Mundo de ficçãoIniciar sessãoApós descobrir que foi traída pelo seu amor de infância, um fazendeiro que prometeu que daria o mundo a ela. Ana decide fugir pra cidade e deixar esse amor pra trás. O que ela não esperava era conhecer Lex — um bilionário arrogante, misterioso e irresistível. Que sabe como manter tudo sob o seu controle. Lex faz uma proposta difícil de recusar. Agora, Ana está presa entre o seu amor de infância que esconde muitas verdades… e o homem capaz de virar a vida dela de cabeça pra baixo.
Ler maisAna
Ele virou pro lado. Simples assim.
Enquanto eu, nua, com o corpo todo pronto, deitada na porra da cama, bem ao lado dele, sentia o sangue ferver nas veias, ele simplesmente se virou. Como se eu não fosse nada. Como se o calor entre a gente não existisse. Como se eu não fosse… mulher o suficiente.
-Você tá me tirando, né?- Minha voz saiu seca, rasgada, tão amarga que até eu mesma tomei um susto.
Mas ele nem reagiu. Nem uma piscada. O que me enfureceu ainda mais.
Ah, mas ele ouviu. Eu sei que ouviu. Até o ventilador parou de girar de tão tenso que ficou o clima no quarto.
Fiquei ali, encarando as costas largas dele, os músculos mexendo de leve quando ele respirava. Eu queria rasgar aquela pele com os dentes. Queria bater. Queria transar. Queria tudo ao mesmo tempo.
Mas ele só ficou ali. Calado. Fingindo que eu não existia. Tentando ao máximo ignorar a minha presença.
A vontade de gritar tava entalada na minha garganta.
-Você vai continuar fingindo que tá dormindo ou vai me encarar de uma vez, Mark?-
Meu peito subia e descia, o coração batendo alto demais.
Ele seguiu quieto.
Eu já sabia o que vinha depois daquele silêncio. E eu estava pronta pra explodir.
Sem pensar, levantei da cama com toda a raiva que estava presa em mim fazia tempo. Nem lembrei que tava pelada. Nem liguei. Peguei o travesseiro com força e taquei na cabeça dele com tudo.
-Levanta dessa porra de cama, Mark! Eu não sou planta pra você fingir que não me vê!- -Não consegui perceber que eu não aguento mais!?-
Ele soltou aquele suspiro cansado que me dava nos nervos. Sabe aquele suspiro que homem solta quando quer fazer a gente se sentir exagerada? Pois é.
-Não é hora pra isso, Ana.- A voz dele veio arrastada, fria, como quem já decidiu que vai fugir de novo. Meu sangue ferveu na hora.
-Não é hora? A gente vive nessa casa que parece um túmulo, você me trata como se eu fosse sua mulher quando tá na rua, mas aqui dentro eu viro um cabide?-
Ele se mexeu, mas ainda sem me olhar. O rosto dele tava virado pro outro lado, como se eu fosse um incômodo.
-Você sabe que não é assim.-
-Não, Mark! Eu não sei de porra nenhuma! Sabe por quê? Porque você não fala! Você me toca quando quer, mas quando eu quero… você foge.-
Meu coração parecia um tambor dentro do peito. Eu tremia inteira. De raiva. De tesão. De humilhação.
Ele continuou calado. E aquilo me destruiu por dentro.
Respirei fundo, mas não adiantou. Eu não ia recuar dessa vez.
Fui até ele, firme, com a raiva me guiando. Segurei o queixo dele com força, obrigando aquele homem teimoso a olhar nos meus olhos.
-Fala na minha cara, Mark. Me olha e diz que você não me quer.-
Ele me encarou. Os olhos dele eram castanhos, intensos, sempre fechados demais, como se escondessem um mundo lá dentro. E eu vi o que ele escondia naquele momento. Desejo. Tesão. Medo. Tudo misturado.
-Diz, porra!- Minha voz saiu tremida, mas eu não ia recuar. -Fala que você não pensa em mim quando se toca sozinho. Que não sonha em meter nesse corpo que tá aqui, nu, implorando por você.-
Ele apertou o maxilar, os olhos faiscando, a respiração acelerada.
-Você não sabe o que tá fazendo, Ana-, ele rosnou, com a voz baixa, rouca, daquele jeito que sempre me deixava molhada.
-Então me mostra-, desafiei, com o coração na boca.
Ele não resistiu. Me puxou de uma vez, as mãos enormes agarrando meus pulsos, me jogando em cima dele.
Meu corpo colou no dele, e eu senti. Senti o pau dele duro, pressionado contra mim, mesmo ele tentando esconder. As mãos dele tremiam como se estivesse lutando sozinho para se controlar
Ele quase me beijou. Respirou fundo como se estivesse encarando seu pior inimigo e afastou o rosto.
Ele me soltou. De novo.
Mark me largou como se eu fosse uma bomba prestes a explodir.
Levantou da cama, pegou a camisa no chão e vestiu com pressa, como se quisesse se esconder de mim. Mais que covarde.
-Você merece coisa melhor-, ele disse, com aquela voz fria de quem acha que tá protegendo alguém.
-Melhor do que um homem covarde e frouxo? Pode apostar que eu mereço-, cuspi, com o peito doendo.
Ele parou na porta, sem coragem de me olhar.
-Você não entende, Ana. Eu tô tentando evitar o inevitável.-
-Ah, para de drama! Você tá tentando evitar a porra de uma transa? Você foge tanto de mim que eu tô começando a achar que o problema nem sou eu. Ou você tem alguém… ou você tem medo.-
Ele ficou em silêncio. O silêncio dele sempre me dizia mais do que qualquer palavra.
A mão dele apertou o batente da porta com tanta força que eu achei que ele fosse arrancar.
-Eu não sou o homem que você acha que eu sou-, ele disse, sem virar pra mim.
E antes que eu pudesse retrucar, ele saiu, batendo a porta, me deixando ali, pelada, sozinha e com o coração despedaçado no chão.
Fiquei ali, no quarto vazio, sentindo o eco da porta ainda vibrar nas paredes. Meu corpo inteiro tremia. Não sei se de raiva, de tesão, de tristeza ou de tudo junto. Aquele homem estava me deixando louca.
Toda essa enrolação estava me matando, tantos segredos. Tanta…solidão. Eu sabia que quando descobrisse o que ele escondia tudo mudaria entre nós. Mas o medo de perdê-lo era tanto que eu continuava aceitando viver esse inferno.
Viver como uma mulher indesejada pelo homem que ama.
Eu olhei ao redor. As roupas jogadas no chão, o cheiro dele ainda no quarto, minha pele quente e exposta, pedindo por algo que nunca vinha.
E foi ali, naquele silêncio cortante, que eu entendi.
Mark não era um homem frio. Ele era um homem quebrado.
E eu… idiota como sempre, tava disposta a juntar os cacos.
Mas não por muito tempo...
Nesse momento eu percebi que tinha chegando no limite.
AnaO restaurante era simples, mas aconchegante. Cheiro de comida boa, barulhinho de talheres batendo e um garçom que parecia ter tomado cinco cafés antes de vir trabalhar. Eu estava sentada numa mesinha no canto, mexendo no cardápio sem realmente ler nada, só pra disfarçar a ansiedade. Tobias estava atrasado — como sempre.Olhei pro relógio pela terceira vez em dois minutos.“Esse homem vive num fuso horário próprio”, pensei, rindo sozinha.Mas aí vi aquele cabelo bagunçado, o sorriso aberto e o jeito de quem entra num lugar como se fosse o dono. Tobias.Levantei a mão e acenei, e ele veio na minha direção com os braços abertos.— Olha só quem resolveu sair da toca! — ele brincou, me dando um abraço rápido. — Achei que você tinha sumido do mapa.— Tava só sobrevivendo ao trabalho novo — respondi, rindo. — E isso tudo é graças a você, então muito obrigada!Ele se sentou, ajeitou o boné e pegou o cardápio. — Que isso, não precisa agradecer. Me conta tudo! Como tá sendo? Já brigou com a
AnaA garganta já doía. Eu já tinha gritado o nome da Sônia umas vinte vezes — com variações de “socorro”, “abre aqui” e até “eu juro que pago hora extra” — e nada.O silêncio do outro lado da porta era humilhante.Encostei na parede e respirei fundo.— Acho que ela esqueceu da gente — murmurei, exausta.Lex, sentado no chão com as pernas esticadas e as mãos cruzadas atrás da cabeça, me olhou com calma.— Relaxa. Mais cedo ou mais tarde alguém vai sentir falta da gente.— Eu não sei, Lex. Você é o tipo que pode desaparecer do mapa que ninguém estranha.— Engraçadinha. — Ele deu um sorriso torto. — Senta aqui, vai. Ficar de pé só vai te deixar mais irritada.Suspirei e sentei, deixando o balde do lado. O depósito era pequeno, quente e com cheiro de sabão. O silêncio ali dentro parecia alto demais, e a presença dele tornava tudo mais apertado — ou era só o meu coração que não sabia se batia ou se parava.— Acha mesmo que alguém vai perceber? — perguntei, ainda desconfiada.— Claro. A Sô
AnaFazia dias que eu tava me escondendo dentro da própria casa — o que era meio ridículo, já que era a casa dele.Mas enfim, sobreviver exigia estratégia.Eu acordava cedo, ligava o notebook e fingia estar mergulhada no trabalho. Fechava a porta do quarto e, quando ouvia os passos de Lex no corredor, aumentava o som das teclas só pra parecer muito ocupada.A verdade é que o home office era ótimo... até eu perceber que ele também estava sempre por perto.Trabalhar no mesmo teto que Lex Drummond era basicamente um teste de resistência emocional — e física.Cada vez que eu ouvia a voz dele, sentia o coração pular, como se fosse um alarme interno me lembrando do beijo que ainda queimava na memória.Naquela tarde, eu tava revisando um texto sobre marketing e tentando não pensar em como o cabelo dele caía no rosto quando ele sorria.Sim, ótimo foco profissional, Ana.O som da porta se abrindo me fez quase engasgar com o café.— Você tá trancada aí desde cedo — ele falou, encostado na porta
Ana Quando o e-mail chegou, eu quase deixei o café cair no teclado.O título piscava bem na minha cara:“Confirmação de entrevista — Estágio de Redação Criativa.”Por um segundo, achei que era spam. Ou golpe. Ou castigo do universo por ter stalkeado subcelebridades no Instagram ontem à noite.Mas não. Era real. Tinha até o nome do cara do RH, o link para vídeo chamada e a data marcada: sexta-feira, às dez da manhã.Meu coração começou a bater tão rápido que parecia que eu tinha tomado dez cafés seguidos.— Meu Deus… — sussurrei, com as mãos tremendo. — É agora ou nunca.Lex entrou na cozinha nesse exato momento, de camiseta cinza e cabelo ainda molhado. E, olha, não sei se era o nervoso ou a visão dele, mas fiquei tonta.— O que foi? — ele perguntou, pegando a caneca de café. — Parece que viu um fantasma.— Pior — respondi, virando o notebook pra ele. — Eu tenho uma entrevista marcada.Os olhos dele brilharam.— Sério? Isso é ótimo, Ana!— É ótimo, mas eu tô surtando. E se eu travar?
AnaAcordei com uma sensação estranha, quente demais pra ser só o cobertor.Abri os olhos devagar e, por um segundo, achei que ainda estava sonhando.A cabeça de Lex estava colada na minha, o braço dele atravessava meu travesseiro e o corpo dele — santo Deus — estava encostado demais no meu.Fiquei paralisada.Minha perna estava presa entre as dele, meu braço enfiado de um jeito tão torto que eu nem sabia como tinha parado ali.Se eu respirasse mais forte, o peito dele subia junto.— Ótimo, Ana — pensei. — Parabéns. Acordou abraçada no homem que você tá tentando manter distância.Tentei me soltar com cuidado, puxando o braço bem devagar…Erro.Ele se mexeu no mesmo instante, ainda dormindo, e me puxou mais pra perto.Meu coração quase saiu pela boca.Agora sim eu estava oficialmente abraçada em Lex Cavalcante.Fechei os olhos e prendi a respiração. Se eu fingisse que era uma estátua, talvez ele voltasse a dormir e esquecesse que eu existia.Mas claro que não. O destino adora brincar c
LexJá passava da meia-noite e eu ainda estava acordado, virando de um lado pro outro na cama.Pijama, travesseiro, coberta… nada ajudava.O corpo cansado, mas a mente? Correndo uma maratona.Fechei os olhos e, como um replay que eu não pedi, veio tudo de novo: o sofá, a manta, o calor dela encostando em mim.O jeito que o ombro dela tremia e ela fingia que era frio — por favor. Eu sabia que não era.Revivi cada segundo.A respiração dela, curta.O cheiro leve de perfume floral que parecia ter grudado na minha pele.E o som baixinho que ela fazia toda vez que o filme dava um susto — meio susto, meio riso nervoso.Suspirei, jogando o braço por cima do rosto.Aquilo não podia estar me afetando tanto assim.Mas estava.E quanto mais eu tentava esquecer, mais lembrava.O toque dela, a proximidade, a forma como o corpo dela relaxou no meu…Droga.Revirei de novo.“Ela deve estar acordada também”, pensei.Principalmente depois de ver aquele filme com demônios, sangue e gritos — o tipo de c
Último capítulo