Depois de flagrar seu noivo — com quem estava há cinco anos — nos braços de outra, Stella prometeu nunca mais se entregar ao amor. Agora, tudo o que ela quer é focar na carreira de fotógrafa, mesmo que isso signifique aceitar um estágio mal pago numa das maiores empresas do país. Mas ela não esperava cruzar o caminho de Leon Cavalli — o enigmático e poderoso CEO da companhia… e também um amante secreto da fotografia, que esconde seus sentimentos por trás de uma armadura impenetrável. O que começa com tensão vira desejo. O que parecia impossível se transforma em algo real — intenso, perigoso e assustador demais para alguém com o coração em pedaços. Stella precisa decidir se vai deixar que as feridas do passado fechem para sempre… ou arriscar descobrir que o segundo amor pode ser ainda melhor. Mas quando os segredos sombrios de Leon vêm à tona, ela percebe que não é a única com cicatrizes.
Leer másO aroma denso de coquetéis exóticos se misturava à música baixa e envolvente no bar de iluminação âmbar, onde as sombras pareciam sussurrar segredos. Aya tagarelava ao meu lado, rindo de alguma piada que eu fingia entender, até que uma súbita vontade de me afastar da superficialidade daquela noite me levou ao balcão.
Foi quando o vi.
Ele estava sozinho, com o colarinho da camisa desabotoado no ponto certo para atiçar curiosidade e os dedos longos girando devagar um copo de uísque caro. O tipo de homem que não tentava parecer poderoso — ele simplesmente era.
Ao tentar passar, acabei esbarrando nele. Talvez tenha sido o salto, ou talvez... só a tequila agindo como cupido bêbado.
— Me desculpe. — murmurei, com um sorriso automático.
— É melhor assistir por onde anda. — A voz dele era baixa, com um tom arrastado e perigosamente calmo, como se estivesse mais acostumado a dar ordens do que a receber desculpas.
Virei para encará-lo. Aqueles olhos escuros eram indecentes de tão bonitos. Pena que a boca dele estragava tudo quando abria.
— Sério? Você está sozinho num canto escuro, vestido como se fosse CEO de alguma maldita máfia... e quer que eu veja você antes de tropeçar? — respondi, arqueando uma sobrancelha. — Se quiser isolamento, experimente um mosteiro.
Ele riu. Um som grave, breve, que fez algo quente se mexer na minha barriga.
— Gosto mais de bares do que de votos de castidade.
O desafio estava lançado.
A conversa virou um jogo de provocações — sorrisos de canto de boca, farpas embrulhadas em charme e aquele tipo de olhar que tira o fôlego, mesmo quando as palavras tentam manter distância.
Não sei como aconteceu. Só lembro da mão dele encostando levemente na minha cintura quando me desequilibrei no salto, da forma como nossos rostos ficaram perto demais, da maneira como ele murmurou algo em coreano e eu não entendi uma palavra — mas entendi tudo.
— Você é perigosa. — disse ele, os olhos fixos na minha boca.
— E você é irritantemente... tentador. — admiti, talvez alto demais.
Não lembro quem se aproximou primeiro. Só sei que, quando nossos lábios se encontraram, não houve hesitação. Foi um beijo impaciente, quente, carregado da eletricidade que havíamos acumulado nas últimas trocas. A mão dele segurava firme minha nuca, e eu me afogava naquela combinação de uísque e desejo.
A noite continuou em borrões: um carro preto com vidros escuros, o elevador do hotel subindo devagar demais, seus dedos deslizando pelo zíper do meu vestido antes mesmo da porta se fechar totalmente.
E então... escuridão.
Acordei com o gosto vago de uísque na boca e um braço quente envolvendo minha cintura.
Demorei alguns segundos para lembrar onde estava. Hotel. Quarto 1203. A noite anterior ainda latejava no meu corpo em flashes: o beijo, o elevador, as mãos dele no meu vestido, minha boca no pescoço dele... e depois? Depois, só fragmentos. Riso abafado. Lençóis amassados. A voz dele sussurrando algo no escuro.
Meu primeiro pensamento coerente foi: que merda eu fiz. O segundo: eu definitivamente faria de novo.
Virei devagar, como se algum movimento brusco fosse quebrar o encanto — ou o acordo tácito de que aquilo era só uma noite.
Ele dormia profundamente. Um braço estendido sob o travesseiro, os cabelos bagunçados e a boca entreaberta. Não era justo alguém parecer assim tão... tranquilo depois do que aconteceu. Como se ele tivesse o hábito de transformar noites aleatórias em lembranças indecentes. Como se eu não fosse a primeira — e nem a última.
Revirei os olhos para mim mesma. Parabéns, Stella. Primeira noite na cidade, primeira burrada.
Me esforcei para sair da cama sem acordá-lo, e por um milagre, consegui. As roupas estavam espalhadas como se um furacão tivesse passado por ali — e tecnicamente passou. Vesti o vestido com a destreza de quem já tinha feito isso antes (infelizmente), e enfiei os sapatos na mão. A camisa dele estava caída ao pé da cama, como uma lembrança do tipo de escolha que sempre volta para te assombrar às três da manhã.
Olhei uma última vez por cima do ombro. Ele não se mexeu. Talvez fosse melhor assim.
Eu não sabia o nome dele. E, naquele momento, isso parecia exatamente o que eu precisava. Só não sabia que o nome dele me encontraria horas depois — com gravata, crachá e autoridade.
Abri a porta devagar, os passos silenciosos no corredor ainda deserto.
A cidade lá fora parecia menos glamourosa agora. O sol já se espremia entre os prédios, e eu ainda precisava voltar para casa, tomar um banho, encontrar um café decente... e sobreviver ao primeiro dia no novo emprego.
Porque, claro, tudo o que eu precisava depois de uma noite com um completo estranho era impressionar chefes e colegas em um escritório que eu nem sabia como encontrar sem o GPS.
Suspirei fundo no elevador. Um deslize. Só isso. Uma noite antes da vida começar de verdade. Ninguém precisava saber. Ele que ficasse sendo um rosto bonito e um nome que eu não fazia ideia.
Um suspiro, um café e uma cara de quem dormiu oito horas e não cometeu nenhuma insanidade. Eu conseguia fingir. Eu era boa nisso.
Ou pelo menos achava que era.
Ainda não sabia que o destino — e o RH — tinham um senso de humor péssimo.
Cheguei na agência antes mesmo do relógio bater oito. Não porque eu fosse exemplar, dedicada ou qualquer adjetivo bonito que colocam em currículos.Era só medo.Medo de cruzar com ele no elevador, medo de encarar o próprio reflexo e lembrar da noite anterior, medo de admitir — até pra mim mesma — que eu ainda não tava pronta pra lidar com tudo que vinha junto com esse homem.Me sentei na minha baia, respirei fundo e liguei o computador, fingindo que precisava desesperadamente revisar a proposta da Divine Skin pela milésima vez. Spoiler: eu já sabia cada frase de cor.Ótimo. Falei mais do que devia, burra, chorei mais do que planejava. Agora só falta… ele aparecer. E estragar o restinho de paz que eu tenho.Abri uma planilha. Fitei o Excel como se ele fosse meu novo hobby.Cliquei numa célula qualquer e comecei a digitar algo completamente inútil — só pra manter as mãos ocupadas.A verdade era que eu tava evitando olhar pra porta de vidro da sala dele.Porque eu sabia.Se eu olhasse… e
— Vai, Stellinha, vamos, vai ser divertido — Alex implorava dentro do elevador como se fosse uma criança pedindo doce no meio do mercado.— Tá, mas não vou ficar até tarde — retruquei, cruzando os braços e tentando manter a compostura de mulher madura que claramente estava prestes a ser quebrada.O que começou como um “só uma cerveja” acabou virando um “só mais uma rodada” e, quando percebi, estávamos os três em um pub local, de nome alternativo e atmosfera moderninha. Eu nunca tinha ido lá antes. Luzes coloridas, decoração meio industrial com toque descolado, mesas de madeira preta espalhadas em ângulos esteticamente questionáveis e uma banda ao vivo mandando covers de Arctic Monkeys — o que sempre me deixa com uma pontinha de nostalgia que não sei explicar.Sentamos afastados do palco, num daqueles sofás de canto onde a música parece mais um fundo do que um convite pra dançar. Louis, como sempre, já estava se soltando depois da terceira cerveja artesanal com nome em francês que ele
Olho pra minha amiga sentada no chão, branca igual papel, e juro que por um segundo achei que ela fosse desmaiar ou invocar algum espírito do uísque.— Tá tudo bem, Stell… — ela diz com a voz meio arrastada — eu só exagerei um pouco no uísque.Ah vá. Nem tinha percebido.Arfo e me sento ao lado dela, encostando a cabeça na parede, enquanto ela joga a dela no meu ombro como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Talvez fosse. No nosso caos compartilhado, nada mais era absurdo.Mas aí, como se o universo dissesse “ei, ainda dá pra piorar”, Samantha aparece do outro lado, se joga no chão com a leveza de quem não carrega nenhuma vergonha e solta:— Inclusive… — ela pausa, dramática — foi impressão minha ou Leon estava quase te beijando?Minha alma saiu do corpo. E voltou. E saiu de novo. Eu acho que nem pisquei. Os olhos arregalaram, o ar travou no meio do caminho e por um segundo eu cogitei desmaiar só pra não precisar responder.— Ele o quê? — Aya gargalha, e não é uma risada co
A semana passou voando, mas os pensamentos sobre aquele sonho continuavam a me atormentar como uma praga sensualmente bem produzida. Claro, com toda a demanda insana da agência, eu não tive muito tempo de surtar. Mas olha… como eu queria. E muito.Estava jogada no sofá, vestindo meu uniforme oficial de exausta — moletom, meia furada e cara de “não me chame nem pra pensar” — quando Aya apareceu na sala.Brilhante.Literalmente brilhante.Sombra metálica, vestido com lantejoulas douradas, batom vermelho e aquele olhar de quem tem um plano que eu não vou gostar.— Temos uma festa de aniversário pra ir — ela diz como quem avisa que o jantar tá pronto. — Se levanta e se arruma. Você tem trinta minutos.Eu nem mexi um músculo.— Não. — respondi firme, dramática, trágica. — Eu vou ficar em casa. Depois dessa semana intensa, eu só quero paz, travesseiro e a chance de esquecer que sonhei com meu chefe como se fosse cena de trailer 18+.— Você precisa sair. Respirar. Viver. A festa é da minha a
Era noite.Estávamos sentados no chão — sim, no chão — de uma sala que, sem o menor esforço, poderia pagar uns três apartamentos iguais ao meu e Aya, com direito a mobília, aluguel, condomínio e talvez até o IPTU pago pelos próximos cinco anos.Leon estava ali, na minha frente. E não... não era aquele CEO impecável, terno ajustado, gravata simetricamente alinhada e cara de quem controla o mundo antes mesmo do café da manhã.Era... outro Leon.Camisa social branca, mangas dobradas até o bíceps — e que bíceps, senhoras e senhores —, os dois ou três primeiros botões abertos, revelando aquele peitoral absurdo, e a gola meio torta, meio desajeitada... meio provocação ambulante.Ele segurava uma taça de vinho com uma mão e aquele sorriso no rosto... aquele maldito sorriso malicioso que deveria ser proibido em todos os estados e países civilizados.Eu? Bom... eu estava em um vestido preto, justo, decote em V que deixava mais pele à mostra do que meu emocional estava preparado pra administra
POV KENY LEMOSSe tem uma coisa que eu aprendi trabalhando anos como secretário do Leon é que… bom, tudo tem limite.Tudo.Menos a capacidade dele de fingir que não tá completamente rendido por uma certa estagiária chamada Stella.Porque, honestamente… não dá mais pra disfarçar. Nem com muito treino. Nem com três MBAs em autocontrole. Nem se ele contratasse o Papa como coach emocional.Aqui estou eu, sentado na minha mesa, organizando a agenda dele — como sempre, impecável, eficiente, sem errar uma vírgula — enquanto observo, de canto, aquela cena que… bom… virou basicamente parte do expediente.Leon Cavalli. Poderoso. Temido. CEO. Recostado na lateral da porta de vidro da própria sala. Braços cruzados. Gravata perfeitamente alinhada. Rosto sério, mandíbula tensionada, aquele olhar de predador em modo de espera.Só que hoje, o alvo não é nenhuma negociação milionária. Nenhuma reunião com investidores. Nenhuma fusão internacional.O alvo… é ela.Stella.Lá na baia do setor criativo, te
Último capítulo