Me Divorciei do Mafioso e Me Casei Com o Ceo
Me Divorciei do Mafioso e Me Casei Com o Ceo
Por: Rosana Lyra
Capítulo 1

Ruby

Eu tinha vinte e um anos quando vi Ethan Storm pela primeira vez.

Naquele dia eu estava sentada na sala de jantar da nossa casa, ouvindo meu pai andar de um lado para o outro, o rosto pálido, as mãos tremendo enquanto segurava um copo d’água. Ele não conseguia mais esconder. A dívida era antiga, feita antes mesmo de eu nascer, e agora os Storm vinham cobrar.

— “É só um jantar, Ruby. Só isso. Você vem comigo, por favor.”

A voz dele estava rouca, quase implorando. Eu sabia que não era só um jantar. Quando meu pai dizia “é a última chance”, era porque realmente não havia mais saída.

O restaurante ficava no centro da cidade, um lugar caro demais para gente como nós. O maître nos levou até uma sala privada no fundo. A porta se abriu e o ar mudou. Eu senti antes mesmo de olhar.

Ethan Storm entrou como se o mundo pertencesse a ele. Alto, mais de um metro e noventa e três, ombros largos dentro de um terno preto que parecia feito sob medida para matar. Cabelo curto, escuro, um pouco bagunçado de propósito. Olhos cinza, tão claros que pareciam gelo. Ele não sorria. Não precisava. O silêncio que veio junto dele já dizia tudo.

Meu pai se levantou depressa.

— Senhor Storm, esta é minha filha, Ruby.

Ethan parou na minha frente. Me olhou dos pés à cabeça, devagar, sem vergonha nenhuma. Depois estendeu a mão. A palma dele era quente, firme, cheia de calos que um homem de terno caro não deveria ter.

— É uma honra — ele disse, a voz grave, quase um rosnado baixo.

Eu apertei a mão dele e senti um choque subir pelo braço. Meu coração disparou tão forte que tive medo que ele ouvisse. Eu nunca tinha visto um homem tão bonito e tão perigoso ao mesmo tempo. Era como olhar para um lobo que decidiu entrar na sua casa e sentar à mesa como se fosse o dono.

Sentamos. O jantar começou. Meu pai gaguejava, tentava puxar conversa, mas Ethan só respondia o necessário. Em determinado momento ele largou os talheres, limpou a boca com o guardanapo e foi direto:

— Sr. Wilder, vamos parar de enrolar. O senhor me deve dois milhões e quatrocentos mil libras há muito tempo. Juros corridos. O senhor não tem como pagar. Eu sei disso. O senhor sabe disso.

Meu pai engoliu em seco. Eu senti o estômago revirar.

— Eu… eu posso parcelar, senhor Storm, eu juro que…

— Não quero parcelar. Quero quitar de uma vez. — Ethan se inclinou um pouco para frente, os olhos fixos no meu pai. — Um casamento limpa qualquer dívida. Casa a sua filha comigo e o assunto morre aqui. Sua família fica protegida. Ninguém mais vai bater na sua porta. Nunca mais.

O silêncio que veio depois foi tão pesado que eu quase não conseguia respirar. Meu pai me olhou. Eu olhei para Ethan. Ele me encarava de volta, sem piscar, como se já soubesse que eu não ia ter escolha.

Naquela noite eu chorei até dormir. Implorei para o meu pai cancelar tudo. Gritei que preferia morrer a casar com um estranho. Ele só chorou junto comigo, abraçando minhas pernas no chão do quarto.

— Ele vai te proteger, Ruby. Você não entende… os Storm não perdoam. Se a gente recusar, eles vão atrás de você do mesmo jeito. Pelo menos assim você fica viva. Pelo menos assim você tem um teto, segurança, uma vida que eu nunca consegui te dar.

Eu odiava ele naquela hora. Mas odiava mais ainda por saber que ele estava certo.

O casamento aconteceu oito dias depois. Civil, rápido, sem festa. Eu usei um vestido branco simples que minha tia emprestou. Segurava um buquê de rosas brancas com as mãos tremendo tanto que quase deixei cair. Ethan estava impecável de terno preto, camisa preta, gravata preta. Sem sorriso. Sem olhar para mim mais do que o necessário.

Quando o juiz perguntou se eu aceitava, minha voz saiu tão baixa que ele pediu para repetir. Eu disse sim. Ethan disse sim sem hesitar. Colocou a aliança no meu dedo como quem fecha um contrato. Frio. Perfeito. Assustador.

A mansão dele era enorme, tão fria quanto ele, toda em tons de cinza e preto. Os seguranças me cumprimentaram como se eu fosse visita. Uma empregada me levou até o quarto principal, o quarto dele, e disse que o senhor Storm chegaria mais tarde.

Eu esperei. Tomei banho, coloquei a camisola branca que a empregada deixou em cima da cama. Sentei na beirada do colchão king size e esperei, o coração batendo tão rápido que doía no peito.

Ele entrou depois das duas da manhã. Eu ouvi a porta abrir, os passos pesados. Levantei num pulo. Ethan tirou o paletó, jogou no sofá, afrouxou a gravata. Só então olhou para mim.

Deus do céu.

Sem paletó, de camisa social preta com as mangas dobradas, os antebraços tatuados à mostra, ele parecia ainda mais perigoso. O peito largo marcando o tecido. O cheiro dele invadiu o quarto: cigarro caro, perfume amadeirado, algo que fazia minha boca secar.

— O que você está fazendo acordada? — ele perguntou, a voz baixa.

— Eu… é nossa noite de núpcias — eu consegui dizer, a voz tremendo.

Ele deu um riso curto, sem humor. Desabotoou o primeiro botão da camisa, depois o segundo. Veio andando devagar até parar na minha frente. Eu era tão pequena perto dele. Tive que levantar o rosto para encarar aqueles olhos cinza.

— Escuta bem, Ruby. — Ele segurou meu queixo com dois dedos, firme, me obrigando a manter o olhar. — Esse casamento é um acordo. Só isso. Eu nunca vou te tocar. Nunca vou te beijar. Nunca vou transar com você. Entendeu?

Eu senti as lágrimas subirem, quentes, queimando.

— Mas… a gente é casado…

— No papel. Só no papel. — Ele soltou meu queixo como se eu queimasse. — Eu já tenho quem esquente minha cama. E não é você. Nunca vai ser.

Eu não consegui segurar. As lágrimas caíram. Ele viu, mas não se mexeu para enxugar. Só ficou me olhando, frio, como se eu fosse uma criança fazendo birra.

— Não chora — ele disse, quase irritado. — Não se apaixone por mim, Ruby. Eu não sou homem pra isso. E você não ia aguentar quem eu sou de verdade.

Ele virou as costas, pegou o paletó de novo.

— Pra onde você vai? — perguntei, a voz falhando.

— Pra onde eu sempre vou quando preciso esquecer o dia. — Ele parou na porta, sem olhar para trás. — Dorme. Amanhã você já vai ter motorista, cartão, seguranças. Tudo que uma esposa de papel precisa.

A porta bateu. Eu ouvi o ronco da moto dele minutos depois, cortando a madrugada.

Eu me joguei na cama enorme, sozinha, abraçando o travesseiro que ainda tinha o cheiro dele. E chorei até os olhos doerem.

Naquela noite eu odiei Ethan Storm com todas as minhas forças. Naquela mesma noite, sem eu perceber, comecei a amá-lo.

E esse foi o começo de tudo.

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