Ana
O hospital sempre teve aquele cheiro de desinfetante que queimava um pouco a garganta, mas naquele dia parecia ainda mais forte. Talvez porque meu estômago já estivesse embrulhado antes mesmo de eu entrar. Talvez porque eu sabia que, quando abrisse aquela porta, nada seria simples.
Eu caminhei pelo corredor devagar, segurando a bolsa contra o peito. Era loucura, mas meu coração parecia batendo no ritmo do bip das máquinas. A cada passo, uma nova dúvida me enchia a cabeça: *Será que ele estava consciente? Será que lembrava de tudo? O que eu ia dizer?*
Parei diante do quarto 217 e respirei fundo. Minhas mãos estavam geladas. Empurrei a porta devagar.
E lá estava ele.
Mark.
Deitado, fraco, pálido… mas com um olhar que eu conhecia melhor do que conhecia o meu próprio. Um olhar que eu tinha amado por anos. Não o olhar arrogante e distraído que ele tinha nos últimos meses, antes de me trair. Era o outro. O primeiro. O que fazia eu esquecer o mundo quando ele sorria.
Ele levantou os olh