Mundo de ficçãoIniciar sessãoEla sempre acreditou que o bem vence no fim. Ele é a prova viva de que o mal também sabe como seduzir. Quando o irmão de Kieza se casa e deixa a cidade, ele pede ao melhor amigo, o homem mais irritante e arrogante que Kieza conhece, para "cuidar dela". O problema? Ele leva essa promessa a sério. Roman não é apenas o tipo de cara que todas as mães mandam evitar; ele é alguém que vive nas sombras, com segredos que podem destruir qualquer um que se aproxime demais. Agora, morando porta a porta, Kieza descobre que há uma linha muito fina entre ódio e desejo... e que, às vezes, o perigo mais irresistível é o que mora ao lado.
Ler maisKIEZA JONES
Droga! Para hoje, estar presa um pouco longe de casa, durante uma tempestade e pior, um pouquinho bêbada, é a última coisa que eu precisava. Eu e a ideia de não saber dizer “não” no momento certo. Devia ter recusado o convite, mas para já, perante o erro cometido, devia ter aceite a carona para casa. Mas pronto, vou considerar que eu poderia estar numa situação bem pior. Por exemplo, eu poderia estar a deriva e fugindo de um serial killer pervertido que deseja me tomar a todo o custo ou no meio do oceano rodeada de tubarões grotescos ou até mesmo de ondas agressivas. Tudo bem, esses casos são piores, mas a minha situação actual não é das melhores. Tenho zero habilidades de luta e penso que talvez eu devesse ter ouvido o meu irmão e ter feito aquelas aulas de Karaté ou auto-defesa. Olho para o meu telefone e vejo mais um Uber recusando a viagem, bufo levemente reprimindo a minha frustração, porque o aplicativo me deu esperança de que estava encontrando a minha carona. Já estou aqui a quase meia hora e a situação começa a me estressar porque o meu irmão vai me matar. Hoje é a festa de despedida de solteiro dele e da noiva, que é a minha melhor amiga e me matará mais 10 vezes se eu tiver um atraso. Aqui não tem um ponto de ônibus próximo, tenho que caminhar um pouco e com essa chuva, é um pouco complicado. A maioria dos meus amigos não tinha carro, excepto a Rue que é a minha cunhada e obviamente não pode saber tão já que estou nessa situação. Eu até vi alguns carros saindo do bar ou passando e até buzinaram para mim, mas não sou estúpida para subir no carro de pessoas que já demonstram malícia, mesmo que não esteja assim tão alterada pelo álcool. Eu assisti muito bem filmes de terror e de serial killers, tipo Jack o Estripador. Meu polegar paira sobre o nome do contacto no meu celular e franzo o nariz, automaticamente contraindo os lábios com certo desgosto, até sinto o álcool sumindo de mim. O som da chuva me desperta e cria calafrios em mim, até porque nem tenho um sobretudo aqui. Eu só tenho uma opção, então rapidamente clico no nome e começo a fazer uma oração mental. Um toque. Dois toques. Três toques. — Malechka? Não sei se estou irritada ou aliviada por ele ter atendido. Eu não tinha certeza do que seria pior, ser assassinada no meio do nada ou pedir ajuda a Roman Mikhailov. — Não me chame assim. — O que você quer? — A voz dele está meio rouca, como se eu o tivesse despertado de um sono profundo. Não evito o sorriso que se forma. Se o irritei, venci. Contudo, logo desfaço, mantendo o foco no motivo da ligação, estou prestes a explicar, mas ele me interrompe: — O que há de errado? — oiço um baque, provavelmente se levantando — ligou para tentar me cutucar? Torço meu nariz ao sentir o arrependimento por ter clicado nesse número. — Idiota. Deixa para lá. Prefiro andar a pé ou ser sequestrada do que lidar contigo. Estou prestes a desligar na cara dele — receosa — mas então me interrompe de novo. — Pizdets, Kieza. Onde você está? Não entendo a primeira palavra, mas presumo que seja em russo. O idiota fala muito pouco, mas quando abre a boca só fala besteira ou coisas incompreensíveis, pelo menos para mim. — Deixa para lá. — O que diabos você está fazendo? Seu irmão me mataria se eu te deixasse aí, sozinha. — Estou surpresa com a sua empatia. Imagino-o revirando os olhos, com a expressão seca e impenetrável como muitas vezes. Um trovão ricocheteia o céu e sacode os galhos das árvores próximas. Eu estremeço e me encolho mais para trás no abrigo do estacionamento, melhora as coisas, já que quase não tem cobertura. A chuva está a cair para o lado, respingando em mim com gotas de água leves, quase imperceptíveis. Roman exige a localização e não penso duas vezes para dizer. Então ele desliga e pela primeira vez, queria que conversasse com comigo apenas por distração. Cogito entrar no bar, mas eu realmente não quero lidar com aquele ambiente e sei que parece estúpido, mas eu prefiro frio ao assédio. Me recosto na parede e abraço minha bolsa, aguardando a minha carona com alguma paciência. Mentalmente me amaldiçoo pela minha falta de previsão quando recusei a oferta dos meus conhecidos de me levar de volta para a minha área. Eu não queria incomodá-los e me sentia meio humilhada pelo facto de terem insinuado que a minha arte é medíocre. Estava começando a ficar escuro. Já se tinham passado 30 minutos e uma parte de mim temia que Roman não aparecesse, isso simplesmente porque não liga para mim. Se bem que se ele me deixasse na mão, Kai quebraria as pernas dele, a situação me envolvia, então sempre seria prioridade. Um feixe de luz brilhante dos faróis torna-se evidente e então, aperto os olhos para visualizar melhor. Eu reconheço o elegante Maserati preto se aproximando de mim. Quando meus olhos se ajustam à luz, suspiro de alívio por momentos, até enrijecer novamente na mesma medida em que sinto meu coração batendo forte por ter convocado um potencial psicopata. Não é que eu odeie Roman, mas ele é irritante por ser uma pessoa difícil, nunca consegui ter acesso a ele. Ele ter vindo com a vibe de “resgatar a irmãzinha abandonada do meu melhor amigo” automaticamente me faz ter arrependimento. Todas as vezes que interagimos, brigamos e trocamos farpas ou ficamos em um silêncio assassino. O olhar dele podia gritar “me olhe errado e eu vou pisar você e todos os seus amados”, enquanto mantinha uma expressão tão calma, linda e impenetrável. Mas também sou ignorada algumas vezes. Quando o carro para na minha frente e a janela do passageiro baixa, passo a língua nos lábios e murmuro paciência, porque já tive um dia de merda e se ele for escroto, acabarei com ele. — Entre. — Ele não levanta a voz, na verdade ele nunca levanta a voz e consegue me insultar bem calmo. Contudo, o ouvi em alto e claro som mesmo com a chuva. — Claramente sou um cavalheiro, mas espero que você não esteja esperando que eu abra a porta para você. — Diz ele quando eu mantenho os pés enraizados no chão. Ao perceber, me movo com cautela reprimindo uma resposta sarcástica, abro a porta do carro e entro sacudindo as sapatilhas, pelo mínimo de respeito ao seu carro caríssimo, uma vez que já ia humidificar o banco. Ao respirar fundo, sinto o ar fresco de um perfume com aroma picante de couro oriental e notas amadeiradas. — Obrigada por vir. — Digo em uma tentativa de quebrar o silêncio, quando ele começa a dirigir pela estrada escorregadia. Eu falho. Roman me ignora, mas o vejo me olhar pelo retrovisor antes de desvia-lo e continuar a dirigir do mesmo modo que andava, falava e respirava, com firmeza e controle. Me deixava intrigada. Eu ficava confusa sobre como se tornara o melhor amigo do Kai, eles são totalmente opostos. Para mim — e para todos os outros — Roman é um idiota que gosta de parecer diferente, confesso que fico curiosa sobre a origem de sua personalidade. Algum tipo de trauma psicológico? Síndrome de Asperger? Talvez, tudo é válido. Eles eram melhores amigos desde a faculdade — embora fizessem cursos diferentes — desde então são unidos e fazem tudo juntos, Roman participa dos jantares da minha família desde então. Contudo, tenho um pouco de compreensão com base nos relatos fragmentados que recolhi do meu irmão, uma infância bem difícil, abandono da mãe, um pai dez vezes mais difícil que ele. O dinheiro é o único consolo que tem, ainda mais tendo o nome dele na midia, ainda fico maravilhada por ele ter amizade com pessoas “normais”, digo, sem fama ou relevância algumaKIEZA JONESO casamento terminou há poucas horas, mas o brilho das luzes ainda parece grudado nas minhas retinas.A casa está um caos, malas abertas, vestidos pendurados nas cadeiras, copos esquecidos sobre o balcão da cozinha.Rue tenta, sem sucesso, fechar a mala pela quinta vez. Kai revisa passaportes e documentos, repetindo o processo com a mesma ansiedade de um pai de primeira viagem.— Amor, o carregador do laptop...— Tá na bolsa preta. — Ele responde automaticamente, sem nem olhar.Sento-me no sofá, abraçada a uma almofada, observando o casal em sua dança de despedida.Rue ri, Kai sorri, e eu... bem, eu apenas tento não pensar no vazio que eu vou sentir quando eles partirem. — Ainda dá tempo de desistir. — murmuro.Rue joga uma meia em mim. — Engraçadinha.— Só digo verdades.Kai se aproxima, apoia o braço sobre o encosto do sofá e bagunça meu cabelo como se eu ainda tivesse doze anos.— Não dá pra trocar de irmã agora, né?— Tarde demais. — respondo. — O prazo e
ROMAN MIKHAILOV Droga. Digo não? — Você me deve mais uma. — Murmurro entredentes. — Isso é um sim? — Kai abre o sorriso com o meu aceno. — Ufa, que bom. Achei que teria que recitar pelo menos uns dez argumentos. Inclino a cabeça pensativo com o que eu acabei de aceitar. — Não sei se isso vai dar certo… — Vai, é só não… — Kai estrala os dedos parecendo procurar a palavra certa. — Fazer sexo com ela? — pergunto e rapidamente minha memória volta a visão de seu corpo na roupa molhada daquele dia. Os mamilos endurecidos e pontiagudos sobre o sutiã e vestido, pareciam implorar pela minha atenção. Talvez eu devesse ter rasgado o vestido e puxado o sutiã para os lados com os dentes, e fechado minha boca em torno de seus seios. — Ai, cara. Me refiro a isso. — Ele faz cara de vómito — nunca mais diga isso, fico enjoado só de imaginar. Mas de qualquer forma, sei que você não quebraria a regra dos manos. Sinto uma pontada de culpa pela recente fantasia. O que diabos há de errado c
ROMAN MIKHAILOV — Oi, Roman. — Uma morena de rosto não tão estranho se aproxima — Não sabia que você estava aqui. Quer dançar? Eu estava sentado em uma poltrona isolada, bebendo um whisky. Então olho para ela com claro desinteresse, mas a moça parece não se tocar e me olha esperançosa que eu a reconheça. — Ah, não, obrigado. Estou bem aqui. A moça se aproxima de forma sensual e como se quisesse me deixar encurralado, insistiu, tocando levemente no meu braço. — Vamos lá, é só uma dança. Prometo que vai ser divertido. — Insiste, o olhar implorando para que a reconhecesse e logo cedesse. Me mantenho erecto afastando-a educadamente, embora o meu olhar agora recaia sério e impaciente sobre ela, que certamente não pode lidar com o meu tipo de interesse. Eu giro o gelo em meu copo de whisky e desvio meu olhar para Kai. Ela segue o meu olhar em direção a Kai, que está batendo um talher na taça, para chamar a atenção de todos: — Ei, pessoal! Posso ter a atenção de vocês por u
KIEZA JONESRoman Makhailov é um gênio, ou perto disso. Se formou muito mais cedo e aos 26 anos já é CEO de uma das maiores empresas de biotecnologia dos EUA, com certeza o seu nome é marcante. Talvez eu tenha de admitir que o meu desgosto por ele, tem uma pitada de inveja.Eu estou me formando em Artes, realizo atividades extracurriculares, trabalho numa pastelaria em turnos e nos tempos livres sou retratista.— Vai participar da festa, hoje? — Odeio silêncio com ele, estar sozinha com ele. Vivemos nos mesmos ambientes, mas não nos conhecemos.— Sim.Não falo mais nada e vago na minha própria mente, talvez eu deva me ocupar mais ficando no ateliê, essas situações costumam ser inspiradoras.Me recosto no banco e estremeço pela humidade que absorvi, passo o olhar pelo meu corpo e logo me encolho.Droga! Tudo desenhando no meu corpo.Eu tenho de passar de casa para me trocar, evitar a chance de Kai me matar pela falta de “auto-preservação” como ele gosta de dizer.— Roman... — V
KIEZA JONESDroga! Para hoje, estar presa um pouco longe de casa, durante uma tempestade e pior, um pouquinho bêbada, é a última coisa que eu precisava.Eu e a ideia de não saber dizer “não” no momento certo. Devia ter recusado o convite, mas para já, perante o erro cometido, devia ter aceite a carona para casa. Mas pronto, vou considerar que eu poderia estar numa situação bem pior.Por exemplo, eu poderia estar a deriva e fugindo de um serial killer pervertido que deseja me tomar a todo o custo ou no meio do oceano rodeada de tubarões grotescos ou até mesmo de ondas agressivas.Tudo bem, esses casos são piores, mas a minha situação actual não é das melhores. Tenho zero habilidades de luta e penso que talvez eu devesse ter ouvido o meu irmão e ter feito aquelas aulas de Karaté ou auto-defesa.Olho para o meu telefone e vejo mais um Uber recusando a viagem, bufo levemente reprimindo a minha frustração, porque o aplicativo me deu esperança de que estava encontrando a minha carona.





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