Os dias seguintes estabeleceram uma rotina frágil.
Raia saía do quarto mais frequentemente agora, mas sempre em momentos calculados. Quando sabia que Kael estava treinando no pátio. Ou quando ele desaparecia em alguma parte distante da fortaleza. Ela cronometrava suas saídas como operação militar, garantindo o mínimo de contato possível.
O medo não desaparecera. Se algo, crescera porque agora ela sabia exatamente o que ele era. Não apenas um homem perigoso, mas uma criatura. Algo além da compreensão humana.
Ela tentara. Realmente tentara sentar na mesma sala que ele. Mas todas as vezes, seu corpo travava. Mãos suando. Coração disparado. Aquela voz primitiva no fundo de sua mente gritando: "perigo, fuja, sobreviva".
Então ela fugira para o único refúgio que restava.
A biblioteca.
Era um dos poucos lugares onde Kael não ia. Talvez por respeito ao espaço dela. Talvez porque sabia que ela precisava de distância. Seja qual fosse o motivo, Raia se enterrava entre as estantes empoeiradas, p