Laura
— Vamos, Laura! Só um drink! — implora Clara, a professora de artes, com as mãos juntas em súplica dramática.
— Gente, eu estou exausta… Foi dia de ensaio do coral. Eu ouvi “Borboletinha” em quatro tons diferentes, um desespero. — Faço uma careta, arrancando risadas do grupo.
Estamos na sala dos professores, e todas parecem animadas com a ideia de um happy hour improvisado. Fim de semana, nenhuma reunião com pais marcada, e os pequenos monstros — digo, anjinhos — liberados. Uma pequena vitória.
— Justamente por isso! — diz Jéssica, do maternal. — Você merece um drink, uma batata frita, e talvez flertar com alguém! Você só fala com as crianças, amiga. O último homem que você olhou com real interesse foi... quem mesmo?
Penso. Merda.
— o tio do Eli — murmuro, quase para mim mesma.
Silêncio.
Clara pisca.
— O quê?
— Nada! Eu disse o livro do Eli. O livro que ele trouxe hoje. Sobre tubarões. Enfim. Acho que vou, sim. Só por uma horinha. — Disfarço como uma campeã. Ou não. Pela cara de