A BASTARDA E O DRAGÃO: As Duas Faces Do Fogo

A BASTARDA E O DRAGÃO: As Duas Faces Do FogoPT

Romance
Última atualização: 2025-12-08
Camile Cerqueira   Atualizado agora
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Índice

Raia cresceu sem nome de família, sem passado, sem nada além da rotina sufocante do orfanato de Brathmor. Aos 18 anos, finalmente livre para trilhar seu próprio caminho, ela tinha planos: viajar, conhecer o mundo, pertencer apenas a si mesma. Mas três dias antes de sua maioridade, um nobre aparece nas portas do orfanato alegando ser seu pai e exigindo que ela pague uma dívida de sangue que nunca soube que tinha. Sem cerimônia ou explicações, Raia é arrastada para as Montanhas Flamejantes e abandonada como tributo para o dragão. Ela espera a morte. O que encontra é Kael um homem solitário que vive nas ruínas de uma fortaleza antiga e afirma que o dragão "permite" que ele viva ali. Ele é frio, distante, e deixa claro que Raia não é bem-vinda, mas também não a expulsa. Durante o dia, Raia planeja sua fuga. Kael mal fala com ela, desaparece por horas, age como se sua presença fosse um incômodo. ela não quer conexões mesmo. Mas à noite, quando o rugido ecoa pelas montanhas e chamas iluminam o céu, o dragão aparece. E para seu horror e confusão, a criatura não a ataca. Ele a observa. A protege. Há algo na forma como ele a olha que Raia não consegue explicar quase... possessivo. Quase reconhecedor. Presa entre dois capilares um homem que age como se ela não existisse e um dragão que age como se ela pertencesse a ele Raia tenta desesperadamente escapar. Mas cada tentativa de fuga resulta em algo estranho: Kael sempre sabe onde ela esteve. O dragão sempre a encontra. E ela começa a ter sonhos febris, sensações de um vínculo que puxa sua alma em duas direções... ou seria apenas uma?

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Capítulo 1

Orfanato

Três dias.

Faltavam apenas três dias para Raia completar dezoito anos e finalmente ser livre. Três dias para deixar as paredes cinzentas do Orfanato de Santa Cecília, as camas rangentes, os corredores que cheiravam a mofo e orações vazias. Três dias para começar a viver de verdade.

Ela já tinha tudo planejado. Trabalharia na taverna do porto a Senhora Hilda havia prometido uma vaga. Juntaria dinheiro suficiente para comprar passagem em um navio mercante. Não importava para onde. Qualquer lugar seria melhor que Brathmor, com suas regras sufocantes e seu céu eternamente acinzentado. Ela finalmente poderia conhecer o mundo, além do orfanato, ela teria a tão sonhada liberdade.

Mas os planos de Raia morreram na tarde em que as portas do orfanato se abriram e um homem vestido em veludo negro entrou como se fosse dono do lugar.

Ela estava no refeitório limpando as mesas após o almoço, quando a Madre Superiora a chamou. Havia algo diferente no tom de voz da velha freira não a irritação costumeira, mas algo próximo ao... medo?

-Raia, Venha aqui. Agora.

O estômago de Raia se apertou. Em dezoito anos, ela havia aprendido que nada de bom vinha de ordens dadas naquele tom.

O homem estava de pé na entrada do refeitório, imóvel como uma estátua. Alto, ombros largos, cabelos negros penteados para trás com precisão militar. Seus olhos do mesmo tom acinzentado do céu de Brathmor a analisaram da cabeça aos pés com a frieza de quem avalia gado no mercado.

- É ela? Está gorda, além do padrão— sua voz era grave, cortante.

-Sim, Lorde Brathmor, Esta é Raia

a Madre Superiora praticamente se curvou.

Lorde? Raia sentiu o chão desaparecer sob seus pés.

- Cabelo loiro, olhos violeta, marca de nascença no pulso direito, Deixada aqui há dezessete anos com apenas um nome e um pagamento adiantado.

O sangue de Raia gelou. Ninguém nunca havia mencionado um pagamento. Ela sempre acreditara que fora simplesmente... abandonada. Deixada na soleira da porta como um pacote indesejado.

-Eu não entendo sua voz saiu mais fraca do que pretendia. Quem é o senhor?

Os olhos cinzentos se fixaram nela, e pela primeira vez, algo como emoção cruzou o rosto do homem. Não era afeto. Era posse.

-Seu pai.

O mundo girou.

-Mentira Meus pais me abandonaram. Eles..

-Sua mãe morreu no parto. Eu a coloquei aqui porque tinha... outros compromissos. Mas agora você atingiu a idade necessária. Está na hora de cumprir seu propósito, afinal você tem meu sangue.

Propósito. A palavra soou como uma sentença de morte.

- Eu tenho meus próprios planos Em três dias faço dezoito anos. Serei livre. O senhor não pode fazer nada.

- Livre? Você acha que por ter sido criada aqui está livre de suas obrigações de sangue? Que ingênua. Não sei quem colocou essas coisas na sua cabeça, mas é melhor cortar logo.

Ele acenou com a mão, e dois guardas entraram no refeitório. Homens grandes, armados, com a expressão de quem seguiria ordens sem questionar.

- Não, eu não quero ir

Raia recuou novamente, mas suas costas encontraram a parede

- Não! Madre Superiora, faça alguma coisa!

Mas a freira apenas desviou o olhar, as mãos entrelaçadas em falsa oração.

- Que Deus tenha misericórdia de sua alma, criança. Mas o seu destino é seu sangue.

Os guardas a agarraram. Raia lutou, chutou, arranhou, gritou até a garganta arder mas foi inútil. Eles a arrastaram para fora do orfanato como um animal rebelde.

A última coisa que viu antes de ser jogada dentro de uma carruagem fechada foi a Madre Superiora fechando as portas, cortando qualquer visão do único lar que Raia jamais conhecera.

A viagem durou dois dias.

Raia não tinha certeza porque perdeu a noção do tempo dentro da carruagem escura. Davam-lhe água e pão duro em intervalos irregulares. Lorde Brathmor "seu pai", que pensamento amargo

viajava em outra carruagem. Ela estava sozinha com seus pensamentos, seu pânico, e uma raiva que crescia como brasas atiçadas.

Ele não tinha o direito Ninguém tinha. Ela sonhou a tanto tempo com a liberdade que foi tirada tão rapidamente.

Ela havia sonhado tanto com liberdade, e agora estava sendo levada como gado para... para quê? Ele havia dito "propósito". Havia dito "idade necessária". As palavras ecoavam em sua mente como sinos fúnebres.

Quando a carruagem finalmente parou, Raia estava entorpecida demais para reagir. As portas se abriram, e a luz do sol poente a cegou momentaneamente.

Mas não era o sol que tornava o ar sufocante.

Era o calor.

Raia piscou, ajustando a visão, e seu coração afundou.

Eles estavam ao pé de uma montanha não, uma cadeia de montanhas que se erguia como dentes irregulares contra o céu alaranjado. Fumaça subia de fissuras nas rochas. O chão sob seus pés irradiava calor mesmo através das botas finas.

As Montanhas Flamejantes.

- Não

Raia tinha lido livros e ouvido história sobre a montanha.

Todo mundo em Brathmor conhecia as histórias. As Montanhas Flamejantes eram território proibido. Lar do dragão. E a cada vinte anos...

- O tributo Você me trouxe para o tributo.

Lorde Brathmor desceu de sua carruagem, alisando as dobras do casaco como se estivessem em um passeio casual.

- Você deveria se sentir honrada. Poucas têm o privilégio de garantir a paz de um reino inteiro. Você é minha filha, é meu dever como pai de toda Brathmor proteger o povo.

-Privilégio? Você está me enviando para morrer!

- Todos morremos eventualmente. Pelo menos sua morte terá significado. Você protegerá o seu povo, histórias serão contadas sobre você, como você foi valente para proteger o reino.

A frieza naquelas palavras quebrou algo dentro de Raia. Não era dor era clareza.

Ele nunca a quis. Ele nunca voltaria por ela. Ela sempre foi descartável. Um pagamento. Moeda de troca.

E se ele já a considerava morta...

- Você só me fez e me jogou naquele orfanato com esse propósito?

-Levem-na

Os guardas a agarraram novamente, mas dessa vez Raia não lutou. Sua mente trabalhava em velocidade febril. Eles a arrastaram por um caminho de pedras quentes, subindo em direção a uma enorme fenda na montanha uma caverna cuja entrada parecia uma boca aberta pronta para engolir.

Correntes de prata foram presas em seus pulsos.

- Tradição O dragão... ele prefere assim.

- Você sabe que está fazendo uma garota ser morta por puro capricho?

- Não é Capricho, é um dever.

- E porque eu estou no meio disso? Não tenho nada haver com isso, escolha algum que queira morrer.

- É seu devir como uma lady Brathmor

- Que os Brathmor se lasquem.

Como se monstros tivessem preferências. Como se isso importasse.

Eles a deixaram ali, acorrentada a uma pedra negra e polida pelo calor, e recuaram rapidamente. Nem mesmo olharam para trás.

Raia ficou sozinha na entrada da caverna, o sol mergulhando no horizonte, pintando tudo em tons de sangue e fogo.

Silêncio.

E então, de dentro das profundezas da montanha, um rugido.

Grave. Ancestral. Um som que fazia os ossos vibrarem e o instinto gritar para correr.

Mas Raia não podia correr. Não ainda.

Ela puxou as correntes, testando. Prata mas velha, desgastada pelo tempo e pelo calor. Se ela fosse esperta, se esperasse o momento certo...

Outro rugido, mais próximo agora.

O coração de Raia martelava contra as costelas. Passos pesados ecoaram dentro da caverna. Não eram passos humanos.

E então ela o viu.

Sombra e chamas. Escamas que refletiam a luz do crepúsculo como metal fundido. Olhos enormes, dourados, fendidos como os de um réptil que brilhavam na escuridão da caverna.

O dragão emergiu lentamente, sua forma tão imensa que bloqueava completamente a entrada da caverna. Asas dobradas contra o corpo maciço. Garras que arranhavam a pedra e deixavam marcas como sulcos profundos.

Ele a observou.

E Raia, apesar do terror que ameaçava paralisá-la, o encarou de volta.

"Se você vai me matar", pensou ela, apertando os punhos até as unhas cravarem nas palmas, "faça rápido."

Raia esperou o momento, mas nada aconteceu.

Mas o dragão não avançou.

Ele inclinou a cabeça enorme, as narinas dilatando como se... a cheirasse? Os olhos dourados se estreitaram, estudando-a com uma intensidade que parecia quase... humana.

E então, para seu absoluto choque, ele recuou.

Virou-se, as garras raspando a pedra, e desapareceu de volta nas profundezas da caverna.

Raia ficou congelada, o coração ainda disparado, esperando algum truque, alguma armadilha.

Mas o dragão não voltou.

Lentamente, sem acreditar em sua sorte, Raia voltou a puxar as correntes. A prata cedeu com um estalo satisfatório. Ela estava livre.

Livre.

E se seu pai a mandara aqui para morrer, então aos olhos dele, ela já estava morta.

Perfeito.

Raia olhou para trás uma última vez para as Montanhas Flamejantes, para a caverna escura, para as correntes quebradas e então virou-se para a trilha que descia.

Ela não pertencia a ninguém. Não ao pai que a abandonara. Não ao dragão que supostamente deveria matá-la. Não a Brathmor.

Ela seria livre. De verdade.

Mesmo que precisasse fugir do inferno para conseguir.

O que Raia não viu, enquanto descia apressada pela trilha irregular, foi a figura que emergiu da caverna minutos depois.

Não era o dragão.

Era um homem alto, de ombros largos, cabelos negros como a noite e olhos de um dourado impossível.

Kael observou a garota fugir montanha abaixo, uma mão pressionada contra o peito onde uma dor surda e insistente havia começado a pulsar.

-Idiota, Idiota teimosa.

Mas ele não a seguiu.

Não ainda.

Ela voltaria. Eventualmente.

O vínculo garantiria isso.

Mesmo que ela ainda não soubesse que existia.

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