Mundo ficciónIniciar sesiónCaine Westbrook é CEO de uma das maiores petroleiras do Texas — um homem duro, rabugento e viciado em controle. Ele vive para números, contratos e silêncio. Emoções? Ele prefere manter as dele bem enterradas. Mas quando o irmão, militar em missão no exterior, precisa de ajuda, Caine é obrigado a assumir a guarda temporária do pequeno Elijah, seu sobrinho de seis anos. Por três semanas, o homem que não sabe nem preparar um sanduíche vai ter que cuidar de uma criança cheia de energia… e sentimentos. Na tentativa de manter alguma rotina para Eli, Caine o busca na escola. Lá ele conhece Laura Hart — a professora mais radiante, barulhenta e sorridente que já cruzou seu caminho. Ela é o completo oposto dele: doce, caótica, cheia de esperança… e um perigo real para sua sanidade. O problema? Eli é apegado a ela. E Laura, com seu jeito gentil e determinado, acaba entrando na rotina dos dois — com muffins, abraços e um sorriso capaz de desarmar até o coração mais fechado. O envolvimento entre Caine e Laura é tão intenso quanto inesperado. Mas para um homem que nunca acreditou no amor, deixar alguém se aproximar é como abrir uma caixa que ele jurou manter trancada. Ela é sol. Ele é tempestade. E numa guerra entre o desejo e o dever, Caine pode se perde, e encontrar algo que nunca viu, ou sentiu. Laura vai precisar quebrar barreiras, que o homem impôs a si mesmo a muito tempo Uma sala cheia de canetinhas coloridas, colagens e muita bagunça, junto a um sobrinho mini cupido vão fazer esses dois repassarem tudo que já viveram. E por mais que tentem resistir, algumas faíscas foram feitas para incendiar tudo. E mudar tudo que um dia eles acreditaram.
Leer másCaine
— Serão só três semanas, Caine! — Nathan diz, do outro lado do telefone.
Três semanas. Como se falar desse jeito, rápido e despreocupado, fosse suficiente para transformar esse tempo em algo curto, insignificante, indolor. Três semanas para ele podem ser apenas mais uma missão fora do país, mas para mim… é uma eternidade de responsabilidades que não pedi.
Seguro o celular com mais força do que deveria, como se apertar o aparelho fosse aliviar a irritação. Claro que não alivia.
— Nathan, eu mal consigo cuidar de uma empresa que engole doze horas do meu dia, você realmente acha que vou dar conta de uma criança de seis anos? — minha voz sai mais dura do que planejei.
Do outro lado da linha, ele solta um riso curto, irritantemente confiante. — Como se você não fosse capaz de lidar com desafios, Caine.
Reviro os olhos, sozinho no meu escritório. — Desafios, eu resolvo. Planilhas, contratos, acionistas, fusões. Isso eu domino. Agora... crianças? Isso não é um desafio. É caos.
Me recosto na poltrona, olhando para a cidade através das janelas de vidro que tomam a parede inteira. São Paulo nunca dorme, e eu também não. Como poderia? A petroleira exige tudo de mim. E agora, além disso, querem que eu me torne… babá?
— Ele não pode ficar com a babá? — pergunto, forçando uma alternativa lógica, racional. — Ela vai cuidar muito melhor do que eu. Você sabe disso.
— Sim, mas Andreia tem família, sabe? — Nathan rebate, num tom quase repreensivo. — Nem todo mundo é sozinho igual a você, Caine.
A frase me pega de jeito, mas não demonstro. Ele continua, sem dar espaço:
— Ela pode passar o dia com ele, mas você busca na escola, participa das atividades, dá um pouco de atenção. Não acredito que vou perder o piquenique anual, as mulheres amam um pai viúvo, sabe…
— Começou a divagar, irmão. — corto, porque não suporto quando ele se perde nesses devaneios.
— Verdade! — ele admite, rindo de novo. — Mas você vai adorar. Não seja rabugento com ninguém, Cai, principalmente com a Miss Laura.
— Eu nem confirmei ainda, Nathan! — grunho, mas parece que ele nem me ouve.
— Vai confirmar. — Ele afirma, como se fosse uma ordem militar. — A mulher é um raio de sol ambulante. Então não seja grosso, nem faça cara feia. O Eli a ama, e ela é muito presente na vida dele.
— Vocês dois… — hesito, porque essas recomendações todas me deixam desconfortável. Quase íntimas demais. — Vocês dois têm alguma coisa?
— Não! — ele responde rápido, quase rindo da insinuação. — Ela só ajudou o Eli a lidar com a falta da Naomi, quando ele começou a perguntar da mãe.
O nome dela paira no ar entre nós. Naomi. Minha cunhada, minha amiga. Um buraco ainda aberto no peito de Nathan, e no de todos nós.
— A escola toda ajudou — ele continua, a voz mais séria —, mas as perguntas começaram quando nem eu entendia direito o que tinha acontecido. Miss Laura foi um anjo. Hoje a considero uma amiga.
Fecho os olhos por um instante. Naomi. Um dia estava bem, rindo, preparando bolo na cozinha, e no outro... não acordou. A autópsia deu uma doença rara, silenciosa, escondida. Nathan ficou devastado. Elijah tinha só dois anos. Eu vi meu irmão desmoronar, e por mais que eu tentasse, não consegui segurá-lo inteiro.
Abro os olhos de novo. Suspiro.
— Está bem. Eu cuido do Eli. — cedo, porque sei que não há escolha. Mas não sem antes colocar minha defesa: — A fase do astronauta já passou? Não quero meu carro embrulhado em papel alumínio de novo.
Do outro lado, Nathan explode em risada. — Foi só uma vez! E no meu carro também. O Eli já te explicou isso.
Apesar da irritação, um sorriso discreto me escapa. — Certo. Quando pego ele?
— Hoje. — A firmeza dele não dá espaço para fuga. — E não esquece, Caine: simpatia. Sem cara feia para as pessoas.
Reviro os olhos, exasperado. — Eu não sou grosseiro, Nathan. Sou educado e na minha. É diferente.
— Humrum. — Ele resmunga, claramente sem acreditar. — Só não esqueça que ali não são seus funcionários. Valeu, irmão. Elijah vai adorar passar esse tempo com você.
— Eu amo vocês, Nathan. Só espero não ter outra surpresa.
Conversamos mais alguns minutos. Ele insiste em advertir meu mau humor, fala mais da missão, e finalmente desliga.
O silêncio do meu escritório volta a me envolver, pesado, incômodo. Apoio o celular na mesa e passo a mão pelo rosto.
Três semanas.
Faço qualquer coisa pela felicidade de Nathan e Elijah. Sempre fiz. Mas, ainda assim, não posso evitar o pensamento: como vou sobreviver a isso?
Tenho uma empresa para administrar, contratos milionários em jogo, reuniões que decidem o futuro de centenas de funcionários. E agora, junto disso, vou ter que enfrentar um universo paralelo feito de cola, canetinhas coloridas, papéis coloridos, músicas irritantes e... glitter. Muito glitter.
Respiro fundo. Pego o celular de novo e digito uma mensagem curta para a acompanhante da noite: Planos cancelados. Família primeiro.
Não é mentira. Nunca foi. Eu gosto de diversão adulta, de noites sem compromisso, de desligar a mente por algumas horas. Mas família sempre vem em primeiro lugar. E se não for relacionado à empresa, pode esperar.
Assino mais alguns contratos, participo de outra reunião online e, quando o relógio finalmente marca o horário, levanto da cadeira. O peso do dia inteiro nos ombros, mas agora com um acréscimo: a responsabilidade de buscar uma criança.
Desço pelo elevador privativo até a garagem. O motorista já me espera, ao lado do carro perfeitamente polido, e o segurança está próximo, atento a tudo. Entro no banco de trás e olho para frente, sério.
— Vamos. — digo, seco.
Enquanto o carro se move pelas ruas, me pego imaginando o pior. Criança de seis anos. Energia inesgotável. Perguntas sem fim. Gosto por bagunça. E, principalmente, a mania de transformar qualquer objeto inofensivo em uma arma de destruição doméstica.
Meu estômago se contrai com a lembrança do carro embrulhado em papel alumínio. A paranoia não me deixa. E se dessa vez for pior? E se ele resolver transformar minha cobertura em cenário de algum experimento infantil?
— Só espero não me arrepender. — murmuro para mim mesmo, olhando a cidade passar pela janela. — Só espero não terminar com o carro cheio de papel alumínio... ou coisa pior.
Laura Eu nunca imaginei que um piquenique pudesse ser tão… tenso e divertido ao mesmo tempo.Quando Caine me convidou, confesso que passei alguns minutos analisando se ele estava realmente falando sério ou se era mais um desses momentos em que ele faz algo grandioso para se redimir e depois explode de ciúmes de novo. Mas, para minha surpresa, ele estava… calmo. Quase sereno.Claro que ele ainda tinha aquele olhar intenso, aquele ar de homem que parece sempre saber mais do que todos, e aquele jeito de me fazer sentir que estou sendo avaliada a cada segundo. Mas, pelo menos, ele não estava bufando e apontando o dedo. Um pequeno avanço, eu diria.— Tudo pronto, Elijah? — pergunto, segurando a cesta de piquenique. — Sim! — o pequeno responde animado, batendo os pés no chão. — Sanduíches, suco e biscoitos!Caine aparece logo atrás, carregando algumas toalhas, uma caixa de sucos e uma expressão que mistura orgulho e leve constrangimento por estar fazendo algo tão simples e “caseiro”.— Ce
CaineA manhã seguinte chegou com um peso insuportável sobre os meus ombros.Sento-me no carro, o motor ligado, olhando pela janela como se o trânsito pudesse me dar respostas. Mas não há respostas para a própria estupidez. Só há arrependimento.Ontem… merda. Ontem eu perdi a cabeça.E não foi uma perda de cabeça qualquer. Foi um espetáculo. Um show de ciúmes totalmente desnecessário, digno de ser filmado e viralizado na internet. Eu, CEO de uma empresa bilionária, responsável por contratos internacionais e decisões que afetam milhares de vidas, destruído por um professor sorridente que não fez nada além de falar sobre cupcakes e churrascos.Respirei fundo, tentando acalmar o coração que ainda batia rápido demais. Porque, claro, apesar de toda a raiva que senti, o que realmente queimava por dentro era a injustiça que eu causei à Laura.Ela não fez absolutamente nada de errado.Ela estava sendo a professora alegre, carismática, calorosa que eu admiro. E eu… eu fui um idiota completo.A
LauraEu sempre achei que tinha talento especial para lidar com gente difícil. Crianças birrentas, pais superprotetores, coordenadores controladores… até mesmo o faxineiro mal-humorado que resmunga quando peço para limpar a caixa de areia do parquinho. Mas, aparentemente, nada me preparou para lidar com Caine Westbrook em modo homem ciumento descontrolado.Sério, se existisse uma categoria olímpica para explosão desnecessária, ele levaria medalha de ouro sem esforço.A cena de minutos atrás ainda ecoa na minha cabeça como um daqueles vídeos virais de tragédia cômica. Eu, sorridente e rindo de uma piada boba feita por Daniel, e de repente, entra um furacão em forma de CEO carrancudo. Caine praticamente atravessou o pátio da escola como se estivesse prestes a comprar o terreno e demolir tudo.E aí, pronto. Explodiu.Ele rosnou, como se tivesse acabado de me flagrar cometendo um crime contra a humanidade. Daniel nem sabia para onde olhar. Eu fiquei entre a vontade de rir da situação absu
CaineEu acordo com uma decisão firme na cabeça: distância. Distância de Laura. Distância da professora que parece ter nascido só para desmontar meu mundo meticulosamente organizado.Na teoria, é fácil. Sou CEO de uma das maiores companhias de petróleo do país. Administro crises internacionais. Fecho contratos bilionários. Não devo ter dificuldade nenhuma em lidar com uma professora de jardim de infância que fala alto demais e sorri como se tivesse o sol na boca.Na prática? Basta imaginar o sorriso dela e já sinto minha determinação indo para o espaço.“Foco, Caine. Hoje é só deixar o Elijah na escola e sair. Rápido. Indolor. Profissional.”É assim que me convenço durante o caminho. Elijah fala sem parar no banco de trás, feliz porque vai apresentar um desenho novo para a professora Laura. Claro. Sempre ela.Quando estaciono em frente à escola, ajusto o paletó e respiro fundo. Postura reta, expressão neutra, olhar frio. Eu consigo.Até entrar no pátio.Porque lá está ela. Laura
LauraExiste algo de absolutamente proibido e delicioso em relembrar a noite passada.Talvez seja porque eu sei que não deveria estar pensando nisso enquanto caminho pelos corredores coloridos da escola, cheios de cartazes com macarrão pintado e desenhos de arco-íris.Mas, sinceramente, como não pensar?Porque cada vez que fecho os olhos, sinto outra vez a boca do Caine contra a minha. Na minha pele.E não é uma lembrança discreta, não, dessas que você coloca num potinho mental e guarda no fundo da gaveta.É como um filme em 4K, passando o tempo inteiro na minha cabeça, sem chance de desligar.Ele me devorou.De um jeito que eu nunca, nunca teria imaginado daquele homem.O CEO ranzinza, que mal sabe dar bom-dia sem parecer que está assinando uma sentença de morte, se transformou em pura urgência, pura fome, pura intensidade.E eu… bem, eu não fiquei muito atrás.Sento na minha mesa da sala de aula e coloco a pilha de cadernos na frente, mas em vez de corrigir os desenhos das crianças,
CaineO despertador toca cedo demais, como se tivesse algum tipo de prazer sádico em me lembrar que eu dormi menos de quatro horas. Elijah está todo enfiado no cobertor, parecendo um burrito humano, e resmunga quando tento acordá-lo.— Acorda, campeão. Hora da escola. — Minha voz sai firme, mas baixa, tentando não parecer tão irritado quanto realmente estou.Ele abre um olho e murmura:— Não posso ficar doente de novo?Reviro os olhos. — Você já está melhor. O termômetro não mente.— Eu minto bem melhor que ele. — retruca, escondendo o rosto no travesseiro.Por um segundo, eu quase rio. Mas me contenho. — Elijah, se levantar agora, eu compro panquecas no caminho — solto como se fosse um blefe numa reunião de negócios.Ele se endireita tão rápido que quase cai da cama. — Com calda?— Com calda. — confirmo, sentindo um certo orgulho pela eficiência da minha estratégia.No carro, ele fala sem parar sobre foguetes, dinossauros e um tal de campeonato de futebol na escola. Eu apenas solto





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