Quando Natalia informa o seu namorado, Benny, que ela está grávida e eles vão ter um filho, ele desaparece da face da terra. No entanto, Natalia, que não está passando por um bom momento econômico, está embarcando em uma busca para fazer com que agora o seu ex-namorado cumpra as suas obrigações como pai. O que ela não esperava, era saber que Benny não era realmente pobre como ele dizia. Benny, na verdade, era um herdeiro milionário que tinha saído numa viagem por meses. Então, quando o pai de seu ex-namorado promete cuidar dos dois enquanto o seu filho não aparece, as linhas são turvas e Natalia começa a se apaixonar pelo pai do seu ex-namorado e avô do seu filho.
Ler maisNATALIA
Quando entrei na ESCOLA DE BALÉ AMERICANO, as minhas pernas tremiam. Passei a mão pelos cabelos, certificando-me de que nenhum fio estivesse fora do lugar. Limpei o suor que se formava nas palmas das mãos sobre o tecido do meu collant preto.
Enquanto eu subia as escadas, Allison, a minha melhor amiga, gritou comigo do segundo andar e, em seguida, desceu graciosamente os degraus da mesma maneira, até mim. Ela pousou ao meu lado e entrelaçou o braço no meu.
— Como você está? Ela perguntou com um entusiasmo forçado. — Nervosa?
— É, e se algo der errado? Sussurrei para que as minhas outras colegas, que estavam subindo ou descendo, não me ouvissem.
— Nada vai dar errado! Allison praticamente gritou, e revirei os olhos enquanto um sorriso se espalhava pelo meu rosto. — Essa estrela é sua! Ela me abraçou pelos ombros. Como sempre, ela não percebeu, mas muitos olhares estavam voltados para nós.
— Shhh. Pedi que ela ficasse quieta, mas ela não se importou.
— Eu adoraria vê-las morrer de inveja! Ela continuou. — Eu já vejo os pôsteres... Natalia Brown como "A Bela Adormecida". Suas mãos se moveram no topo da cabeça, simulando a pose do pôster.
— Vamos lá, não se gabe, isso vai me dar azar!
Mas, ela não me ouviu.
— E Allison Smith como a árvore número cinco. Eu ri dela, e então Allison caiu na gargalhada também.
— Sério. Eu disse a ela enquanto subíamos o último degrau e nos dirigíamos ao salão de baile. — Não consegui dormir a noite toda. Eu também não deixei o Benny dormir. Sussurrei. — Estou muito nervosa. Levei o polegar à boca e mordi o canto da unha.
— Todos sabemos o quanto você se esforçou para conseguir esse papel principal. Ela me fez abaixar a mão para não estragar as unhas. — Você foi aplaudida de pé em 'O Quebra-Nozes', e não era a protagonista, então não precisa se preocupar. Vamos pensar em onde vamos comemorar.
Eu não conseguia pensar nisso, não agora. Na verdade, a minha cabeça girava na mesma coisa repetidamente. O ápice do trabalho intenso que fiz na academia por anos.
O meu pai, de quem eu sentia muita falta, sacrificou o seu dinheiro e uma vida melhor para pagar as minhas aulas de balé desde muito jovem.
A escola e os meus estudos nunca foram a minha prioridade, então o meu pai usava a dança como incentivo, e foi por isso que eu tirava as melhores notas. Terminei o ensino médio quando o meu pai percebeu que o meu sonho não era ir para a faculdade. Ele me deu total apoio para que eu pudesse me mudar para Nova York quando consegui uma bolsa de estudos para a melhor academia de dança dos Estados Unidos.
O meu pai ainda me ajudava com um dinheirinho, para que eu não perdesse o foco no que era mais importante: dançar.
E saber que muito em breve eu o recompensaria por tudo o que ele havia feito por mim me deu vontade de chorar.
A minha certificação havia terminado e agora, depois de tanto esforço, Eu ganharia o meu primeiro grande salário na indústria. Poucas pessoas tiveram tanta sorte quanto eu, ou até mais, neste setor rigoroso. Poucas pessoas colheram os frutos de seus esforços.
Eu realizaria o meu sonho: teria o meu papel principal no Lincoln Center e, se tudo desse certo com o espetáculo, assinaria um contrato com o NYCB (New York City Ballet).
O sonho estava apenas começando.
Quando entramos na sala de aula, metade dos meus colegas já estava esperando. Alguns se alongavam na barra, outros aperfeiçoavam as suas poses em frente ao espelho, outros se ajudavam com flexões no chão, enquanto os preguiçosos sentavam-se de pernas cruzadas no chão.
Os demais alunos entraram aos poucos, até que um silêncio mortal tomou conta da sala, e imediatamente nos levantamos. Gerald Thompson, o nosso diretor da peça, havia feito a sua entrada.
— Sentem-se. Ele fez um gesto para que todos se sentassem ao seu redor e sentou-se na cadeira no meio da sala. Os meus olhos imediatamente se voltaram para o colo dele, onde uma pasta de couro continha o que todos queríamos saber: os papéis que cada um interpretaria. Eu estava tão nervosa que o meu coração batia rápido demais. Segurei a mão de Allison com força, e ela me tranquilizou colocando a dela sobre a minha. — Isso vai ser rápido, então, por favor, fiquem quietos.
— Quem interpreta Aurora. Ele fez uma pausa, colocou os óculos e abriu a pasta. — É Allison Smith.
O meu peito apertou, balancei a cabeça e olhei para minha amiga, me perguntando se aquilo era algum tipo de piada, mas ninguém estava rindo, e ela parecia tão consternada quanto eu.
Ninguém podia refutar ou interromper Gerald, então não disse nada. Ninguém disse. Apenas notei que todos me olhavam, alguns com meio sorriso, outros com pena. Mas o fato, é que nos duas estavamos nos sentindo péssimas.
— Não sei o que aconteceu, mas você ainda pode conseguir o papel de bruxa ou fada madrinha. Allison me incentivou em meu ouvido enquanto eu aplaudia a sua conquista, assim como todos os meus outros colegas.
Allison não comemorou, não disse nada. Ela era a minha melhor amiga.
— Erick Ellington, como Príncipe Philip. Houve parabéns, aplausos mais altos, tapinhas nas costas.
Todos esperávamos que Erick conseguisse o papel principal, e foi o que aconteceu.
Então, o que diabos aconteceu comigo?
O meu coração afundou quando o papel de antagonista foi dado a outra colega. A minha visão ficava mais turva à medida que a lista avançava, e o meu nome não foi mencionado nenhuma vez.
Contive as lágrimas o máximo que pude. A lista terminou e Gerald se levantou.
— Espero vocês amanhã para começar os ensaios às dez da manhã. Quem não estiver aqui cinco minutos antes está fora.
Todos nos levantamos e começamos a nos parabenizar antes que o nosso diretor fosse embora. Allison aceitou cordialmente todos os parabéns, mas a sua mão não deixou a minha por um segundo.
Gerald estava na metade do caminho quando se virou e me olhou com um olhar profundo e intenso de aborrecimento.
— Você tem muita coragem de aparecer, hein... Ele disse, fazendo com que todos prestassem atenção, em nos dois.
— Não sei do que o senhor está falando. Hesitei, e era verdade.
Na verdade, eu estava esperando que ele saísse da sala de aula para poder correr atrás dele e não exigir explicações, mas sim implorar ou até me ajoelhar para receber o papel da maldita árvore número cinco.
— Você achou que não notaríamos o seu estado? Franzi as sobrancelhas ao ouvir isso. Ele se inclinou para mais perto de mim, e o medo me dominou, me deixando um pouco instável.
— Que estado? Perguntei. — Eu não bebo, não uso drogas, não sei do que o senhor está falando. Lágrimas escorriam pelo meu rosto sem a minha permissão. — Se precisar, farei os testes de novo. Não fiz nada de errado. Assegurei-lhe, com a voz trêmula.
— Se você fizer os testes de novo, não vai haver gravidez? Abri os olhos e ouvi todos suspirarem em uníssono atrás de mim. — O bebê vai desaparecer magicamente?
— Bebê? Sussurrei. — Eu não...
A minha cabeça girou e precisei fechar os olhos. Segurei Allison, e outra pessoa agarrou o meu braço oposto.
— Você ainda vai negar? Gerald soltou uma risada irônica. — Olha o estado do seu corpo. Ele estava apontando para mim quando abri os olhos. — Eu ia falar com você. Você engordou dois quilos nas últimas semanas, mas que choque descobrir que tinha um bebê na sua barriga.
— Eu não... Tentei explicar.
— Você queria ver a cara de todo mundo na academia, droga! Ele gritou, me fazendo chorar ainda mais.
— Eu não sabia! Gritei, hesitante.
— Bem, não há mais nada a fazer. Se você ainda quer isso, e pelo menos um papel extra ou coadjuvante, resolva isso e volte para a próxima.
Sem dizer mais nada, ele se virou e caminhou em direção à porta com passos pesados e cheios de raiva. Fechei os olhos com força quando a sua mão bateu na parede. Assim que ele desapareceu, desabei.
Caí no chão, Allison comigo, e ela me abraçou. Ela me abraçou com força. Agarrei-me aos seus braços, encharcando o seu collant preto com as minhas lágrimas enquanto sentia o abraço dos meus colegas, o conforto que eles tentavam me dar.
Mas nenhum abraço, nenhuma palavra, absolutamente nada poderia me aliviar naquele momento.
A minha vida estava arruinada.
NATALIAO desconforto, a tensão, eram insuportáveis. Carter continuou me evitando desde aquela noite. Pior, ele nem conseguia olhar para mim.No entanto, naquela noite, definitivamente precisávamos conversar.— Natalia Brown? Levantei a mão para a dona do pequeno estúdio de balé. — Você está pronta? Ela perguntou.— Claro. Preparei-me agarrando a barra, fiz um pequeno sinal e a música imediatamente inundou o ambiente e minhas veias.Comecei com os movimentos básicos enquanto "Wart up at the barre" tocava, terminei depois de dois minutos e sorri com a mudança drástica na melodia, enquanto a instrumental "Let it go", de Frozen, preenchia o meu corpo com movimentos mais rápidos e alegres.Após a minha rotina de cinco minutos, ouvi algumas palmas, todas vindas da mulher parada à minha frente com a sua partitura debaixo do braço.— Você é incrível! Lancei-lhe um olhar e uma expressão agradecida, abaixando o rosto.— Muito obrigada. Voltei para perto dela, que me pediu para sentar.— Por qu
Foram três dias estranhos. Carter saiu de casa mais cedo do que de costume, chegando uma hora prudentemente depois do jantar, então eu jantava com uma novela turca a tiracolo. Essas histórias trágicas pareciam ser minha última companhia nos últimos dias, pois Carter chegava, se trancava no quarto e não havia interação.Ele estava me evitando. Isso parecia uma denúncia clara, então eu estava pronta para procurar outro apartamento. Eu não queria voltar para o antigo e ver o meu filho crescer entre criminosos.Talvez ele estivesse farto das minhas mudanças de humor, do meu choro sem fim, ou talvez do fato de eu ter mudado a sala de estar dele, talvez isso o irritava mais do que ele demonstrava.Eu não tinha economizado muito, mas ia dar um jeito.— Ouvi dizer que você está procurando um quarto. Daiana, uma colega cozinheira, sentou-se ao meu lado na sala de espera. — Eu tenho um quarto. A minha colega de quarto largou a faculdade e também me deixou com o aluguel, então preciso de colocar
CARTER: Não me espere acordada, vou me atrasar. Deixe as luzes do seu quarto acesas e me mande uma mensagem se precisar.NATALIE: Tudo bem, mas se um monstro aparecer debaixo da minha cama e eu morrer de ataque cardíaco, você vai morrer com a culpa.Eu ri quando li isso, escondi uma tosse falsa e digitei às cegas para que Ali não pensasse que eu a estava ignorando.CARTER: Se você não agir como uma menininha e for corajosa, eu levo morangos com pasta de avelã.Ela respondeu com um monte de emojis sorridentes, e eu voltei ao meu trabalho.— Uma menina, hein? Perguntou Ali.Eu ia responder, dizendo para ela não pensar mal, que ela era namorada do meu filho, mas isso soou horrível, mesmo só na minha cabeça.— Algo assim. Foi tudo o que consegui dizer.Era quase meia-noite e o acordo não tinha se concretizado. Eu já estava desesperado para terminar a reunião e respirei aliviado quando todos os papéis foram assinados e o contrato finalizado.— Espero que a sua namorada não esteja com ciúme
— Nossa, que cheiro bom. Eu disse quando cheguei à sala de jantar, onde tudo estava pronto e servido.— É a primeira de três receitas que eu conheço, e não queima, então não se anime muito. Aliás, acho que fiz alguma coisa com a Thermomix. Ela roeu a unha enquanto se sentava.— Bem, pelo menos alguém usou. Se precisar, compro uma nova amanhã.O jantar transcorria em silêncio quando, para variar, Natalia o quebrou.— Você teve notícias do Benny? Ela me perguntou muito séria. Balancei a cabeça.— Não, meu detetive não conseguiu encontrá-lo. Desculpe, Natalia.— Que bom para você, mais um dia você ainda é pai, porque quando eu o vir, vou matá-lo. Ela declarou, irritada, mas sem nenhuma ameaça real.Natalia não conseguia matar nem um mosquito. Ela preferia levá-los para o jardim a machucá-los.— Compreensível. Foi tudo o que respondi, e recebi um sorriso sincero.— Por que o Benny não te ama? Ela perguntou. — Por que ele te rejeita? Você não parece um pai ruim. Você tem sido muito gentil
CARTERNick estava olhando para o tablet, finalizando um compromisso importante, e naquele momento olhou para cima enquanto eu o encarava.— Há algo errado? Ele perguntou, parando de digitar.— Você acha que pareço velho? Perguntei, mas me arrependi imediatamente.Nicholas olhou para mim, piscou algumas vezes, abriu a boca, fechou-a e finalmente caiu na gargalhada.— De onde diabos surgiu isso? Ele perguntou, mas eu o ignorei, levantando-me e apoiando as mãos na cintura, por baixo do casaco.— Você sabe que eu tenho cabelos grisalhos hereditários, certo? Nick simplesmente levantou as mãos, completamente alheio ao meu ponto. — Tenho 38 anos e talvez eu tenha mais cabelos grisalhos do que o normal, mas a culpa é do meu pai!— Carter...— As mulheres dizem que isso me deixa atraente. Eu uso aquele xampu roxo horrível para deixá-las prateados.— Alguma mulher já te rejeitou por causa dos seus cabelos grisalhos? Ele balançou a cabeça. — Você está reprovando...?— Eu duro mais que três minu
Carter abriu a porta do passageiro e, ao se virar, olhou para nós duas. Os seus olhos se voltaram de Pepper para mim.— Eu vou atrás. Ressaltei e puxei a maçaneta, e ele não se moveu. Carter olhou para mim, suspirou aliviado, mas quando notou a expressão triunfante de Pepper, pareceu irritado. Quase rosnou para a mulher.Por que diabos sentar na frente parece uma vitória?— Você vai na frente. Carter envolveu o meu pulso com a mão e eu ofeguei ao sentir a corrente elétrica percorrer a minha corrente sanguínea. Um olhar de Carter confirmou que ele também sentiu, mas ele rapidamente ignorou e me puxou para perto dele, bloqueando o caminho de Pepper.— O quê? Ela perguntou parecendo bastante ofendida.— Natalia está grávida. Ela tem preferência na frente. Ela tem que manter os braços estendidos.O meu nariz se enrugou ao ouvir isso. Eu não fazia ideia de como era uma gravidez, mas também não sabia que braços eram tão importantes. Mesmo assim, dei de ombros. Carter era mais velho, tinha v
Último capítulo