Caine
Volto para o apartamento com glitter até no relógio. Não sei como isso é possível, mas Miss Laura prometeu que tinha brilho por todo lado, e, como tudo nela, era verdade.
Elijah dorme no banco de trás com a boca aberta, abraçado à sacola ecológica que pintou para a Laura. A mesma que ele fez questão de segurar o tempo inteiro, mesmo quando tropeçou numa criança vestida de abacaxi e caiu de joelhos no chão.
Meu celular vibra no bolso do paletó. Olho de relance: Nathan.
Atendo no viva-voz, porque estou dirigindo.
— Fala. Está vivo? — Pergunto divertido.
— Olha quem atende o telefone de primeira! Isso é um milagre ou você realmente está se acostumando com a vida de pai substituto?
— Substituto é bondade sua. Estou mais para motorista, mecânico, limpador de tinta guache, e segurança pessoal.
Nathan ri alto do outro lado da linha.
— Ah, isso é música para os meus ouvidos! E o Eli?
— Está bem. Exausto. Dormiu antes mesmo de dizer “boa noite”. O piquenique foi hoje.
— E aí, sobreviveu?