" — Ou você se casa comigo… — disse ela, deslizando o contrato sobre a mesa, seus olhos fixos nos dele. — …ou eu te faço pagar pela ousadia de tentar enganar Isadora Monteiro. Ele riu, ainda achando que era brincadeira, mas o sorriso dela aumentou quando percebeu a tensão crescendo nos ombros dele. — A escolha é sua, mas aviso que eu nunca perdi antes. O fato de você me enganar, me deixou bastante... chateada. Admito que foi corajoso, mas sua coragem custará um alto preço se não fizer o que estou mandando. Isadora tinha certeza que ele faria o que ela deseja e teria o prazer imenso de tê-lo completamente à sua mercê. Ninguém jamais ousou passar a perna nela, por isso seu desejo de vingança contra o golpista seria implacável." Henrique era o tipo de homem que chamava atenção por onde passava: sorriso irresistível, olhar intenso e charme de playboy incurável. Isadora, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, não costumava se deixar levar por impulsos... até cruzar com aquele o olhar com aquele desconhecido que a seduziu em questão de minutos. Uma noite de pura atração parecia ser tudo o que dividiriam. Mas quando ela saiu do banheiro do hotel, encontrou apenas a cama vazia, e nenhum sinal de sua bolsa, dinheiro e celular. Ele tinha sumido, deixando para trás apenas a lembrança de um beijo inesquecível. O que o golpista não esperava era que sua vítima não era uma mulher qualquer. Determinada a não engolir o golpe, ela usou seus melhores recursos para encontrá-lo, e conseguiu. Só que, ao invés de simplesmente denunciá-lo, ofereceu um acordo inesperado: ou ele se casava com ela, ou o mandaria para a prisão.
Ler maisIsadora tinha passado o dia inteiro cercada por papéis, telas, reuniões e vozes que pediam decisões rápidas como se cada uma delas fosse uma bomba-relógio. Para qualquer outra pessoa, talvez fosse apenas mais uma quarta-feira de trabalho, mas para ela, CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do país, cada escolha carregava um peso que poderia mexer com milhares de vidas.
Era exaustivo. Mas também gratificante e foi o que ela nasceu para fazer.
Quando finalmente o relógio marcou quase onze da noite, Isadora desligou o computador e olhou para o reflexo da própria imagem no vidro da sala. O blazer ainda estava impecável, o cabelo preso em um coque firme, a maquiagem levemente borrada após tantas horas. Ela suspirou. Parte dela queria ir direto para casa, afundar-se na cama e deixar o mundo inteiro de lado. Mas havia outra parte, aquela que quase nunca tinha espaço, que queria se permitir apenas existir sem tanto controle.
Foi essa parte que venceu.
Trinta minutos depois, Isadora entrou em uma balada discreta, conhecida por atrair executivos, turistas e alguns aventureiros noturnos. O ambiente era sofisticado, com luzes suaves, música envolvente e o cheiro de perfume caro misturado a álcool refinado.
Ela caminhou até o bar com a postura de sempre: elegante, autoritária, dona de si. Pediu um martíni seco, pousando a bolsa de couro sobre o balcão iluminado. Enquanto o bartender preparava a bebida, ela relaxou os ombros, tentando enganar o próprio corpo cansado.
Mas bastou dar o primeiro gole para sentir algo diferente. Um olhar.
Isadora não precisava confirmar para saber que alguém a observava. Era uma sensação familiar, ela chamava atenção, sempre chamou. Mas ela não sabia que havia algo peculiar naquela vez, não era apenas apreciação. Era o de alguém que tinha acabado de escolher a presa da noite.
— Esse lugar acabou de ficar muito mais interessante — disse uma voz masculina atrás dela.
Ela se virou devagar.
E então o viu.
Henrique, embora ela ainda não soubesse seu nome verdadeiro, tinha a aparência de um homem que nunca passava despercebido. Alto, bronzeado, atlético, cabelo castanho escuro um pouco grande demais, com um sorriso atraente que parecia treinado no espelho e olhos castanhos cheios de ousadia e confiança, mas ela pensou que ele podia ser confiante tendo uma beleza daquelas. Vestia um blazer escuro aberto sobre a camisa social, sem gravata, deixando o visual na linha exata entre desleixado e sedutor.
— Interessante? — Isadora arqueou uma sobrancelha, avaliando-o com aquele olhar que costumava intimidar diretores de conselho.
Ele não se deixou abalar. Ao contrário, inclinou-se ligeiramente para perto dela, com um sorriso preguiçoso.
— Digamos que ainda não tinha encontrado motivo para ficar. Agora encontrei. Acho que estou com sorte essa noite.
Ela soltou uma risada curta, quase cética. Estava cansada demais para joguinhos baratos de sedução, mas, curiosamente, a confiança dele não soava tão barata. Soava atraente.
— E qual é o nome do homem que se sente tão sortudo por me encontrar? — perguntou, brincando com a haste do copo entre os dedos.
— Anthony — respondeu sem hesitar, estendendo a mão.
Ela apertou. O toque dele era firme, quente, e por alguns segundos sustentaram o olhar um do outro. Era como se disputassem silenciosamente quem desistiria primeiro. Nenhum dos dois cedeu.
A conversa deslizou com naturalidade surpreendente. Ele falava sobre viagens a lugares exóticos, sobre vinhos que dizia já ter provado, sobre experiências intensas como se colecionasse histórias ao redor do mundo. Mentiras bem ensaiadas, que caíam de sua boca com fluidez. Isadora, atenta como era em qualquer negociação, percebeu algumas inconsistências, mas naquela noite decidiu ignorar.
Ela não queria ser CEO, não queria calcular riscos, não queria desconfiar. Queria apenas se perder por algumas horas.
Quando ele tocou de leve sua mão, quase como se fosse um acidente, ela não recuou. Quando o beijo veio, inesperado e ousado, Isadora correspondeu. Foi um beijo intenso, com gosto de martíni e vontade de mais. O tipo de beijo que a fez esquecer quem ela era do lado de fora daquela balada.
— Vamos sair daqui? — ele murmurou contra os lábios dela, sem dar tempo para racionalizar.
Ela hesitou por um segundo, lembrando-se de que um caso com um homem desconhecido não poderia ser bom para sua imagem. Mas, naquele instante, não havia imprensa, não havia negócios, não havia família. Só havia ela e aquele desconhecido que parecia capaz de acender faíscas em cada parte do seu corpo. E claro, sua equipe de segurança disfarçada.
— Para onde? — perguntou, num sussurro.
— Tenho um quarto no hotel aqui perto. Mais um drink, mais privacidade… — sorriu com a confiança de quem raramente ouvia um não.
E ela não disse não.
O trajeto até o hotel foi curto. Henrique a guiou com a mão firme em sua cintura, como se já tivesse feito aquilo centenas de vezes. E de fato, já tinha. Para ele, era apenas mais uma noite de trabalho mascarada de prazer.
O quarto era luxuoso, discreto, perfeitamente adequado para encontros como aquele, ele pediu a suíte, nao planejava pagar de qualquer forma. Ao entrarem, ela colocou sua bolsa e celular no criado mudo, ele fechou a porta e se virou para ela com um sorriso quase vitorioso. Aproximou-se, a beijou novamente, mais faminto, mais urgente.
Isadora correspondeu com a mesma intensidade, aquele homem de alguma forma tinha relaxado todo o seu corpo e ela tinha a impressão de que ele poderia relaxar muito mais com ele.
Mas ele se afastou um pouco, ainda sorrindo.
— Você não quer tomar um banho?
A sugestão soou natural. E fazia sentido. Ela estava mesmo suada do trabalho e pelo calor da balada. Quando o pensamento passou por sua cabeça, ela se perguntou se estava fedendo a suor e ele sentiu.
— Talvez seja uma boa ideia — respondeu, com um meio sorriso.
Ele a guiou até a porta do banheiro, acendeu a luz e a deixou entrar.
Isadora tirou as roupas e os sapatos, soltou o cabelo, deixou a água quente escorrer sobre os ombros. O vapor envolveu seus pensamentos, e por alguns minutos ela se permitiu acreditar que aquela noite era apenas sobre prazer, sobre sentir-se viva.
Quando finalmente desligou o chuveiro e enrolou-se na toalha, ajeitando os cabelos ainda molhados, ela sorriu sozinha, imaginando o que viria depois.
Abriu a porta e voltou para o quarto.
Mas o quarto estava vazio. Nenhum sinal dele. Nenhum som no ambiente.
Sua testa franziu em confusão e então seu olhar caiu sobre o criado-mudo. Sua bolsa não estava lá, nem seu celular. Ela olhou ao redor, caminhando apressada pelo quarto. Tudo havia desaparecido junto com ele.
O homem tinha sumido.
E com ele, tudo o que ela havia levado naquela noite.
Isadora parou no meio do quarto, com a toalha ainda presa ao corpo e uma expressão incrédula. Por um instante, sentiu-se estúpida. Ela, que não confiava em ninguém, tinha acabado de ser enganada da maneira mais amadora possível.
Mas, junto à vergonha inicial, uma nova emoção cresceu em seu peito: raiva.
Ele podia ter fugido, podia ter levado sua bolsa, seu dinheiro, seu telefone. Mas não fazia ideia de quem era a mulher que havia escolhido para o golpe daquela noite.
E Isadora Monteiro não era o tipo de mulher que se pode enganar sem pagar o preço.
UM ANO DEPOIS.O sol da manhã atravessava as amplas janelas da casa Monteiro, agora reformada, mais viva e mais cheia de cor. Era curioso como o tempo podia transformar tudo. Os lugares, as pessoas, e principalmente, o que elas acreditavam ser impossível de mudar.Henrique desceu as escadas com a camisa arregaçada nos antebraços e o celular colado à orelha, falando com a mesma firmeza com que um executivo experiente conduzia uma negociação.— Feche o contrato, sim. — dizia, enquanto atravessava a sala. — E diga a eles que, se quiserem exclusividade, o valor precisa dobrar. Não estamos mais em fase de testes.Do outro lado da linha, a resposta pareceu satisfatória, porque ele sorriu, assentindo.— Ótimo. Envie os documentos pra minha mesa até o fim do dia. — e encerrou a ligação.Isadora o observava da cozinha, apoiada no balcão, com uma xícara de café nas mãos e um sorriso discreto no rosto.Um ano antes, ela jamais imaginaria ver aquele homem ali, falando de contratos legítimos, de i
— Eu estou apaixonado por você.A respiração dela travou. Isadora abriu a boca, mas nenhuma palavra veio e por um instante ela quis acreditar que tinha ouvido errado.— Eu… — ela balbuciou, desviando o olhar. — Eu preciso… tomar banho.Sem esperar resposta, levantou-se da cama, pegou uma toalha e praticamente correu para o banheiro. Fechou a porta com força, encostando-se nela. O coração batia como se quisesse sair do peito.— Droga… — murmurou, apoiando a testa na madeira.Não era pra isso acontecer. Não era pra nenhum deles se apaixonar. Tudo começou como uma barganha, um jogo, uma espécie de castigo. Ela sabia que Henrique não era um homem simples e, por Deus, ela também não era uma mulher fácil.Ligou o chuveiro e deixou a água escorrer sobre a pele, tentando lavar o turbilhão de pensamentos que a sufocava.“Ele não pode estar falando sério”, dizia para si mesma. “Ele só está confuso. É o clima, o casamento, a viagem, nossa aproximação, tudo misturado.”Mas, no fundo, uma parte de
O voo de volta foi tranquilo, mas carregava uma estranha sensação de mudança. Paris havia deixado marcas que ficariam para trás, na forma como Isadora e Henrique se olhavam agora. Quando o carro atravessou os portões da propriedade Monteiro, Isadora suspirou. A mansão se erguia imponente diante deles, com a fachada clara refletindo o sol do início da tarde. O motorista parou diante da entrada principal, e Henrique olhou pela janela. — Finalmente, casa. Quando desceram, as portas da mansão se abriram e a mãe de Isadora, foi a primeira a aparecer. Atrás dela, vinham o pai e o irmão, Israel. O reencontro foi caloroso para ela. A mãe a envolveu em um abraço apertado. — Finalmente. Estava tão preocupada. — disse Maia, afastando-se para olhá-la melhor. — Vocês parecem ótimos, aliás. Henrique, que vinha logo atrás com as malas, ergueu o olhar e sorriu com educação. — Paris faz bem para a alma. — respondeu, com a voz suave e segura. — E, aparentemente, para o humor da minha esposa
Ela inclinou a cabeça, os olhos brilhando como se estivesse prestes a arruiná-lo.— Então... você quer ver minha boquinha linda envolvendo seu pau grande e grosso? — perguntou ela, cada palavra doce como açúcar, imunda como pecado. Isadora aprendeu rapidamente a linguagem que ele usava no sexo.Um sorriso ainda mais largo surgiu em seus lábios ao notar a reação dele: o maxilar se contraindo, as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo, como se estivesse lutando contra todos os impulsos primitivos que o dominavam.Mas ela não precisou dizer mais nada. O modo como caminhava para trás, lenta e sedutora, já dizia tudo.E, caramba, ele estava prestes a perder a cabeça.Ele a seguiu, claro que seguiu.Assim que chegaram ao objetivo dela, Isadora se virou e o empurrou para a beira da cama. Ele não resistiu. Não conseguiu. Seu corpo já estava em chamas, o sangue pulsando nos ouvidos.Ela caiu de joelhos diante dele.Aqueles olhos maliciosos e inocentes não deixaram os dele enquanto suas mãos
Entraram no quarto aos beijos e ele parou para olhar em seus olhos. Henrique inclinou a cabeça no ouvido dela e sussurrou:— Quando foi a última vez que alguém fez essa boceta gozar?Isadora ficou boquiaberta com suas palavras e começou a ficar nervosa. O rosto dele exibia um sorriso divertido enquanto observava o desconforto dela. Ela não podia lhe contar a verdade. A verdade era que os únicos homens com quem já tinha ficado nunca a fizeram ter um orgasmo de verdade, ela mesma alcançou seu êxtase os usando.— Não é da sua conta... — respondeu rapidamente.Henrique caminhou suavemente ao redor dela até ficar atrás. Colocou suas mãos fortes e grandes nas laterais da cintura dela antes de empurrá-la contra ele. Agora estavam de frente para a grande janela que ocupava toda a parede do quarto.Ela olhou-se no vidro e observou a imagem dos dois. Henrique era um homem que exalava experiência, domínio e tenacidade. Era muito maior do que ela, e sua energia era contrária à natureza mais reser
Os três dias seguintes em Paris pareceram correr num compasso diferente. Não houve brigas, nem provocações exageradas, nem silêncios prolongados. Era como se, por algum acordo tácito, Isadora e Henrique tivessem decidido deixar a convivência mais leve. Ela ainda se mantinha cautelosa, ele ainda tinha aquele charme despretensioso, mas algo se ajeitava entre os dois, como peças que começavam a se encaixar quase sem perceberem.Naquela manhã, o quarto estava iluminado pelo sol que atravessava as cortinas semiabertas. O cheiro suave de lençóis limpos misturava-se ao perfume de Isadora, que estava sentada na cama, com o celular em mãos. Henrique se inclinou sobre ela, roubando um beijo rápido e inesperado em seus lábios antes de se afastar com um sorriso satisfeito.— Vou trazer o almoço. — anunciou.Isadora, concentrada na tela, ergueu os olhos apenas por um instante.— Está bem. — murmurou, voltando a digitar.Henrique observou de relance, curioso.— Com quem fala tanto?— Com o Israel.
Último capítulo