Mundo de ficçãoIniciar sessãoEu tinha vinte e quatro anos quando pedi divórcio ao homem mais perigoso de Londres. Ethan Storm assinou o papel sem nem ler… enquanto falava “te amo” pra amante no telefone. Pouco mais de trinta dias depois, eu já era noiva de outro. Andrew Sinclair, quarenta anos, Ceo multibilionário, o homem que faz o mundo dobrar o joelho com uma ligação só. Ele me ofereceu um contrato: — “Um casamento de dois anos. Você me dá um herdeiro. Eu te dou tudo.” Eu assinei. Porque eu queria esquecer o mafioso que nunca me tocou. Porque eu queria me sentir desejada pelo menos uma vez na vida. Mas eu não sabia que Ethan ia surtar quando descobrisse. Não sabia que ele ia aparecer no meu noivado, arma na mão, prometendo me levar de volta. E eu definitivamente não sabia que Andrew escondia um segredo que pode acabar comigo. Agora eu tenho um ex-marido mafioso que não aceita perder. Um futuro marido bilionário que me faz mulher todas as noites. E um coração que ainda acelera quando ouve o ronco daquela moto preta. Entre o inferno que eu já conheço e o paraíso que pode sumir a qualquer momento… com quem eu fico?
Ler maisRuby
Eu tinha vinte e um anos quando vi Ethan Storm pela primeira vez. Naquele dia eu estava sentada na sala de jantar da nossa casa, ouvindo meu pai andar de um lado para o outro, o rosto pálido, as mãos tremendo enquanto segurava um copo d’água. Ele não conseguia mais esconder. A dívida era antiga, feita antes mesmo de eu nascer, e agora os Storm vinham cobrar. — “É só um jantar, Ruby. Só isso. Você vem comigo, por favor.” A voz dele estava rouca, quase implorando. Eu sabia que não era só um jantar. Quando meu pai dizia “é a última chance”, era porque realmente não havia mais saída. O restaurante ficava no centro da cidade, um lugar caro demais para gente como nós. O maître nos levou até uma sala privada no fundo. A porta se abriu e o ar mudou. Eu senti antes mesmo de olhar. Ethan Storm entrou como se o mundo pertencesse a ele. Alto, mais de um metro e noventa e três, ombros largos dentro de um terno preto que parecia feito sob medida para matar. Cabelo curto, escuro, um pouco bagunçado de propósito. Olhos cinza, tão claros que pareciam gelo. Ele não sorria. Não precisava. O silêncio que veio junto dele já dizia tudo. Meu pai se levantou depressa. — Senhor Storm, esta é minha filha, Ruby. Ethan parou na minha frente. Me olhou dos pés à cabeça, devagar, sem vergonha nenhuma. Depois estendeu a mão. A palma dele era quente, firme, cheia de calos que um homem de terno caro não deveria ter. — É uma honra — ele disse, a voz grave, quase um rosnado baixo. Eu apertei a mão dele e senti um choque subir pelo braço. Meu coração disparou tão forte que tive medo que ele ouvisse. Eu nunca tinha visto um homem tão bonito e tão perigoso ao mesmo tempo. Era como olhar para um lobo que decidiu entrar na sua casa e sentar à mesa como se fosse o dono. Sentamos. O jantar começou. Meu pai gaguejava, tentava puxar conversa, mas Ethan só respondia o necessário. Em determinado momento ele largou os talheres, limpou a boca com o guardanapo e foi direto: — Sr. Wilder, vamos parar de enrolar. O senhor me deve dois milhões e quatrocentos mil libras há muito tempo. Juros corridos. O senhor não tem como pagar. Eu sei disso. O senhor sabe disso. Meu pai engoliu em seco. Eu senti o estômago revirar. — Eu… eu posso parcelar, senhor Storm, eu juro que… — Não quero parcelar. Quero quitar de uma vez. — Ethan se inclinou um pouco para frente, os olhos fixos no meu pai. — Um casamento limpa qualquer dívida. Casa a sua filha comigo e o assunto morre aqui. Sua família fica protegida. Ninguém mais vai bater na sua porta. Nunca mais. O silêncio que veio depois foi tão pesado que eu quase não conseguia respirar. Meu pai me olhou. Eu olhei para Ethan. Ele me encarava de volta, sem piscar, como se já soubesse que eu não ia ter escolha. Naquela noite eu chorei até dormir. Implorei para o meu pai cancelar tudo. Gritei que preferia morrer a casar com um estranho. Ele só chorou junto comigo, abraçando minhas pernas no chão do quarto. — Ele vai te proteger, Ruby. Você não entende… os Storm não perdoam. Se a gente recusar, eles vão atrás de você do mesmo jeito. Pelo menos assim você fica viva. Pelo menos assim você tem um teto, segurança, uma vida que eu nunca consegui te dar. Eu odiava ele naquela hora. Mas odiava mais ainda por saber que ele estava certo. O casamento aconteceu oito dias depois. Civil, rápido, sem festa. Eu usei um vestido branco simples que minha tia emprestou. Segurava um buquê de rosas brancas com as mãos tremendo tanto que quase deixei cair. Ethan estava impecável de terno preto, camisa preta, gravata preta. Sem sorriso. Sem olhar para mim mais do que o necessário. Quando o juiz perguntou se eu aceitava, minha voz saiu tão baixa que ele pediu para repetir. Eu disse sim. Ethan disse sim sem hesitar. Colocou a aliança no meu dedo como quem fecha um contrato. Frio. Perfeito. Assustador. A mansão dele era enorme, tão fria quanto ele, toda em tons de cinza e preto. Os seguranças me cumprimentaram como se eu fosse visita. Uma empregada me levou até o quarto principal, o quarto dele, e disse que o senhor Storm chegaria mais tarde. Eu esperei. Tomei banho, coloquei a camisola branca que a empregada deixou em cima da cama. Sentei na beirada do colchão king size e esperei, o coração batendo tão rápido que doía no peito. Ele entrou depois das duas da manhã. Eu ouvi a porta abrir, os passos pesados. Levantei num pulo. Ethan tirou o paletó, jogou no sofá, afrouxou a gravata. Só então olhou para mim. Deus do céu. Sem paletó, de camisa social preta com as mangas dobradas, os antebraços tatuados à mostra, ele parecia ainda mais perigoso. O peito largo marcando o tecido. O cheiro dele invadiu o quarto: cigarro caro, perfume amadeirado, algo que fazia minha boca secar. — O que você está fazendo acordada? — ele perguntou, a voz baixa. — Eu… é nossa noite de núpcias — eu consegui dizer, a voz tremendo. Ele deu um riso curto, sem humor. Desabotoou o primeiro botão da camisa, depois o segundo. Veio andando devagar até parar na minha frente. Eu era tão pequena perto dele. Tive que levantar o rosto para encarar aqueles olhos cinza. — Escuta bem, Ruby. — Ele segurou meu queixo com dois dedos, firme, me obrigando a manter o olhar. — Esse casamento é um acordo. Só isso. Eu nunca vou te tocar. Nunca vou te beijar. Nunca vou transar com você. Entendeu? Eu senti as lágrimas subirem, quentes, queimando. — Mas… a gente é casado… — No papel. Só no papel. — Ele soltou meu queixo como se eu queimasse. — Eu já tenho quem esquente minha cama. E não é você. Nunca vai ser. Eu não consegui segurar. As lágrimas caíram. Ele viu, mas não se mexeu para enxugar. Só ficou me olhando, frio, como se eu fosse uma criança fazendo birra. — Não chora — ele disse, quase irritado. — Não se apaixone por mim, Ruby. Eu não sou homem pra isso. E você não ia aguentar quem eu sou de verdade. Ele virou as costas, pegou o paletó de novo. — Pra onde você vai? — perguntei, a voz falhando. — Pra onde eu sempre vou quando preciso esquecer o dia. — Ele parou na porta, sem olhar para trás. — Dorme. Amanhã você já vai ter motorista, cartão, seguranças. Tudo que uma esposa de papel precisa. A porta bateu. Eu ouvi o ronco da moto dele minutos depois, cortando a madrugada. Eu me joguei na cama enorme, sozinha, abraçando o travesseiro que ainda tinha o cheiro dele. E chorei até os olhos doerem. Naquela noite eu odiei Ethan Storm com todas as minhas forças. Naquela mesma noite, sem eu perceber, comecei a amá-lo. E esse foi o começo de tudo.AstridEu sempre soube que no dia em que Ethan Storm me virasse as costas, não seria por falta de desejo.E sim por outra mulher.E essa mulher tinha nome: Ruby. A ruivinha sonsa. A ingênua que ninguém dava nada e que agora vivia andando em tapetes persas como se tivesse nascido pra isso.Ele me expulsou da mansão como se eu fosse lixo. E sabe o que é o mais irônico? Eu fiz tudo por ele. Tudo. Por amor. Por lealdade. Por vício.Então, quando a porta bateu na minha cara e ouvi o tranco da fechadura, jurei uma coisa. Eu não vou perder. Nem pra ela. Nem pra ele.E se Ethan acha que pode virar as costas e seguir em frente, vai aprender da forma mais dolorosa que eu sempre volto. Sempre.Passei os dias seguintes observando. Lendo notícias. Seguindo cada passo do tal Andrew Sinclair, o novo marido, o bilionário, o príncipe de vidro. Ele parecia perfeito demais, polido demais, correto demais.Homens assim têm rachaduras. E eu sei exatamente onde bater.A primeira vez que o encontrei foi num
EthanLondres nunca pareceu tão cinza quanto nessas últimas semanas. As ruas continuam cheias, o trânsito continua infernal, o barulho continua o mesmo. Mas, pra mim, tudo perdeu a cor. Tudo perdeu sentido.Desde que Ruby sumiu, desde que aquele casamento absurdo apareceu estampado nas manchetes, eu virei uma sombra de mim mesmo.Viajei como um condenado. Dubai, Ilha de Creta, Itália, Suíça… segui pistas falsas, paguei informantes idiotas, ameacei quem precisava ser ameaçado. Nada. Nenhuma maldita pista da mulher que me deixou sem nem olhar pra trás.E hoje, enfim, alguém fala.O informante, um verme com dentes tortos, fica tremendo na frente do meu carro enquanto entrega um envelope.— O senhor pediu qualquer movimentação da família Sinclair… é… eu consegui isso.Pego o envelope e folheio as fotos: Andrew Sinclair. Ruby. Uma lista de compromissos. E, finalmente… um evento.Uma gala de tecnologia beneficente. E Ruby estará lá. Meu maxilar estala. Finalmente. Jogo o maço de dinheiro no
RubyEu sempre ouvi dizer que felicidade demais dá medo. Que quando a vida fica boa demais, a gente automaticamente começa a imaginar o momento em que tudo vai desmoronar.Eu nunca tinha sentido isso na pele… até a ilha.Dois meses.Dois meses vivendo dentro de um paraíso que parecia ter sido desenhado exclusivamente para mim e para Andrew.A água cristalina, o cheiro das frutas maduras, as noites de brisa quente e o jeito como ele me olhava… como se eu fosse a única coisa viva em toda a Terra.Eu nunca fui tão amada.Nunca fui tão desejada.Nunca fui tão livre.E justamente por isso… eu tinha medo de piscar e perder tudo.Naquela manhã específica, acordei com o estômago embrulhado. Abri os olhos devagar, esperando sentir a brisa fresca que sempre entrava pela varanda, mas foi o enjoo que me dominou primeiro.Coloquei a mão na boca, fechei os olhos com força.— De novo não… — sussurrei para mim mesma.Era o terceiro dia seguido acordando assim. O calor da ilha, eu pensei na primeira v
EthanEu nunca pensei que uma foto pudesse me destruir. Mas ali estava ela, Ruby, com aquele vestido branco leve, cabelo preso de um jeito simples, sorriso doce… e o braço dele ao redor da cintura dela.Andrew Sinclair.O marido.O substituto.O homem que estava vivendo o que deveria ser meu.A imagem surgiu na tela do meu celular porque algum paparazzi desgraçado publicou antes do permitido. Antes do anúncio oficial. Antes que eu estivesse minimamente preparado.Eu só vi branco.Branco de fúria. Branco de dor.Branco como o vestido dela.A garrafa de uísque na mesa foi a primeira a voar. Bateu na parede e explodiu, o vidro espalhando cheiro de álcool pelo escritório. Depois vieram os papéis, o computador, a cadeira. Eu virei tudo. Nada fazia sentido. Nada aliviava. Nada diminuía a sensação de ter levado uma facada no peito.Dois meses sem notícias. Dois meses sem uma mensagem, uma ligação, um pedido de ajuda. Dois meses tentando não surtar enquanto meus contatos pelo mundo me diziam
AndrewMais tarde, na praia, enquanto o sol descia e o céu começava a ficar alaranjado, eu deixei escapar o que estava me incomodando faz tempo.Estávamos caminhando na beira da água, a espuma molhando os pés dos dois. Ela recolhia conchinhas aleatórias e me mostrava como se fossem tesouros.— Nunca pensei que ver alguém rindo pudesse me deixar assim — falei, sem planejar.Ela parou, me olhando.— Assim como?Eu respirei fundo.— Com medo de estragar tudo.Foi honesto demais até pra mim. Mas não me arrependi. Ruby ficou quieta por uns segundos, olhando pro mar. Quando falou, a voz estava mansa.— Você não vai estragar tudo, Andrew.— Como pode ter tanta certeza? — tentei sorrir, mas não saiu muito convincente. — Eu sou um especialista em transformar coisas em pressão. Números, projetos, pessoas...Ela largou as conchinhas no chão, limpou a areia na saia do vestido leve e veio até mim. Segurou minha mão, entrelaçando os dedos.— Porque você está tentando — respondeu. — Um homem que só
AndrewEu acordei antes dela.O que não era novidade, mas daquela vez parecia diferente. Eu não estava só acordado, eu estava… atento. Cada respiração dela, cada mexida leve no lençol, cada fio de cabelo ruivo espalhado no meu travesseiro.Ruby dormia deitada de lado, virada pra mim, a boca ligeiramente aberta, o rosto relaxado. Tinha um roxo bem discreto na pele clara do pescoço, marca da noite anterior. Minha marca.Meu peito apertou.Eu passei a mão devagar pelo cabelo dela, afastando uma mecha da bochecha. Ela franziu o nariz, murmurou alguma coisa que eu não entendi e se encolheu um pouquinho, puxando o lençol.— Bom dia, ruivinha — sussurrei, encostando a boca na testa dela.Nada. Só um suspiro mais fundo.Eu podia ter deixado ela dormir. Devia, talvez. Mas meu corpo gritava outra coisa. Depois de tanto tempo só imaginando, eu tinha conhecido o gosto completo dela na noite anterior. E agora não queria mais esquecer.Então comecei devagar.Beijei de novo a testa. Depois a ponta d















Último capítulo