Mundo de ficçãoIniciar sessãoRuby
Estamos em um tipo de noivado até os trâmites do casamento se oficializarem. Andrew cumpriu a palavra desde o primeiro dia. Não me pressionou, não me cobrou beijo, não me arrastou pro quarto dele. Apenas me colocou dentro da vida dele como se eu sempre tivesse pertencido ali. Na primeira semana de noivado, eu o acompanhei em três reuniões importantes. Sentava ao lado dele em salas de vidro com vista para o Tâmisa, homens de terno caro me olhando curiosos enquanto ele falava de fusões e bilhões. Em todas, ele me apresentava do mesmo jeito: — Essa é Ruby Wilder. A mulher que vai mudar minha vida. Eu revirava os olhos toda vez. Na saída da última reunião, no elevador privativo, eu não aguentei. — Você adora me colocar sob os holofotes, não é? Ele sorriu de canto, encostado na parede de aço, mãos nos bolsos. — Adoro te ver brilhar. É diferente. Eu cruzei os braços. — Não sou troféu, Andrew. — Nunca disse que era. — Ele se aproximou, a voz baixa. — Troféu a gente exibe e guarda na estante. Você eu quero do meu lado, falando, decidindo, sendo dona de tudo isso aqui. O elevador abriu direto na garagem. Ele segurou minha mão e me levou até a Ferrari preta. Abriu a porta do passageiro como se fosse a coisa mais natural do mundo. A imprensa não demorou a perceber. Dois dias depois, as manchetes explodiram: — “Ceo bilionário e ex-esposa de um importante homem também bilionário: o novo casal do ano?” — “Sinclair rouba a mulher de Ethan Storm?” Foto nossa saindo de um restaurante, eu de vestido azul-escuro, ele com a mão na minha cintura. Eu quis morrer. Ele só riu ao ver no celular. — Relaxa. Daqui a pouco vira rotina. — Eu não quero virar rotina de capa de revista. — Então a gente muda a capa — ele respondeu, simples, e mandou o assessor soltar nota oficial: — “Andrew Sinclair confirma noivado com Ruby Wilder. Casal pede privacidade.” E pronto. O mundo engoliu. À noite ele me levou pra jantar num restaurante italiano escondido em Soho. Só nós dois, mesa no canto, luz baixa, vinho tinto. Eu brinquei com a taça, rodando o pé entre os dedos. — Por que você insiste tanto em mim, Andrew? Sério, só quero a verdade. Ele largou o garfo, limpou a boca e me olhou direto. — Porque eu já fui o homem que perdeu tempo demais com quem não merecia. Não quero repetir o erro que o Storm cometeu. Eu senti o estômago dar um nó. — Ele não me perdeu. Eu fui embora. E não fale como se conhecesse a vida que tive com ele. — Então talvez seja hora de se encontrar, Ruby. O que eu sei, sei porque fiz o meu dever de casa. O ar mudou. Ele esticou a mão por cima da mesa e segurou a minha. O toque era quente, firme, mas sem pressão. — Eu não vou te prometer amor. Não agora. Mas posso te prometer uma coisa, você nunca mais vai se sentir invisível. Nunca mais vai dormir esperando alguém que não volta. Nunca mais vai ser segunda opção. Eu engoli em seco. As lágrimas queimaram nos olhos, mas eu segurei. — Isso é o suficiente? — perguntei, em voz baixa. — Por enquanto é tudo o que eu posso te oferecer. Eu olhei pra ele. De verdade. Cabelo com corte perfeito, barba sempre um charme, olhos verdes que pareciam enxergar dentro da minha alma. E eu me senti… segura. Segura de verdade. Ele pagou a conta, me levou pra casa, pro apartamento novo que ele já tinha alugado pra mim em Knightsbridge, provisoriamente a pedido meu, maior, claro, com vista pro Hyde Park. Na porta, eu hesitei. — Boa noite, Andrew. Ele sorriu, beijou minha testa devagar. — Boa noite, noiva. No dia seguinte, ele me chamou pro escritório na hora do almoço. — Preciso anunciar o noivado pros sócios hoje à noite. Festa de gala no Savoy. Quero você do meu lado. Eu parei na porta da sala dele. — Já? — Já. — Ele se levantou, veio até mim, segurou meu rosto com as duas mãos. — Não é pra te exibir. É pra mostrar pro mundo que você é minha escolha. E que eu sou o filho da puta mais sortudo de Londres. Eu ri, nervosa. — Eu não tenho vestido pra isso. — Já tá no closet do apartamento. Azul escuro. Seu número. — Ele piscou. — Eu presto atenção, Ruiva. Fiquei sem ar. À noite, no Savoy, o salão estava lotado de gente importante. Eu entrei segurando o braço dele, o vestido colado no corpo, cabelo solto, salto alto. Ele parou no meio do salão, bateu na taça com a colher. — Senhoras e senhores, uma notícia rápida. — A voz dele ecoou. — Em breve essa mulher aqui vai ser Ruby Sinclair. E eu vou fazer de tudo pra merecer isso. Aplausos. Flashes. Eu sorri, mas por dentro tremia. Depois do discurso, ele me puxou pro canto, longe dos olhares. — Está tudo bem? Eu assenti, mas a verdade era que eu não sabia. Não sabia como seriam os próximos dias. Não sabia se eu teria coragem de deitar na cama daquele homem incrível. Não sabia se meu corpo, que ainda lembrava do cheiro de Ethan, ia me trair ou me libertar. Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu quis descobrir. Naquela noite eu deitei na cama nova, lençóis de mil fios, vista de Londres inteira brilhando lá fora. Apaguei a luz e fechei os olhos querendo dormir rápido, mas o sono veio pesado, quente, proibido. No sonho eu estava na cobertura da Sinclair Tech, de costas para a janela, o céu escuro atrás de mim. Andrew apareceu primeiro. Camisa aberta, peito marcado, olhos verdes queimando a minha alma. Ele não falou nada. Só veio, me pegou pela cintura e me encostou no vidro frio. Mãos grandes subiram por baixo do meu vestido, rasgando a renda da calcinha com um puxão só. Dedilhado firme, lento, me fazendo arquear as costas enquanto a cidade assistia. Ele entrou em mim devagar, fundo, me segurando pelo cabelo, mordendo meu ombro. — Você é minha agora — sussurrou, cada estocada mais forte, me preenchendo até eu gemer alto. Mas então o ar mudou. Ethan surgiu do nada, atrás de Andrew, olhos cinza gelo, camisa preta rasgada. Ele empurrou Andrew pro lado, me virou de frente pra ele e me levantou no colo. — Você nunca deixou de ser minha — rosnou, me penetrando com força bruta, sem aviso, me fazendo gritar. Mãos marcando minha cintura, corpo batendo no meu com violência gostosa. E o sonho enlouqueceu. De repente eram os dois. Andrew na minha frente, me beijando fundo, língua dominando a minha, enquanto Ethan me tomava por trás, mãos apertando meus seios, dentes no meu pescoço. Dois corpos me espremendo, me preenchendo ao mesmo tempo, movimentos opostos, ritmo perfeito. Eu sentia tudo, o calor sedutor de Andrew, a brutalidade possessiva de Ethan, os dois me fazendo perder o chão. Gemidos se misturavam, mãos por todo lado, prazer tão intenso que doía. Eu gozei gritando os dois nomes, corpo tremendo entre eles, suada, entregue, destruída. Acordei ofegante, lençol embolado entre as pernas, coração disparado. O quarto estava escuro, mas eu ainda sentia o toque dos dois na pele. E eu não soube de quem eu sentia mais falta.






