Mundo de ficçãoIniciar sessãoGisele está prestes a completar 18 anos é uma menina sensacional, em todos os aspectos. Confiante, bonita, com os melhores amigos do mundo e um namorado lindo, ela está com os hormônios a flor da pele e começa a sentir a necessidade de dar início a sua vida sexual. Seu namorado Igor, seria o candidato perfeito, se ele não fosse o cara mais falado da escola. Com a fama de pegador e amigos fofoqueiros, Gisele termina com Igor por achar que todo o seu relacionamento vá parar nos ouvidos do seu irmão super protetor e ciumento, Rafael. Frustrada e irritada, agora ela começa a ver sentido na teoria mais louca de sua amiga biruta, Camila, que acha que o candidato ideal para manter segredo sobre uma relação com ela, do seu irmão, seria nada mais, nada menos, que o melhor amigo dele, Lucas, já que ele conhece bem a peça e sabe que Rafael surtaria se soubesse que a sua irmãzinha mais nova, não é tão irmãzinha assim. Depois de enxergar alguns sinais de que Lucas e ela podem realmente acontecer, Gisele começa a apostar todas as suas fichas nele, que representa um passaporte para aventura, diversão e independência e sem esperar, ambos começam sentir muito mais do que isso.
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— Você devia fazer logo.
Eu virei meus olhos. Nem sequer queria chegar a ter essa discussão de novo. Não queria me esforçar para ter que explicar todos os motivos que tenho para que a minha resposta seja não, pelo menos até me formar.
— Qual é, Gisele. Vocês estão juntos há quase um ano e aposto que ele está subindo pelas paredes! — Camila disse mais empolgada do que deveria.
Suspirei. Era irrelevante tentar não repetir tudo o que eu penso.
— Ele vai ter que esperar. Pelo menos até meu aniversário.
Camila riu como se eu tivesse contado a piada mais engraçada de todas.
— Você só pode estar brincando. Que diferença faz, fazer agora ou daqui dois meses? — ela perguntou com um tom equilibrado entre confusão e sarcasmo.
— A grande diferença é que vou ser maior de idade — falei com convicção, quase desenhando para que ela entendesse dessa vez.
— Qual é o seu medo? — Camila perguntou cautelosa, realmente interessada na resposta.
— Por que você não faz sexo, já que está tão interessada? Eu te empresto ele se for necessário. — Levantei e comecei a mexer na gaveta da escrivaninha evitando a todo custo aquela conversa.
— Porque eu não preciso de um namorado para transar. E nem você, para falar a verdade, mas já que tem um, por que não aproveita da maneira que deveria aproveitar? Sério, Gisele. Não tem por que ter medo.
— Você não entende. Não tem o irmão que eu tenho. — Me joguei na cama e fechei os olhos refletindo sobre qual desastre aconteceria se Rafael descobrisse que eu estou pensando em fazer sexo.
— Seu irmão gostoso não controla sua vida — ela disse jogando o seu corpo do mesmo jeito que eu e ficando ao meu lado.
Ignorei Camila. Não só pelo fato de ela sempre ter que enfatizar que Rafael era gostoso ou o seu sonho de consumo, mas porque ela não entendia. E provavelmente nunca entenderá que tipo de irmão mais velho controlador eu tenho em casa.
— Você não o conhece… — Comecei sem entusiasmo. — Ele ficaria louco só de imaginar…
— Mas quem disse que o seu irmão precisa saber? — Ela me interrompeu.
— Exatamente. Igor é popular, mais velho e cheio de amigos que vivem transando com as meninas e espalhando pela escola. E se ele fizer isso comigo? — questionei. — Rafa pode descobrir e enlouquecer de ciúmes e de quebra me enlouquecer junto.
Camila soltou uma risada baixa.
— Vocês estão juntos há nove meses. Nove longos meses. Acho que se ele quisesse te usar para sair falando para os amiguinhos que te comeu e depois jogou fora, ele já teria se cansado e tentado fazer isso com outra — ela concluiu. — Aliás, até parece que você liga para o que o pessoal da nossa escola fala. Como se alguém ali tivesse alguma moral, todo mundo transa no banheiro com todo mundo sem compromisso. Pelo menos Igor é seu namorado.
E no fundo eu sabia que tudo que Camila disse é verdade.
— Por que você está tomando o lado do Igor desse jeito? Você nem gosta dele! — argumentei agora na defensiva.
— Mas eu gosto de você. E sei que você está reprimindo todos os seus desejos sexuais mais profundos para evitar que seu irmão saiba! — Ela começou a falar como uma pervertida em um site pornô. — Aposto que se não fosse isso, você já teria transado com ele faz tempo! — Mas concluiu seu pensamento com certa compaixão, por mim.
— Pode apostar — respondi ainda desanimada. — Como que é? O sexo e tudo? — Agora eu estava curiosa.
— Uma das melhores coisas no mundo… — Ela pareceu ter um devaneio, talvez se lembrando de Yuri Lestoni, com quem estava saindo mês passado. — A conexão entre duas pessoas, a sincronia, o seu corpo sentindo aquele prazer surreal… É indescritível. — E então ela voltou a olhar para mim com certo brilho no olhar que eu queria ter.
— O problema é que eu tenho certeza que se transasse com Igor, Rafael ia acabar sabendo e minha vida ia acabar — eu disse convicta.
Camila virou os olhos.
— Jesus, Gisele! Peça para ele guardar segredo ou termine, já que você não confia nele!
— Isso não quer dizer que eu não confie nele. Só que eu sou cautelosa demais. E mesmo que eu peça segredo… Como ele poderia não contar para ninguém? Eu contaria pra você um segundo depois que ele gozasse. E é assim que as coisas se espalham… Ele conta para o melhor amigo… O melhor amigo conta para outro amigo, até tudo virar um telefone sem fio e parar no ouvido de Rafa, dizendo que transei com meu namorado em um beco do centro da cidade e fomos pegos por policiais. Sinceramente, eu passo ter que viver algo parecido com isso — falei convincente e com um sorriso irônico no rosto.
— Se você conversar com ele, sobre como é importante que ele não comente com ninguém, pode rolar… — ela sugeriu.
— Eu não sei, Ca, tenho minhas dúvidas. Vou ver ele daqui a pouco e posso tentar conversar sobre isso…
— Então por que você não termina e pronto? Arruma um cara que não contaria nada para ninguém — ela comentou com a expressão de uma gênia do mau que acabou de ter a ideia de como dominar o mundo.
— E como eu acho esse cara? — questionei a missão impossível sem muito interesse.
— Se você procurar direito pode estar debaixo do seu nariz. Nós duas sabemos que você está guardando Igor no bolso para os momentos de carência, então procure um, que realmente possa satisfazer esses momentos de verdade, eu, hein. — Camila falou com desdém e com uma naturalidade que achei surreal.
— Não estou usando Igor para satisfazer carência nenhuma — afirmei, mais uma vez na defensiva.
— Não, eu que estou. — Agora seu tom de ironia ultrapassou o limite da discrição.
— Sério, Cams, eu gosto dele, de verdade — comentei agora escovando os cabelos longos e sentando ao seu lado.
— Eu sei, Gi. Não duvido disso, mas acho que você está perdendo tempo com ele. A coisa que você mais quer é experimentar um pouco de sexo e não pode porque seu irmão é um ciumento neurótico muito sexy, e porque seu namorado é um fofoqueiro. Termine com ele e arranje um que não tenha a língua solta.
Camila me olhava com a tranquilidade de quem resolveu todos os meus problemas na ideia mais óbvia de todos os tempos. Acho até que ela me olhou com um pouco de menosprezo por eu ter sido burra o suficiente e não ter pensado nisso antes.
— Não me olha assim. — Repreendi.
— Como se você fosse burra?
Soltei uma risada espontânea.
— É… Eu sei que você é uma caixinha de soluções, Camila. Desculpe-me se não tenho esse dom e preciso usar o seu. — Usei do meu sarcasmo para responder sua ideia brilhante.
Levantei e abri a porta do quarto.
— Fica fazendo graça, mas não pode negar que faz sentido. — Ela continuou defendendo seu pensamento.
— Talvez. Quem sabe se esse cara supersecreto e discreto aparecer… — Dei o braço a torcer… pelo menos um pouco.
Ela riu novamente e levantou.
Fiquei pensando por alguns segundos como seria ter uma relação sexual com um cara discreto, alguém que não contasse nada do que fizéssemos entre quatro paredes Até cheguei a sorrir com a ideia. Eu adoro o Igor. Ele é carinhoso, me faz rir, me faz bem, mas eu me enganaria em grande estilo se dissesse que estou apaixonada. Quando eu comecei a sair com ele, tinha umas faíscas, mas elas foram morrendo à medida que nosso relacionamento só se baseava em cinema, beijos e alguns momentos de agarração no seu quarto com todas as roupas vestidas. Eu queria mesmo ter uma vida sexual. Queria ter esse momento. E não só porque eu tinha uma curiosidade e vontade imensa, mas também porque sentia que Rafael roubava isso de mim. Não queria perder a virgindade quando casasse ou com vinte e cinco anos, depois de formada. Não queria ser essa garota. Então um menino discreto, poderia ser tudo que eu precisava. E no fundo do meu coração excitado, eu sabia que esse menino não era Igor.
Quando cheguei à sala de estar encontrei com Lucas, melhor amigo do meu irmão, que mais se parece com a sombra dele, e vice-versa. Os dois andavam tanto tempo juntos que dificilmente era dito o nome de Rafael sem falar Lucas e o de Lucas sem falar Rafael. Era como se fossem dois em um.
— Oi, Lucas — eu disse simpática, enquanto procurava as chaves de casa.
— E aí, Gi. — Ele sorriu de lado, à vontade no sofá. Mas também, ele praticamente morava aqui.
Eu não podia mentir. Lucas era extremamente bonito. Ele tinha um ar de modelo internacional da Victoria Secret’s. Se tudo na faculdade de Direito desse errado para ele, com certeza poderia virar um stripper e sua vida estaria ganha. Era forte, alto, cabelo castanho-claro, ondulado, com os olhos castanho-escuros, e com os bíceps fechados por uma tatuagem de tribal. Parecia que tinha saído de um catálogo internacional de perfumes. E eu tinha certeza que os pensamentos de Camila eram bem mais profundos que os meus, já que ela o encarava sem parar com a boca aberta.
— Camila, pode ver na mesa central da sala? — Fui completamente ignorada. — Camila? — falei mais alto.
— Oi? — E de repente ela acordou.
— Vê se a chave está na mesa central da sala — eu disse irritada.
Ela seguiu sem tirar o olho de Lucas, o que me causa um pouco de vergonha alheia, pois com certeza ele reparou.
— Onde está Rafael? — peguntei já que ele estava sozinho por mais de trinta segundos sem que o meu irmão estivesse do lado.
— Ele foi procurar uns livros da faculdade para a gente resolver alguns trabalhos. Depois vou ficar aqui jogando um pouco.
— Vai dormir? — Questiono descontraída.
Lucas fez que sim com a cabeça e logo se distraiu com a televisão.
Camila tropeçou. Tentei segurar a risada quando Lucas olhou.
— Está tudo bem? — ele perguntou um pouco preocupado.
— Sim — ela disse parecendo uma boba com dez anos de idade falando com a paixão da oitava série.
Não é difícil imaginar porque Lucas e Rafael são tão amigos. É duro admitir, mas Rafael era tão bonito quanto Lucas, em uma versão com o cabelo preto e o olho castanho-claro. Fora que eles tinham muitas coisas em comum, e uma amizade de infância. Como eu e Camila. Só era duro ter que a ouvir falar sobre como desejaria os dois na cama. Principalmente quando se tratava do meu irmão.
— Achei! — ela disse.
— Ótimo. Vamos.
Caminhei para a porta e dei de cara com Rafael, o que fe\ Camila suspirar alto. Virei meus olhos para tal atitude.
— Aonde vai? — ele perguntou com um tom insuportável de um pai preocupado.
— Sair com Camila. — Menti. Em partes. Realmente sairia de casa com Camila.
— Para onde? — questionou mais uma vez bloqueando a passagem.
— E isso é da sua conta? — retruquei irritada.
— Só garanta que vai chegar às oito horas em casa.
Dei risada. Ele bloqueou a passagem mais uma vez quando tentei passar.
— Às sete?
— Rafael, sai da minha frente ou eu vou te bater — eu disse, séria.
— Cara… — Lucas disse para ele. — Dá um tempo.
Agradeci aos céus por seu amigo estar aqui nesse momento. Rafael o obedeceu como um marido obedece à esposa. Não podia negar que achei até fofo.
— Às oito, Gisele.
Virei meus olhos.
— Tchau, Lucas. Morre, Rafa — eu disse mais uma vez irritada. Ele sorriu como se fosse um prazer me perturbar — Camila! — gritei mais uma vez quando reparei que ela estava babando em cima do meu irmão.
Camila parecia que estava sob o efeito de alguma droga quando saiu do apartamento. Eu já devia me acostumar com a atitude, mas ainda me deixava envergonhada. Ela encostou-se à parede do hall como se tivesse visto o ídolo de infância bem à sua frente e ele piscado para ela.
— Você pode acreditar como meu irmão é ridículo? — perguntei incomodada por todas as cenas de ciúme e controle que ele fazia sempre que eu colocava o pé para fora de casa.
— Ridículo aonde? Você viu aqueles músculos? Aquele sorriso? — ela perguntou indignada. — Você é irmã dele, não é cega!
— Por favor, me poupe — eu disse enjoada.
— Você acha que eu tenho chance com ele? Pode tentar fazer a ponte entre nós dois? — Ela suplicou como se fosse uma criança com fome.
Dou risada.
— Ca, não vai dar certo — eu disse tentando trazê-la para a realidade.
— Por que não? — perguntou como se tivesse levado um beliscão.
— Bom primeiro porque ele é veterano na faculdade e você do Ensino Médio, e outra porque Rafael gosta de mulheres da idade dele, não de mais novas. Nunca o vi com uma menina pelo menos um ano mais nova que ele. Ele me vê como criança, então ele te vê como criança. A melhor amiga da irmã mais nova — eu disse sendo realista.
— Eu não sou tão nova assim. E se ele me desse a oportunidade eu mostraria que sei fazer o que muita “mulher” não sabe. Experiência nem sempre vem com a idade, querida Gisele. Diz para ele que eu sei algumas coisas… Posso dar uma aula. — Ela levantou a sobrancelha da maneira mais sexy que achou que seria.
— Eca — eu disse com uma ânsia enorme.
— E como é o tipo do Lucas? — Camila perguntou curiosa.
— Não faço ideia — respondi prontamente enquanto me olhava no espelho do elevador. — Deve ser parecido com o de Rafa, já que eles são praticamente a mesma pessoa — concluí o pensamento sem precisar refletir muito para falar a verdade.
— Bom, se não fosse, ele poderia ser o cara discreto que você procura — Camila comentou sem compromisso.
Olhei para ela por alguns segundos captando e decifrando a mensagem e depois comecei a rir.
— Sério? O melhor amigo do meu irmão? — Então ri novamente depois de comentar com desdém.
— Você é burra ou o quê? — Camila perguntou séria.
— Você é burra ou o quê? — Revidei a pergunta estúpida que ela fez. — Você acha de verdade que o MELHOR AMIGO DO MEU IRMÃO é o cara que eu deveria sair para evitar que meu irmão saiba que eu tenho uma vida sexual ativa? — falei mais uma vez quase desenhando para que ela entendesse como não fazia sentido.
— Se Lucas gostasse de meninas mais novas, duvido que se você não jogasse um charme ele resistiria, e conhecendo Rafael, você acha mesmo que ele sairia contando? — Camila mais uma vez levantou uma tese e a defendeu.
— Isso não faz sentido — eu disse tendo dificuldade para acompanhá-la.
— Claro que tem sentido, Gisele. Pensa. — Então ela passou o seu braço pelo meu ombro e começou a falar mais devagar. — Se rolasse uma química entre vocês dois e ele gostasse disso, ele não contaria para Rafael porque sabe que ele iria pirar e também não falaria para ninguém no mundo, porque Rafael poderia descobrir e pirar com ele. Existe alguém que poderia ser mais discreto? — Camila terminou de falar bem perto de mim, me olhando no fundo dos olhos.
Me senti idiota em ter que admitir que isso fazia sentido.
— Deus, você é tão criativa! — Evitei admitir em voz alta enquanto ela sorria, se rendendo à minha resistência. — Nunca vai acontecer — afirmei, com os pés no chão.
— Bom… Eu só fico imaginando como seria gostoso dar para os dois ao mesmo tempo!
— CAMILA! — gritei repreendendo esse tipo de comentário sobre meu irmão.
Mas eu sabia que já deveria estar acostumada.
Eu não sei se fiz o certo em demonstrar meu interesse para Lucas, entrelinhas. Talvez ele nem tivesse percebido. O que eu duvido muito pelo jeito que me encarava. Havia… uma tensão no ar. Tensão sexual, para ser mais clara. E talvez essa tenha sido a atitude mais burra que eu já fiz, devido aos riscos de ele contar para o meu irmão, mas talvez tenha sido a coisa mais esperta que eu já fiz também. Quando Rafael chegou cantarolando do seu encontro com a tal Sheilinha, eu evitei a todo custo ver os dois juntos, para evitar constrangimento ou alguma espécie de culpa em Lucas. Liguei para Juninho, apreensiva, batendo o pé na área de serviço. — O que foi, vadia? — Juninho atendeu animado. — Posso te ver? — perguntei baixinho para ninguém me ouvir. *** — Eu acho que o seu irmão vai te matar — Juninho disse quando eu terminei de contar o que aconteceu. — Você acha que Lucas vai contar? —perguntei. — Não acha que ele vai ficar desconfortável? — Bom, eu acho que ele não vai conta
— Será que deixei claro? Será que ele vai falar alguma coisa pro Rafa? — perguntei angustiada para Camila na hora do intervalo, sentada em um banco distante do resto dos alunos. — Não acho que foi tão ruim! Fala sério. Um abraço? Ele vai falar o quê? Eu não sei porque você tem tanto medo do seu irmão… — Camila deu de ombros engolindo um hambúrguer que comprou na cantina. — Meu, eu estou com muita fome — ela comentou com um pouco de cheddar no canto da sua boca e eu soltei uma risada. — Ele poderia ter achado estranho… Ele é o melhor amigo do meu irmão — eu disse tranquila. — Primeiro de tudo, vamos esquecer esse maldito rótulo, tá? Chega de “ele é o melhor amigo do meu irmão” ou “eu sou a irmã mais nova do melhor amigo dele”, Jesus, está ficando chato — ela disse com uma voz de criança irritante. — Mas é a verdade. Eu não sei o que está acontecendo, nunca vi ele desse jeito. — Camila engasgou. — Para de ser mentirosa. — Ela sorriu para mim com um tom de malícia. — O quê? —
Segunda-feira não foi exatamente um dia empolgante. Não só porque era segunda-feira, mas sim porque eu estava passando por toda essa bagunça de término de namoro, frustração sexual e um interesse improvável surgindo. Eu queria só ser capaz de ficar um dia de folga e por mais que eu desejasse inventar alguma desculpa para meu pai, não ia conseguir ficar em paz de manhã já que a porcaria do Rafael só saía para a faculdade depois das dez horas e estava fazendo barulho como um descontrolado. — Droga, Rafael, você pode parar de ficar saltando que nem um canguru pelo corredor? — gritei com ele quando me levantei, irritada. Só ouvi as risadas dele e de Lucas, que por sinal, tinha sido extremamente legal comigo de madrugada, e ficado na minha cabeça mais do que deveria. Depois que eu fui para a cozinha, já arrumada com o meu uniforme escolar — calça jeans, a camisa branca com o nome da escola e um tênis —, decidi que ia agir de acordo com o que estava sentindo: com completa indiferenç
Eu fiquei meia hora na escada do prédio tentando disfarçar a frustração que eu sentia por ter um ex-namorado idiota. Com a testa franzida e as sobrancelhas quase juntas, eu fiquei encarando o nada por um bom período de tempo e cheguei até a assustar alguns moradores que passavam pela escada e me viam de surpresa sentada ali, com uma expressão não muito agradável. É que só tinha homens em casa e ninguém para conversar sobre isso que passei, e nem eu mesma sabia identificar o que estava sentindo.— Respeitando o horário, quem diria… — Usou seu costumeiro ar de superioridade que me dava tédio, mas não estava disposta a virar o olho dessa vez. — Venha jantar. — meu pai chamou. — Não estou com fome. — Comeu aonde então? — Rafael questionou e Lucas riu de como ele era superprotetor e obsessivo comigo. — Isso não é da sua conta — eu disse alto, mas ainda assim, desanimada. — Gisele, não é assim que você fala com seu irmão. — Engasgu
O caminho inteiro foi sobre Camila comentar suas fantasias com Lucas e Rafael juntos, e insistindo na ideia estúpida de que eu poderia mesmo ter um relacionamento com o melhor amigo do meu irmão, desde que não me envolvesse sentimentalmente e tornasse tudo físico. Eu preferi ignorar a argumentar o quanto tudo era estúpido demais, até a hora de me despedir e seguir em meu encontro com Igor.Eu não estava certa sobre o que eu queria nesse encontro. Na verdade, eu sabia o que eu queria e sabia do que precisava para ter, mas não sabia se ia intimidar Igor a aceitar meus termos de confidencialidade e confiar nele ou simplesmente iria dizer para ele “estou pronta, venha e pegue”, ou se só tiraria a roupa e deixaria que ele tirasse as próprias conclusões. Tinha que trabalhar na minha jogada de sedução.À medida que o tempo ia passando eu estava mais convencida de que se eu fizesse sexo com ele seria um erro e que era melhor levar esse encontro como qualquer outro que nós tínhamos. Uns beijos
A SOLUÇÃO— Você devia fazer logo.Eu virei meus olhos. Nem sequer queria chegar a ter essa discussão de novo. Não queria me esforçar para ter que explicar todos os motivos que tenho para que a minha resposta seja não, pelo menos até me formar. — Qual é, Gisele. Vocês estão juntos há quase um ano e aposto que ele está subindo pelas paredes! — Camila disse mais empolgada do que deveria.Suspirei. Era irrelevante tentar não repetir tudo o que eu penso. — Ele vai ter que esperar. Pelo menos até meu aniversário. Camila riu como se eu tivesse contado a piada mais engraçada de todas. — Você só pode estar brincando. Que diferença faz, fazer agora ou daqui dois meses? — ela perguntou com um tom equilibrado entre confusão e sarcasmo. — A grande diferença é que vou ser maior de idade — falei com convicção, quase desenhando para que ela entendesse dessa vez. — Qual é o seu medo? — Camila perguntou cautelosa, realmente interessada na r
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