Ana
Quando eu cheguei no bar, já estava tudo meio tremido dentro da minha cabeça. Tobias estava encostado no balcão, bebendo uma cerveja como se fosse suco, e quando me viu, abriu os braços como se eu fosse um prêmio que ele tinha acabado de ganhar.
— Olha só quem apareceu! — ele disse, me puxando pra um abraço exagerado. — A mulher mais confusa dessa cidade!
— Calma aí, né? — eu resmunguei rindo fraco. — Nem pedi minha bebida ainda.
Ele me olhou de cima a baixo como quem avalia se eu estava inteira.
— Tá com cara de quem viveu cinco temporadas de novela num único dia. — comentou, levantando a mão pro garçom. — Dois shots pra ela. Fortes.
— Só um. — corrigi.
— Não discute. — ele respondeu, sério demais pra ser verdade.
E os dois shots chegaram.
Eu peguei o primeiro e virei de uma vez. Ardeu até minha alma, mas naquele momento eu precisava ardida mesmo.
Tobias cruzou os braços.
— Agora fala. — ordenou. — Despeja. Tudo. Sem pular partes. Sem me poupar, porque eu não sou feito de cristal.