? Desde que vocês começaram a namorar, logo que ela fez dezoito anos ela fugiu até sua mansão, você não cansa de contar isso, da primeira vez de vocês mesmo quando seu tio colocou ela para fora da mansão, vocês dois tiveram muitas histórias contraditórias, além disso poderíamos usar seu tio como bode expiatório, sei lá, ainda temos que pensar em tudo, mas uma coisa é certa, Ângela está morta e não podemos fazer nada.
— O que você quer?
— Decida... se encontrarem ela, vão suspeitar de nos dois, mas... se nos livrarmos e dizer que ela estava tendo um caso e fugiu...
— Nós acabamos de nos casar...
— você quer ser preso? Afinal eu não vou sozinha, você é meu cumplice. — ela avisou e Rafael enrijeceu, ele soltou o corpo de Ângela no chão com cuidado, mesmo que quisesse gritar e encarou Kellen, uma mulher da mesma idade que Rafael que tem 24 anos.
— tudo bem, eu vou ligar para umas pessoas de confiança e ninguém vai saber o que aconteceu aqui.
Rafael desceu após se limpar e trocar de roupas, todos estavam o esperando, ele manteve a mesma calma, enquanto perguntavam por Ângela, ele apenas dizia que estava a procurando, mas não sabe onde foi, que supostamente estava na suíte o esperando que era a noite deles.
Minutos depois, dois homens de confiança chegaram, silenciosos a noite agora estava se estendendo e isso só ajudaria mais ainda, vestidos de preto pela entrada dos fundos daquele grande hotel e com a compra de alguns seguranças eles conseguiram entrar sem levantar suspeitas e seguir até o andar superior onde estava o corpo, todo o andar foi esvaziado e eles usaram a escada de emergência após limpar o apartamento limpando os vestígios do incidente.
A tempestade aumentava, e o trovão abafava os sons do horror que acontecia.
— É aqui. — disse um dos homens, apontando para um buraco recém-cavado entre as árvores da floresta em uma pequena montanha distante da cidade.
Angela estava enrolada em lençóis, o rosto coberto e Rafael estava branco como papel. A cada passo, o peso da culpa o esmagava. Quando os homens largaram o corpo, o impacto surdo contra a terra molhada o fez vacilar.
— nós vamos embora. — disse ele, rouco ao encarar kellen. — cuidem do resto, as pessoas podem estranhar nosso desaparecimento, será melhor que possamos...
— você esta certo, nesse momento vamos anunciar o desaparecimentos de Ângela e dizer que ela estava com um homem, eu voou montar tudo.
Os homens concordaram em seguida jogando o corpo dela no buraco, o impacto da terra que era jogado em cima de seu corpo parecia ter causado algo inesperado, seu rosto descoberto suas pestanas piscaram enquanto ela tentava traduzir o que estava acontecendo sentindo seu corpo amarrado mesmo que tentasse se mover, E então...
Ela soltou um som.
Um sussurro. Fraco. Quase imperceptível.
— Ajud...a...